A planta de nitrogenados que ficará em Uberaba (MG) vai demandar cerca de 300 MW (megawatts) médios de energia renovável, que deverá ser obtida com a implantação de novas usinas, provavelmente da fonte eólica ou solar.
Leia também
- Como a energia pode ser o negócio do século sem ter que torrar o planeta
- Simple Organic e Sea Shepherd Brasil lançam projeto de limpeza dos oceanos
As negociações para a contratação de energia para a fábrica ocorre em um momento em que os geradores encontram dificuldades para lançar novos projetos para início de operação em prazos mais curtos, dado o cenário de sobreoferta de energia no país até pelo menos 2026, mas que melhora em prazos mais longos, sobretudo para o fim da década.
O co-CEO da companhia ressaltou que o Brasil tem grande potencial em energias renováveis, mas pontuou que há algumas dificuldades, principalmente relacionadas ao custo elevado dos encargos e impostos da energia.
“A construção de um ativo de energia renovável, comparada com custos de impostos e encargos, sem descontos nas tarifas, é 50-50… Você paga quase a mesma coisa (para construir e para consumir com encargos, tarifas, impostos)”.
Esse tipo de hidrogênio, produzido pela eletrólise da água com energia renovável, substituirá os combustíveis fósseis normalmente utilizados no processo produtivo de fertilizantes, como o gás natural.
Karlsen ressaltou que a tecnologia que utiliza o hidrogênio verde no processo não se trata de uma novidade e já é bastante conhecida do mercado, embora antes não se mostrasse economicamente viável.
A ideia é fechar os contratos de energia renovável até o fim do ano, quando o projeto de Uberaba deve entrar na fase de engenharia, etapa técnica em que o desenho é detalhado e os custos da fábrica serão definidos.
O valor dos investimentos ainda vai ser “refinado”, apontou Karlsen, lembrando que há aspectos que podem reduzir os custos totais, como inovações no processo produtivo e maior eficiência na eletrólise.
“Ainda vamos tomar a decisão de investimentos… O investidor está bem interessado em colocar o dinheiro onde tem melhor rentabilidade”, disse, ao ser questionado sobre a destinação dos recursos do aporte da Macquarie.
A Atlas Agro já iniciou a fase de engenharia de seu primeiro projeto nos EUA, que será erguido na região noroeste do Pacífico, e deve trazer aprendizados para o Brasil.
Ele não detalhou qual a economia de custos que o fertilizante “verde” pode trazer aos agricultores em relação ao insumo importado, mas afirmou que o produto vai ser “bem competitivo”, lembrando que, além de não emitir carbono durante sua produção, a oferta do insumo estará geograficamente próxima dos agricultores, que hoje dependem da importação.
“A gente pode disponibilizar (o nitrogenado verde) no mercado ou diretamente para os misturadores que estão localizados na região (de Uberaba), ou dependendo do interesse, também podemos misturar na nossa fábrica e vender o produto diretamente para o agicultor”.
Segundo cálculos da companhia, o Brasil teria condições de produzir, no futuro, 30% de sua demanda de fertilizantes nitrogenados a partir do hidrogênio verde.