“Além das vantagens de fugir do trânsito ou do check-in dos aeroportos, chegar a uma reunião a bordo de um helicóptero é um cartão de visitas e tanto, um upgrade de status profissional e de si mesmo”, acredita César Federmann, presidente do grupo Senpar Terras Imobiliárias, com sede em São Paulo. “Minha vida e cabeça mudaram completamente desde que decidi comprar minha própria aeronave. Voar abre portas e – melhor – a mente”, destaca o empresário, que também é piloto e dono de dois helicópteros. Com grandes investimentos imobiliários espalhados pelo interior paulista, Rio de Janeiro e Curitiba, ele resolveu abrir sua própria empresa de táxi aéreo ao constatar a necessidade de amigos e clientes de dar um “pulinho” rápido para visitar seus empreendimentos. “A demanda por esse tipo de serviço no país é enorme”, reforça Federmann.
Desde que o empresário levantou voo há quase duas décadas em seu primeiro helicóptero – um monoturbina Bell Jet Ranger –, o mercado brasileiro dessas aeronaves passou por um aumento exponencial – só entre 2007 e 2012 a frota nacional cresceu 32%. Graças ao bom desempenho da economia em alguns desses anos, especialmente 2010, o país ostenta hoje a quarta maior frota de helicópteros particulares do mundo, com 1.990 aeronaves registradas (dados de 2013 da Bart International, uma das principais publicações da aviação executiva, sediada em Bruxelas), atrás de Estados Unidos, Canadá e Austrália e à frente de potências europeias como Reino Unido, França e Alemanha.
Resta saber como ficarão os próximos indicadores diante da sucessão de crescimentos liliputianos do PIB brasileiro desde 2011. Mas no atual cenário a cidade de São Paulo, não por acaso, já se tornou notória como a metrópole com maior concentração de asas rotativas para uso executivo do planeta. Segundo levantamento de 2013 realizado pela Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero (Abraphe), a região metropolitana e cidades vizinhas à capital hospedam a maior frota de helicópteros em operação no mundo, com 411 aeronaves registradas e cerca de 2.200 pousos e decolagens diários. No mesmo ranking, Nova York figura como vice-líder com números muito menores: 150 helicópteros e pouco mais de 1.200 operações. O movimentado céu paulistano certamente reflete as necessidades criadas pelo caótico trânsito de automóveis na cidade, mas não apenas isso. Para se ter uma ideia da importância do hub aéreo local no país, somente o eixo Rio-São Paulo responde por 45% do tráfego nacional, aí incluídos todos os tipos de aeronaves e modalidades de aviação – comercial, de resgate, militar etc.
Veja algumas das hélices mais cobiçadas:
1. Agusta Grand New
De acordo com o fabricante, o cockpit do Agusta Grand New pode ser todo customizado. Além do revestimento de couro e carpete nas cores desejadas, a aeronave pode receber entrada USB, conexão para tablets e celulares ou câmeras com capacidade de envio de imagens on-time do próprio voo para telas de DVD colocadas na cabine de passageiros, por exemplo. Para 2015, a empresa lançará o AW169, modelo que, entre outras inovações, inclui os chamados assentos “casulo”, anatômicos e mais alongados. Além da beleza e conforto extras, eles também são cambiáveis, isto é, podem mudar de posição (ser colocados frente a frente para uma reunião, por exemplo) ou até ser retirados da aeronave, de acordo com as necessidades de privacidade e de funcionalidade em cada voo. O projeto, de linhas futuristas, é assinado pela designer italiana Francesca Lanzavecchia.
Preço estimado no mercado internacional: US$ 7,5 milhões (R$ 16,5 milhões). (*) Valor não confirmado pela Agustawestland no Brasil. www.agustawestland.com
2. Helibras EC155 B1
o acesso à cabine, e o amplo compartimento de bagagem pode ser alcançado a partir de ambos os lados da aeronave, permitindo carga e descarga rápida de bagagens volumosas. Por sinal, o helicóptero dispõe de um dos maiores bagageiros de sua categoria. Tem capacidade máxima de transporte de 15 pessoas (dois tripulantes e 13 passageiros), velocidade de cruzeiro de 278 km/h,
alcance máximo de 784 km e autonomia de voo de 4h03.
Preço: sem impostos, US$ 16.000.000. www.helibras.com.br
3. Robinson R-44 Raven II
Com capacidade para três passageiros além do piloto, esse pequeno e valente monomotor fabricado pela Textrone americana é um “helicóptero de entrada” e a aeronave número um no ranking de preferência dos que debutam nos céus. “O custo operacional por quilômetro voado de helicópteros monomotores a pistão é menor que o dos monomotores a turbina”, explica Alexandre Valli Pluhar, que comprou há dois anos seu R-44 Raven II novinho em folha. “Além disso, o motor Lycoming IO-540 com injeção eletrônica de combustível é outro trunfo dessa versão, mais potente que as anteriores, equipadas com carburador.” Segundo o empresário, embora não opere por instrumentos é uma aeronave extremamente versátil e de baixa manutenção. “Estou extremamente satisfeito com o aparelho”, elogia Valli.
4. Bell 429
A aeronave da americana Bell Helicopter está na lista dos sonhos de consumo de dez entre dez executivos. Considerado o biturbina leve (IFR) mais avançado hoje do mercado, também é um campeão de vendas por seu baixo custo operacional. Além de esbanjar rapidez e segurança, seus poderosos e ultraconfiáveis motores Pratt & Whitney PW 207 D1, de alta performance, com 1.100 Hp cada um, chegam a atingir 280 km/h de velocidade máxima. A cabine, com capacidade para sete passageiros além do piloto, permite a configuração de uma ampla sala de reuniões, podendo ser personalizada de acordo com a necessidade do proprietário com a troca de posição das poltronas. O modelo 429 WLG (Wheels Landing Gear), a versão mais atualizada da Bell, apresenta, dentre outras inovações, sistema de aproximação de pouso vertical em piloto automático. Para maior conforto e segurança dos que podem adicioná-la ao carrinho de compras, tem também cabine equipada com telas digitais de LCD de última geração, piloto automático de quatro eixos e homologação para voar por instrumentos com apenas um piloto (Single Pilot IFR).
Preço: U$ 5,8 milhões ou R$ 12,8 milhões (sem impostos). www.bellhelicopter.com
O prazer de comandar a própria aeronave também é desfrutado por Alexandre Valli Pluhar, sócio-presidente da Advogados Associados e piloto profissional nas horas vagas. “Minha convicção é a de ter a melhor profissão do mundo: um hobby remunerado”, entusiasma-se. Voar também o ajuda na atividade de advogado. “A aviação executiva é um ambiente muito propício para fazer networking, conhecer pessoas novas e ampliar a rede de relacionamentos profissionais e pessoais”, observa ele, do alto de seus 13 anos e mais de 2 mil horas de voo no currículo de piloto.
No dia a dia de Valli figuram, além do sobe e desce quase diário por vários pontos de São Paulo, as paradas obrigatórias em Jundiaí, onde fica a sede de sua empresa, e esticadas até destinos mais distantes como Rio de Janeiro, Florianópolis e Curitiba
Já nos fins de semana ele costuma decolar seu Robinson R-44 Raven II (veja o box) em direção a Angra dos Reis, Paraty ou Campos do Jordão. “São percursos que cobrem belas paisagens e a viagem sempre é um grande prazer”, diz. “Mas o meu cenário preferido é o do pôr do sol sobre a represa de Avaré, no interior paulista. Lá o skyline é literalmente celestial.” Quem voa sabe.