-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
A holding francesa com sede na avenida Montaigne, em Paris, fechou balanço no ano passado com faturamento 9% acima do registrado em 2022, adicionando à fortuna pessoal de Arnauld US$ 22,1 bilhões (R$ 111,1 bilhões), conforme noticiou a Forbes na semana passada. O montante garantiu que ele mantivesse a maior riqueza do mundo pelo segundo ano consecutivo, acima de Elon Musk, dono da Tesla, e Jeff Bezos, da Amazon. Os negócios do bilionário estão divididos em seis setores. Dois deles, o segmento de moda e bens de couro, e o segmento das bebidas, faturaram 48,7 bilhões de euros (R$ 265,4 bilhões), equivalente a 56,5% da receita.
Entre eles, o resultado de mais de mais de 1,7 mil lojas ao redor do mundo e 75 marcas, com roupas, acessórios e bolsas da Louis Vuitton, foi o segundo setor mais lucrativo entre todos. Moda e bens de couro cresceu 9% em 2023, com receita de 42,17 bilhões de euros (R$ 229,8 bilhões). “A Louis Vuitton teve um excelente ano”, declarou a empresa em janeiro, na apresentação dos resultados. O setor de bebidas faturou 6,6 bilhões de euros (R$ 35,9 bilhões), 4% a mais do que no ano anterior.
Leia também:
- Bilionários 2024: agro tem 18 brasileiros na lista dos super-ricos globais
- Bilionários 2024: quem são os 15 maiores da agroindústria global
- Bilionários 2024: número recorde no mundo e fortuna de R$ 71,7 trilhões
Outra tacada veio em 2011, quando a LVMH comprou a maioria das ações da Heng Long, curtume de Singapura que processa couro de crocodilo desde 1950, num investimento de US$ 160,8 milhões (R$ 804 milhões). É desse couro a bolsa mais cara, lançada em novembro do ano passado – a Millionaire Speedy –, aquela de US$ 1 milhão, cravejada de diamantes e que, feita sob encomenda, provocou rebuliço nas redes sociais. Parte dos couros são provenientes da captura legal de crocodilos selvagens no rio Nilo, no Egito, e outra parte vem de fazendas de criação no Vietnã, país que exporta cerca de 30 mil couros de crocodilo, por ano.
Outros negócios vieram por meio da Métiers d’Art, empresa criada em 2015 pela LVMH para as aquisições e participações no segmento. Entre as participações visando couro bovino de alta qualidade, em 2019 a empresa se tornou acionista minoritária do curtume italiano Masoni, de Florença. Em 2023, foi a vez do Nuti Ivo, sediado na Toscana e que exporta 85% da produção. Entre os fornecedores, também no ano passado a Métiers d’Art fez parceria com o Verdeveleno, tradicional curtume espanhol de Valência especializado em peles exóticas, como cobras píton e lagartos.
O império das uvas, vinhos, espumantes e champanhe
Arnault consagrou-se no vinho, espumantes e champagne não somente com um amplo portfólio de rótulos, produzido em 26 vinhedos (o mais antigo deles datado de 1365), mas também por produzir algumas das bebidas do mais alto padrão de qualidade no planeta.
O antigo vinhedo Clos de Lambrey, que ocupa 8,7 hectares na Côte de Nuit, na Borgonha, é a propriedade que melhor ilustra o poderio da holding francesa na viticultura.
A história do lugar remonta ao século 14 e, posteriormente, à Revolução Francesa iniciada em 1789, quando a lavoura tinha 74 donos. Em 1981, as bebidas da propriedade ganharam o título de Grand Cru, que se refere aos grandes vinhos produzidos na França. O Domaine des Lambrays foi comprado pela LVMH em 2014, e hoje produz um pinot noir, o Clos de Lambray, considerado um dos 100 melhores do mundo.
Arnault aposta na agricultura regenerativa
No agronegócio, Arnault não ficou de fora das tendências e principais desafios do setor em nível global. Em agricultura regenerativa, que hoje é uma das principais frentes de atuação ecológica da economia rural no mundo todo, a LVMH anunciou uma parceria estratégica com a CBA (Aliança de Bioeconomia Circular, na sigla em inglês), um network global de transição climática criado em 2020 pelo rei da Inglaterra, Charles III, durante a COP27, realizada em novembro de 2022 no Egito. O programa LIFE360 prevê a recuperação de cinco milhões de hectares de solo degradado até 2030.
Uma das iniciativas do programa apoiado pelo bilionário é resgatar o Lago Chade, localizado na África Subsaariana, próximo à Nigéria, que diminuiu 90% entre 1963 e 2001 e tende a desaparecer em 20 anos, em função da produção industrial de algodão com utilização intensiva da água. O Living Lab, um dos braços de atuação da CBA, com apoio da LVMH, comprometeu-se a apresentar os métodos de produção por meio da agricultura regenerativa para 500 produtores da região, que devem plantar árvores frutíferas ou madeireiras junto aos algodoais.
Vale citar que a África Ocidental compreende doze países produtores de algodão (Benim, Burkina Faso, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Costa do Marfim, Gana, Mali, Níger, Nigéria, Senegal e Togo) — destes, o maior produtor é o Mali, com 750 mil toneladas da fibra por ano, segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).