Rockefeller, Builders e Schmidt, os bilionários que investem em agricultura regenerativa

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23 de março de 2024
Zoran Zeremski__Getty

Produtores interessados podem ter acesso a novo fundo nos EUA

A Fundação Rockefeller, criada em 1913 e com sede em Nova York, está entre os investidores que irão apoiar um novo fundo nos Estados Unidos, cujo objetivo é ajudar agricultores na transição para a agricultura regenerativa. Criado pelo banco Mad Capital, do Colorado, o Perennial Fund II fornecerá empréstimos sob medida aos produtores interessados. As linhas de crédito vão cobrir todas as demandas do modelo de produção, para que possam desenvolver novos mercados e diversificar seus empreendimentos.

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A agricultura orgânica regenerativa se destina à recuperação do solo e traz um olhar abrangente sobre o ecossistema de uma fazenda. Especializada nesse tipo de financiamento, a Mad Capital tem como meta levantar US$ 50 milhões (R$ 249 milhões, na cotação atual) para o fundo e já recebeu propostas de vários investidores que apoiam causas e projetos socioambientais, inclusive na produção de alimentos — como a Builders Vision, entidade filantrópica em Chicago, e a Schmidt Family Foundation, que fica na Califórnia, além da Rockefeller.

Brandon Welch, cofundador e executivo-chefe da Mad Capital, disse que a agricultura orgânica regenerativa é uma maneira de produzir alimentos que “trabalha com a natureza, não contra ela”. Para ele, o conceito também enfoca muito o sequestro de carbono, bem como a restauração da vida selvagem e da biodiversidade.

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“Nós nos concentramos em trabalhar com agricultores orgânicos regenerativos, porque eles têm o poder de resolver uma parte significativa dos problemas climáticos que todos nós estamos enfrentando”, afirmou o executivo. Mas ele acrescentou que apenas 1% das terras agrícolas nos EUA é de fato certificada como orgânica, em comparação a quase 10% na União Europeia.

Welch também contou que vem conversando com agricultores há vários anos sobre os maiores obstáculos e barreiras que os impedem de fazer a transição para métodos regenerativos. Dois dos maiores problemas, na sua visão, são a obtenção do conhecimento agronômico correto e o acesso a mercados que pagam um prêmio por produtos orgânicos.

Ele também coloca como obstáculo o acesso ao capital disponível no mercado. “Nos últimos anos, desenvolvemos veículos de financiamento para oferecer crédito de longo prazo para os agricultores orgânicos regenerativos ou que estão fazendo a transição para o orgânico regenerativo”, disse Welch. “O objetivo desse novo fundo é apoiar mais um grupo de agricultores líderes em seu propósito e, ao mesmo tempo, ser capaz de criar o argumento econômico de que essa classe de ativos emergentes é digna de mercados de capital mais amplos.”

A Mad Capital já investiu cerca de US$ 25 milhões (R$ 124,5 milhões) em 30 agricultores, o que ajudou na transição de cerca de 25,9 mil hectares de agricultura convencional para o cultivo de produtos regenerativos. Seu portfólio de terras vem crescendo 26% ao ano, totalizando 195,4 mil hectares. O Perennial Fund II aproximará a Mad Capital da sua meta, que é financiar 12,3 milhões de hectares de agricultura regenerativa até o final de 2032.

Sunit Shah, diretor de finanças inovadoras da Fundação Rockefeller, afirmou que o acesso a financiamento é um dos desafios para a adoção ou expansão das práticas regenerativas. “A Mad Capital está preenchendo uma lacuna no mercado de créditos flexíveis estruturados em torno de jornadas de transição que permitirão aos agricultores fazer mais e mais rápido”, afirmou.

De acordo com o executivo, a equipe da Mad Capital entende que mudanças precisam ser feitas o mais rapidamente possível, e que a empresa desenvolveu uma estratégia de fundo que pode ajudar nos avanços rumo à regeneração das terras agrícolas. “A equipe está motivada para ver a escala da plataforma, está focada em criar e sustentar esse impacto, e é única na sua capacidade de se conectar com os agricultores.”

*Jamie Hailstone é colaborador da Forbes EUA e escreve sobre sustentabilidade. Cobriu diversos assuntos nos últimos 20 anos, desde governo até séries de TV.