Galvani foi listado como um talento do agro na mais recente lista Forbes Under30, um projeto que nasceu para mostrar jovens empreendedores em 15 áreas de atividade, como economia, entretenimento, Influenciadores & Gamers, finanças, marketing & publicidade, entre outros. A categoria agro foi criada na edição de 2023, anunciada em dezembro.
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No ano passado, a Arara Seed captou R$ 2,3 milhões — a meta era R$ 4,5 milhões — por meio de crowdfunding com 90 investidores. Os recursos foram aplicados em três agtechs. Desde sua criação, a Arara Seed avaliou 220 agtechs e gerou, além do equity público, R$ 10,2 milhões com um aporte fora das rodadas coletivas. “Quem originou a (captação) privada foi o próprio crowdfunding. Investidores vieram a nós e acabamos entendendo que fazia mais sentido uma rodada privada pelo tamanho do cheque”, conta Galvani.
Quais são os planos de investimento da Arara Seed? A gente está muito animado neste ano. Agora, em fevereiro, vamos lançar a rodada de uma startup de carbono e vai ser bem legal. Tem tudo a ver com o que a gente acredita. Ela é uma greentech, ou melhor, uma climate tech. Para 2024, nossa pretensão é pelo menos dobrar o volume de captação do que foi o ano passado. Chegar a algo próximo de R$ 6 milhões e investir pelo menos em mais cinco negócios. Com as boas perspectivas de uma taxa de juros prevista a 9% no final do ano, isso vai deixar um pouco mais atrativo os investimentos alternativos.
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Onde imagina que seu negócio estará daqui a cinco anos? Estou muito otimista e feliz com o nosso caminho. Imagino que estaremos próximos da meta de R$ 200 milhões e nos posicionando como o principal crowdfunding do agro no Brasil, com a regulação da CVM avançando bastante, principalmente no quesito de liquidez para o investidor, que hoje é um desafio desse mercado. A CVM faz um trabalho incansável no mercado de capitais, particularmente no corner fund.
Recomendaria um livro de cabeceira para empreendedores? Com certeza “The hard things about the hard things”, que traduzido se chama “O lado difícil das situações difíceis” (escrito por Ben Horowitz, um dos empreendedores mais respeitados e experientes do Vale do Silício).
Pode contar um pouco de sua trajetória? Sou de Morro Agudo, cidade do interior de São Paulo, de 30 mil habitantes. Com 17 anos fui fazer intercâmbio em Lincoln, Nebraska, nos Estados Unidos. Fiz o colegial, voltei e mudei para Ribeirão Preto com o objetivo de encontrar melhores oportunidades.
Em 2013, ingressei no programa de treino do Grupo BLB Brasil, uma firma de auditoria e consultoria. Eu só atendia clientes do agro, desde usinas de açúcar e álcool, agropecuária, pequenos e médios produtores, revendas agrícolas. Em 2018, fui fazer outro intercâmbio de cerca de três meses na Califórnia, dessa vez em San Diego.
O que é empreender na sua visão? Resiliência, e diria muito tapa na cara, muita vontade de fazer acontecer. E no dia a dia, também a execução vai contar muito mais que os planejamentos.
Quais conselhos daria para um jovem decidido a seguir seus passos? A principal recomendação seria a resiliência mesmo. Deve-se estar muito disposto a ouvir ‘não’, porque muita gente acha que o empreendedor vai ganhar dinheiro logo de cara. No final das contas, ele é o último a sair do negócio, é o último a receber alguma grana que entra, principalmente quando se escolhe empreender num mercado de tecnologia, como é o nosso caso.
Quais são as três atitudes de um jovem empreendedor para obter sucesso? Estar antenado com o mercado, muito networking e não esquecer a nossa saúde física e mental.
Qual é o seu principal desafio no trabalho nos dias atuais? Justamente, conciliar a saúde física e mental, com a atenção que a gente tem de dar ao time (atualmente são oito pessoas), e aos negócios. É um desafio conciliar tempo e agenda.
Quando começou lá atrás, qual foi o maior deles? Sair da condição de CLT (carteira de trabalho) para empreender. A gente não sabe um terço do que é gestão. É a transição de trabalhar para alguém e agora trabalhar em um projeto próprio.
Como observa a evolução do mercado agrícola brasileiro? de modo geral e dentro do seu segmento? De um dos maiores importadores de alimentos do mundo para, agora, um dos maiores exportadores, o agro evoluiu muito no Brasil. Liderando na produção de carne, café, milho, soja, ali bem perto dos Estados Unidos, estamos bem posicionados. Estamos com a faca e o queijo na mão. Principalmente pela produtividade, pelas reservas de matas e a capacidade de preservar, porque isso tem muita relação também com o que se discute agora, que é o clima.
Qual nota daria para ESG no agro brasileiro, considerando o conjunto ambiente, social e governança? Daria nota 8 para o ESG do agro brasileiro. Porque o país é um dos pioneiros em adoção de biológicos na produção e um dos países que mais têm reservas no mundo. São cerca de 20% obrigatórios como reserva legal até 80%, e isso representa uma das políticas ambientais mais auto suficientes do mundo.
Por que eu não daria uma nota maior? Porque a agropecuária ainda tem muito a evoluir, principalmente com essas tecnologias, visto que se fala muito das emissões de gases de efeito estufa. Praticamente o país equalizou a quantidade de bovino versus habitantes. Acredito que ainda há uma evolução relevante para ser feira na agropecuária. Mas estamos no caminho certo.
Quais pautas considera prioritárias para o setor? Regulação do mercado de carbono. Precisamos de uma atenção maior para isso. Vejo que estamos caminhando para o mercado voluntário de carbono e acredito que isso é uma tendência a seguir. Também as regularizações do CAR (Cadastro Ambiental Rural). As notícias recentes são de que a regularização tem um percentual muito baixo. Estamos falando de uma casa decimal desses regularizados no Brasil. É uma atenção que a gente precisa ter.