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Ele é o fundador da Agro.Club, uma plataforma global online de análise, compra e venda de commodities que se instalou no Brasil há um ano e meio. Em 2023, a receita da empresa superou os US$ 200 milhões (dados ainda por fechar), o que significa valores acima de R$ 1 bilhão. Com sede em São Paulo e filiais em Rondonópolis (MT) e Londrina (PR), o Brasil é o país responsável pela maior parte do faturamento. Entre janeiro e outubro do ano passado, a receita foi de R$ 400 milhões.
“O Brasil é um dos maiores mercados de grãos do mundo. É estratégico estar aqui e essa sempre foi a minha ideia de expansão do negócio”, diz ele, que nos EUA também é membro do grupo Forbes Business Council, uma organização em que participam apenas convidados, entre proprietários, fundadores de empresas e líderes executivos que são experts em liderança, gestão, envolvimento do cliente, tecnologia e crescimento.
Dos EUA, para onde tem grão no mundo
A Agro Club é uma plataforma que, embora tenha sede em Nova York, não atuava nos EUA. As operações no país sede começaram timidamente em meados de 2023 e devem se intensificar neste ano, a partir de um escritório já instalado no estado do Kansas. “Já temos seis pessoas trabalhando e começamos as primeiras operações. É importante estar em casa, até porque os Estados Unidos são um grande produtor de grãos”, diz Kirin. “Pelo potencial do país, a minha expectativa é que daqui três ou quatros anos os negócios nos EUA estejam no mesmo patamar, em lucros, que no Brasil”. Na soja, uma das principais commodities do mercado global, a estimativa para a safra 2023/24 é de 160,1 milhões de toneladas colhidas no Brasil e de 111,7 milhões de toneladas nos EUA. De milho, o Brasil deve colher 118,5 milhões de toneladas e os EUA, 386,9 milhões de toneladas.
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A história da construção do negócio de Kirin no agro, conta ele, começou por acaso. Ele se formou na Universidade de Pittsburgh, em 2007, e em 2009 terminou um MBA na Universidade de Saint Louis, mesmo ano em que se tornou analista financeiro na Monsanto, vendida para a Bayer em 2016 por US$ 63 bilhões.
Kirin diz que seu desejo era empreender e apostar no negócio próprio, daí a ideia de fazer carreira solo. “Minha família não é do agronegócio, mas sempre foram empreendedores, então eu já tinha isso no meu DNA. Escolher abrir a própria empresa era um caminho muito natural para mim”, afirma. “A ideia sempre foi ter algo simples, em que o produtor rural pudesse visualizar o processo e o valor da operação de forma instantânea”.
Mas como “ter ideias é fácil, executá-las é que o difícil” foram dois anos de estudos sobre o mercado global de grãos para tirar o projeto do papel. Assim, aos 31 anos, ele criou a Agro.Club,com a primeira unidade justamente na Rússia. Atualmente, em todo o mundo, a plataforma possui 45 mil produtores cadastrados. “A tecnologia foi essencial para transformar o meu negócio. Muitos acham que temos uma plataforma mágica, mas na verdade é simples”, diz Kirin. “Baseamos o serviço em duas etapas. A primeira delas é identificar o valor de mercado, considerando preço da bolsa e outros fatores e com isso ver todas as possibilidades para aquela transação. A segunda parte é decidir a melhor forma de realizar aquele negócio. Fazemos todo o trâmite, desde o início da operação, resolvemos a logística, até chegar no processo final com a commodity em seu destino”.
Kirin conta que não teve investidores no início de sua empreitada, dizendo que “todo o valor para abrir o negócio veio das minhas economias durante minha carreira de executivo”. Mas hoje é diferente. Estão no conselho e apoiam a expansão global da Agro.Club nomes como o Elevator Ventures, parte integrante da estratégia de inovação Raiffeisen Bank International, com sede em Viena, na Áustria; a Speedinvest, aceleradora que reúne cerca de 500 investidores e cerca de 40 gestores de investimentos; a Rabo Frontier Ventures, fundo de investimento com 275 milhões de euros para negócios globais, e a VentureFriends, que nasceu na Grécia que depois se expandiu para investimentos mundiais em startups, entre elas food techs, marketplaces e consumer tech.
“Quando o Egor me chamou conversamos por um bom tempo e decidi aceitar o desafio porque a Agro.Club me permitiria implantar o que eu sempre desejei que era inserir tecnologia na comercialização de grãos”, diz Salles. “O maior desafio no início foi encontrar o coração da equipe. Selecionar pessoas capacitadas, mas que acreditassem no projeto, que compartilhassem a ideia de criar soluções através da tecnologia”, diz Kirin. E completa: “a expectativa de crescimento continua. Isso se deve ao potencial agrícola brasileiro, à mente aberta dos agricultores em adotar novas tecnologias e, especialmente, à equipe liderada pelo Pedro. Os agricultores têm que se preocupar com o campo e nós cuidamos do resto.”