Investimentos sustentáveis com abordagem de gênero: o caso da Plataforma NINA

17 de dezembro de 2020
Divulgação

Simony César, fundadora da NINA

Há percepções sucintas e acionáveis para investimentos sustentáveis com abordagem de gênero.

Não se tem dúvidas que o gênero molda o mundo ao nosso redor. O gênero influencia a maneira como as pessoas vivem suas vidas, a maneira como se entendem e as oportunidades disponíveis para elas. De uma forma ou de outra, toda empresa – e todo investimento – é impactado por gênero, seja por meio do gênero daqueles que ocupam cargos de liderança e governança, ou como os funcionários vivenciam as políticas e práticas do local de trabalho, e até mesmo como os produtos e serviços são projetados e comercializados para mulheres, ou como as mulheres são tratadas em toda a cadeia de suprimento.

Os investidores em lentes de gênero incorporam, retundantemente, a análise de gênero em suas decisões de investimento porque acreditam que ela pode ajudar a melhorar os retornos financeiros, reduzir o risco de investimento ou gerar dividendos sociais específicos.

Um crescente corpo de evidências conecta o gênero à vida das empresas.

As mulheres nos Estados Unidos supostamente controlam 73% de todos os gastos das famílias. Empresas de bens de consumo que não consideram uma mulher em seu design de produto, marketing e uso de produto provavelmente perderá oportunidades significativas. E novos dados mostram que a violência sexual e de gênero pode representar um risco material para empresas e indústrias.

O que se está investindo em lentes de gênero? Em essência, os investidores com abordagem de gênero reconhecem a onipresença dos padrões de gênero em nosso mundo para aprimorar sua compreensão das oportunidades de investimento.
O importante é agir com base na experiência da vida real. O negócio a ser apresentado trata de capital investido em áreas problemáticas onde mulheres são exploradas. O fundo acionado tem a missão de investir em empresas de tecnologia em estágio inicial que desenvolvam soluções inovadoras para mercados emergentes em cadeias de rastreamento éticas.

Para melhor ilustrar, a plataforma NINA usa inteligência de dados na consultoria de mobilidade e gênero. Uma ferramenta integrável a diversos aplicativos para rastrear denúncias de assédio no deslocamento em cidades.

Com base nos dados, auxilia a criação de políticas públicas e ações de empresas privadas para o enfrentamento do problema, além de promover o planejamento urbano garantindo o direito de acesso à cidade e à equidade de gênero. É o que acontece hoje na cidade de Fortaleza, com mais de 2.300 denuncias registradas e mais de 230 inquéritos instaurados, impactando a mobilidade de quase 1 milhão de pessoas por dia.

Nada do que um negócio digital que humaniza, personifica e acolhe mulheres em seus deslocamentos resgatando a liberdade do desejo de ir e vir.

O investimento NINA tem sido fundamental na construção de um ecossistema digital acessível, beneficiando e impactando o posicionamento da empresa com a lente de gênero.

É bom lembrar que a violência de gênero representa uma ameaça sistêmica ao bem-estar de mulheres e meninas em todo o mundo. De acordo com um estudo da Organização Mundial da Saúde de 2013, mais de 35% das mulheres em todo o mundo sofreram “violência sexual física”. Esse tipo de impacto físico também resulta em custos econômicos significativos. De acordo com o Banco Mundial, os custos econômicos da perda de produtividade devido à violência doméstica variam conservadoramente de 1,2 a 2% do PIB global.

Com base na sustentabilidade do investimento, investidores e a empreendedora fundadora da NINA assumiram os riscos de desenvolver e ajustar uma solução economicamente viável para reduzir os índices de violência de gênero. A plataforma NINA exemplifica e decodifica soluções comercializáveis adequadas para o capital que busca retorno.

No caso em tela, de modo estratégico, os investidores buscaram retorno visando taxas financeiras mais baixas para catalisar a solução da questão com a qual se preocupam profundamente, injetando capital em um empreendimento em estágio inicial não validado que, de outra forma, seria considerado impróprio para investimento por outros investidores potenciais.

Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Ceará.

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