Menos de 10% dos colaboradores de empresas brasileiras fazem parte de algum grupo minoritário, como negros, LGBTQI+ ou PCDs (pessoas com deficiência), de acordo com a “Pesquisa de Diversidade” da plataforma Pulses, feita em parceria com a startup de impacto social Nohs Somos. O estudo ouviu mais de seis mil respondentes, dos quais apenas 8% se declararam pretos; 8% LGBTI+, 44% mulheres (sendo a maioria cis) e apenas 3% disseram ter algum tipo de deficiência, visível ou não.
Apesar da pouca representatividade nas companhias, 73% dos funcionários entrevistados disseram que a organização onde trabalham tem um quadro bastante diverso. Para Bruno Jordão, cofundador e diretor de comunidade da Nohs Somos, os dados evidenciam o quanto a percepção de mundo de um indivíduo está ligada à sua própria bagagem cultural e vivência social. “Na sociedade brasileira, é comum que as pessoas convivam com outras que tenham marcadores sociais semelhantes. Isso significa que, muitas vezes, convivemos com pessoas iguais a nós mesmos, o que impossibilita uma visão mais ampla sobre diversidade. Assim, a presença de qualquer marcador que seja diferente da própria existência do indivíduo é o suficiente para a sensação de que o ambiente é diverso”, diz.
LEIA MAIS: 7 startups que podem ser poderosas aliadas das empresas na implementação de práticas ESG
Segundo o executivo, esse contexto faz com que uma pessoa heterossexual, por exemplo, sinta que exista diversidade na empresa se existem pessoas LGBTI+, independentemente de todas elas serem brancas, com o mesmo grau de escolaridade e oportunidades semelhantes ao longo da vida. “O mesmo acontece com as pessoas brancas, que tendem a não perceber a falta de pessoas negras no seu círculo social”, pontua.
Nos cargos de liderança, a percepção de diversidade cai: apenas 55% dos colaboradores veem líderes diversos na equipe. A Pulse e a Nohs Somos consideram que o resultado é uma consequência direta dos baixos índices de grupos minoritários, uma vez que, com baixa representativa de diversidade na empresa como um todo, é mais difícil ainda que elas ocupem posições de gestão.
Para Beth Navas, especialista em people science da Pulses, os gestores são corresponsáveis pela mudança de cenário. “[Ter mais inclusão dentro das companhias] é um trabalho conjunto entre todas as áreas, principalmente do RH e dos demais níveis hierárquicos da empresa.” Ela considera que, para que exista uma cultura de diversidade e inclusão, é preciso criar políticas de cargos e salários acessíveis a todos, ações de recrutamento e seleção e, ainda, ampliar o networking e as parcerias com fundações, consultorias e mentorias especializados no tema.
Além disso, a pesquisa revela que há uma desconsideração com PCDs: 33% dos colaboradores afirmaram que não há iniciativas de inclusão desses profissionais. O levantamento expõe, ainda, que embora exista uma percepção de combate à discriminação e de práticas inclusivas, 50% disse não conhecer a política de diversidade e inclusão da organização.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.