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Nas máquinas, as inovações passam pelo destino dos motores a combustão. A FPT Industrial, marca global de sistemas de propulsão do grupo italiano Iveco, que a partir do Brasil atende em cerca de 150 pontos na América Latina, fabrica motores para vários tipos de máquinas. No país, um em cada três tratores levam motores da marca.
“A tecnologia da combustão tem a meta da baixa emissão”, diz Marco Rangel presidente da empresa para a América Latina, que está deixando o cargo no país para atuar a partir da unidade italiana sediada em Torino, onde em 2022 foi inaugurada a fábrica denominada ePowertrain, dedicada à produção da gama elétrica da marca, que vai de eixos a motores integrados.
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“O mercado agrícola também pede pelos elétricos e as pesquisas vão nessa direção”, diz ele. Em busca da eficiência dos híbridos, a marca mantém o que chama de Plataforma Multi Combustível, a partir de motores a combustão de diesel, biodiesel, biometano e agora etanol. “O país tem produtos alternativos de potencial energético diferente”, diz Cláudio Passerini, que sai do marketing global para assumir a posição de Rangel. “O Brasil está posicionado como um país de natureza de emissão limpa, o que os EUA e a União Europeia não têm.”
Além de marcas como Case e New Holland, que usam esses motores em seus tratores, outros segmentos, entre elas a irrigação, fazem parte do pacote. A Valley, multinacional com origem nos EUA que atua no mercado de irrigação de precisão a partir de pivôs centrais, é uma delas.
O mercado de irrigação no país ficou na faixa de R$ 3 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Cristiano Del Nero, presidente da Valley Brasil, não diz sobre sua receita, mas a estimativa é de que a marca detenha quase 50% da demanda do segmento. O mercado global de pivôs e seus equipamentos é de US$ 4 bilhões/ano (R$ 20,5 bilhões na cotação atual) e o Brasil é o segundo maior mercado pelo seu potencial de demanda, atrás dos EUA.
“Já temos a fase um, que é a irrigação 1.0. A gente entrou com ela esse ano e vamos aperfeiçoando para que cada detalhe da operação tenha cada vez mais diagnóstico”, diz o engenheiro agrônomo Vinícius Melo, diretor comercial da Valley. “Vem na sequência a inteligência artificial dizendo quando, onde e como é necessário irrigar”, diz ele. As leituras dos cultivos já ocorrem via satélite, mas não a decisão do que fazer com as informações captadas. “Ela é humana, mas se caminha para uma decisão automatizada.”
Isso ocorre no ambiente de algoritmos, que já existem para a identificação de uma determinada informação, por exemplo, a umidade ou incidência solar. “Hoje, já é possível programar um equipamento. O próximo passo é um pivô autônomo.” Um exemplo nos EUA, e que já funciona, são os equipamentos na região central do país sujeita a furacões. O sensor, se detecta um vento mais forte, já se desliga. “Mas ele vai começar a ‘pensar’, por exemplo, em se deslocar para uma área mais baixa do terreno, para se proteger.”
No manejo de pragas há robôs que reduzem em cerca de 90% o uso de herbicidas. As aplicações de precisão fazem parte da corrida das grandes multinacionais, os chamados Big Guys da automação agrícola – AGCO, CNH e John Deere. Mas as startups não ficam muito atrás nas inovações e brigam por uma fatia desse bolo.
Segundo Bruno Pavão, o CRO (chefe de operações robóticas, na sigla em inglês), a meta é saltar de 80 robôs atualmente em operação nos dois países para uma frota de 800 unidades no campo até 2029. “Nosso desejo, lá atrás, era criar uma plataforma 100% autônoma que garantisse sustentabilidade e resolvesse problemas do produtor”, diz ele. “Precisávamos testar uma ferramenta que navegasse sozinha pelo campo. A partir do momento que esse objetivo foi superado, criamos uma solução para o monitoramento de talhão. É a mesma visão de quem vai todo dia lá no campo e conta a praga, vê se tem lagarta, se está doente ou não.”
Galvão conta que a sequência da tecnologia foi embarcar câmeras e sensores no robô para que ele andasse no campo, coletasse as informações para entregá-las ao produtor. “Quando vimos que deu certo, tomamos a atitude de não só darmos insights, mas desenvolver a parte de pulverização”, afirma.
Em relação ao mercado disputado também pelas grandes multinacionais, o executivo acredita “que todo mundo vai chegar num ponto em que as tecnologias se cruzam”. Mas ele destaca que a confiabilidade, termo que designa a qualidade da confiança, é que vai determinar a escolha de um fazendeiro por uma determinada tecnologia.
“Existem muitas moléculas que deixaram de ser usadas porque no método convencional elas já não tinham mais serventia. Mas, com máquinas early stage (em fase inicial de novas tecnologias), as indústrias químicas já estão olhando para moléculas que não utilizavam mais e começando a recolocá-las no mercado”, afirma Pavão.
“As tecnologias vão se cruzar. Porque, pela primeira vez, o produtor está comprando um robô, uma máquina, pensando no retorno. Antes, ele comprava um pulverizador porque isso fazia parte da operação, nunca tinha o ROI (retorno sobre o investimento, na sigla em inglês). Esse investimento ele consegue pagar em até duas safras. Com a redução de produto químico e de combustível, ele incrementa a produtividade e a lucratividade aumenta”, afirma ele.
Segundo o executivo, neste último ciclo, por exemplo, a busca por produtividade dentro de uma safra ruim, com resultados bons, foi uma surpresa entre as fazendas que a Solinftec acompanha. “Os produtores estão investindo. Temos entre os nossos clientes a primeira fazenda que comprou dez unidades (robôs) e que será 100% tripulada. Outro produtor que está na Agrishow arrematou mais cinco unidades para a fazenda dele. Como disse, está sendo surpreendente”, diz Pavão.