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“Com um pequeno déficit a ser resolvido após o processamento do bruto, o prêmio do branco pode encontrar apoio no curto/médio prazo. Além disso, o conflito em andamento no Mar Vermelho contribuiu para os ganhos recentes. O comércio internacional com o leste da África e o leste da Ásia enfrenta interrupções e aumentos de custos”, explica Lívea Coda, analista de açúcar e etanol da hEDGEpoint Global Markets, companhia especializada em commodities.
E prossegue: “Uma coisa que as qualidades têm em comum é que ambas estão caminhando em corda bamba. Elas estão basicamente em um mercado equilibrado, especialmente se forem adicionadas. Prevê-se que o fluxo comercial global total e o balanço entre oferta e demanda estejam com um pequeno superávit, o que significa que qualquer distúrbio poderia disparar os preços e os agentes especulativos. Um aumento de 1,5 milhão de toneladas na demanda de qualquer país poderia compensar o conforto atual, ao passo que produtividades maiores do que o esperado em qualquer produtor poderiam levar a um acúmulo. Nesse contexto, surgem duas perguntas: para onde estamos indo hoje e o que devemos monitorar?”.
“É claro que os preços continuam historicamente altos, mas com o ótimo resultado do Brasil até agora e a possibilidade de outra grande safra em 24/25, juntamente com alguma recuperação da produtividade em Maharashtra e Karnataka, o mercado pode ficar confortável por um tempo”, diz a analista.
É claro que a anunciada melhora na produtividade em alguns estados da Índia não garante uma safra comparável à dos anos anteriores, ainda contando com nenhuma exportação. Isso apenas sugere que a situação pode não ser tão extrema quanto inicialmente retratada.
Os resultados ruins do Hemisfério Norte já estão incluídos no pequeno excedente, mas o monitoramento de sua magnitude ainda é crucial. Por exemplo, a produção de açúcar na Índia entre outubro e dezembro atingiu 11,2 MT, 7,2% menor em comparação com a temporada 22/23. Na Tailândia, a diferença é maior, atingindo uma variação de -33% até 23 de dezembro.
Além dos conflitos geopolíticos que afetam a cadeia de suprimentos global e o andamento da safra do Hemisfério Norte, há outros fatores que merecem atenção especial. As ações dos bancos centrais em sua batalha contínua contra a inflação e os padrões climáticos imprevisíveis estão entre essas considerações.
“Quanto ao clima, discutimos os impactos da recente seca no Centro Sul em nosso relatório anterior e as implicações que ela teve e ainda pode ter sobre a disponibilidade de açúcar da região. Neste relatório, gostaríamos de destacar um risco ainda sutil: o retorno do La Niña. Os modelos de previsão ENSO começaram a indicar uma possível mudança direta de El Niño para La Niña este ano”, aponta Lívea.
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Segundo a analista, “se estiver ativo entre junho e agosto, e não for tão intenso, o La Niña pode ser positivo para aumentar o teor de sacarose no Centro Sul. Além disso, induz a uma maior precipitação na Índia e na América Central, possivelmente impulsionando o desenvolvimento da cana 24/25. No entanto, se for extremamente intenso, poderá aumentar os problemas com geadas no Centro Sul e inundações no Hemisfério Norte”, conclui.