Mudanças climáticas podem reduzir a economia mundial em 19% até 2049

7 de maio de 2024

O Sul da Ásia e da África foram as regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas

O estudo “Comprometimento Econômico das Mudanças Climáticas”, publicado na revista Nature na segunda quinzena do mês de abril, afirma que a diminuição de produtividade ocasionada pelas mudanças climáticas poderá resultar em uma retração de 19% na economia mundial até 2049.

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Apesar do número ser significativamente maior do que amostras anteriores, os autores — pesquisadores do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, na Alemanha — alegam que seus dados são conservadores e podem chegar a até 29% do PIB global.

Uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial, divulgada em 2023, prevê que as mudanças climáticas custarão entre US$ 1,7 trilhão (R$ 8,6 trilhões na cotação atual) e US$ 3,1 trilhões (R$ 15 trilhões) por ano até 2050 — o que equivale a 1,5% e 2,8% do PIB global atual. “Isso inclui o valor dos danos à infraestrutura, propriedades, agricultura e saúde humana.”

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O estudo publicado na Nature adota uma abordagem mais agressiva, calculando a perda de produtividade, além dos esforços para mitigação dos danos, a partir da análise de 1.600 regiões e 40 anos de dados comparativos para a realização dos cálculos.

Os resultados também constataram que o Sul da Ásia e da África foram os mais afetados, com a Ásia Central e a Rússia apresentando impactos significativamente reduzidos.

“Descobrimos que 19% das receitas da economia mundial estão comprometidas nos próximos 26 anos, independentemente das emissões futuras (em relação a uma linha de base sem impactos climáticos, levando em conta a incerteza climática, física e empírica).”

Isso equivale de US$ 19 trilhões (R$ 96 trilhões) a US$ 59 trilhões (R$ 300 trilhões) em prejuízos anuais até 2049, com um “meio-termo” de US$ 38 trilhões (R$ 193 trilhões). Para os cálculos, o estudo utilizou o valor do dólar no ano de 2005. No entanto, observou-se que, apesar dos danos, os níveis de renda ainda aumentariam em relação aos de hoje.

Embora consistente, do ponto de vista da fonte, o Instituto Potsdam , há setores da pesquisa climática que colocam pontos de atenção sobre os dados. De acordo com um estudo publicado pelo serviço europeu de mudança climática Copernicus, o clima da Terra aumentou 1,48 °C desde 1850. No mesmo período, o PIB global aumentou de US$ 1,73 trilhão (R$ 8,8 trilhões) para US$ 134,08 trilhões (R$ 6 quatrilhões). Aceitando os modelos de projeção climática usados na pesquisa, isso desconsideraria a resiliência da natureza humana e sua capacidade de superar desafios econômicos.

Os defensores do clima também têm motivos para serem céticos em relação aos dados, pois eles não levam em conta os impactos das ondas de calor, aumento do nível do mar, ciclones tropicais, pontos de inflexão e danos ao ecossistema e saúde humana. Os cálculos do estudo se baseiam somente nos aumentos da temperatura e da chuva.

*John McGowan  é colaborador da Forbes EUA, advogado e fundador do The McGowan Law Firm, em Jacksonville, na Flórida, onde atua com direito empresarial, administrativo e desenvolvimento jurídico. É autor de publicações acadêmicas sobre ESG, incluindo  uma parceria com a University of Chicago Business Law Review.