Claude Harmon III, embaixador da Rolex, fala sobre negócios, esporte e legado

5 de novembro de 2019

Maria Francisca Orleans de Bragança, à frente, foi a vencedora do Troféu Rolex 2019

Pelo segundo ano consecutivo, a Rolex promoveu, no dia 25 de outubro, o Troféu Rolex no Brasil. A agradável tarde no São Paulo Golf Club, palco da etapa final do campeonato amador, revelou uma nova campeã: Maria Francisca Orleans de Bragança, que em breve irá acompanhar a final de um dos campeonatos de golfe mais importantes do mundo, o Augusta National, na Geórgia, Estados Unidos.

Claude Harmon III

Em sua primeira visita ao Brasil, o embaixador da Rolex Claude Harmon III conversou com a FORBES sobre gerações, a importância do esporte para os negócios e sua relação com a casa suíça de relógios. O treinador, que é o “professor” de um dos nomes de maior destaque da atualidade, o norte-americano Brooks Koepka, tem o esporte correndo no sangue. Ele é filho do Claude “Butch” Harmon II e neto do jogador campeão Claude Harmon. Aprendeu dentro de casa e muito jovem como ensinar os melhores jogadores do mundo e, em três momentos diferentes da vida, treinou o ex-presidente Barack Obama. “Uma das coisas mais importantes do meu trabalho é treinar a próxima geração dos jogadores de golfe”, disse.

Confira, a seguir, os melhores momentos da entrevista:

FORBES: Qual foi o legado que você recebeu da sua família e como isso foi passado de geração à geração?

Claude Harmon III: O meu avô era um jogador de golfe profissional e meu pai um instrutor, além dos meus três tios, que também eram instrutores. Eu sou a terceira geração, e tem sido uma jornada incrível. Tenho muita sorte de ter nascido em uma família famosa na modalidade e também por ter seguido os passos do meu pai e avô. Compartilho o mesmo nome que eles, algo único e que não acontece o tempo todo. Às vezes, ser parte de uma família famosa e ter o mesmo sobrenome pode ser difícil, mas acho que o positivo supera o negativo. Eu vejo isso como uma responsabilidade enorme – é como se meu avô tivesse construído uma empresa. Eu vejo assim, e tento fazer as coisas como eles fizeram.

F: E quando você começou a jogar?

CH: É interessante, mas a verdade é que eu nunca joguei muito. Eu observava as aulas que meu pai dava aos alunos e, justamente nesse período, ele trabalhava com o Greg Norman, o primeiro do mundo na época, e pude observar como era a dinâmica. Eu sempre fui fascinado em assistir essas aulas. Para mim, é como ser um cozinheiro que começou na cozinha bem jovem, observando seu pai ou mãe. É algo que faço profissionalmente há 25 anos. [Harmon tem, atualmente, 50 anos.]

F: Como foi treinar Barack Obama?

CH: Eu trabalhei com ele três vezes: duas vezes quando ainda era presidente dos Estados Unidos e a última quando seu mandato já havia acabado. Foi incrível ter a oportunidade de passar um tempo com ele, que é uma pessoa fabulosa. Na primeira vez, inclusive, conseguimos jantar em sua companhia. Ele é uma pessoa classuda e muito legal. Da última vez, o vi com uma aparência 15 anos mais jovem, ele estava completamente diferente, e quando comentei isso, ele respondeu: “Eu posso dormir agora, fiquei oito anos tendo poucas horas de sono”. Uma das coisas incríveis em ser um instrutor de golfe é a possibilidade de trabalhar com grandes homens de negócios, políticos e conhecer pessoas incríveis. É estar perto de CEOs de alto nível e é fascinante ter essa oportunidade e conversar com eles, escutar como eles fazem as coisas. Tento usar as oportunidades para perguntar como eles lidam com a pressão, com as situações difíceis e também como resolvem os problemas. Eu acho que há um paralelo muito próximo entre os esportes e os negócios. É sempre uma busca em se tornar melhor e conquistar o sucesso.

F: Quais são as melhores coisas que você aprendeu com o golfe e como aplica isso em outras áreas da sua vida?

CH: É um esporte individual. Se errar, a culpa é sua. É um jogo contra o campo. É necessário administrar o seu estado mental. O golfe ensina autodisciplina, autoconfiança e isso é um aspecto único. Meu pai incutiu uma ética de trabalho muito forte em mim. Ele sempre falou que eu tinha que trabalhar muito duro, e eu notava que o sucesso que ele conquistou veio depois de muito trabalho e sacrifícios. Para ser muito bom em algo é necessário fazer coisas que outras pessoas não estão fazendo. É necessário trabalhar mais horas do que todos os outros. O segredo do sucesso é esse, é a dedicação. Meu avô [Claude Butch Harmon] sempre falava: “É o que você aprende depois que acha que já sabe tudo que realmente importa”.

F: E como é sua relação com a Rolex?

CH: Foi algo muito especial ser convidado para ser parte da família da Rolex. Eu me sinto realmente um integrante do grupo e, se você olhar para os outros embaixadores das modalidades com as quais a marca já trabalhou, verá que são ícones e os melhores nomes no esporte. Meu trabalho é promover o golfe e falar sobre ele – e não há, atualmente, outra empresa tão comprometida com os esportes como a Rolex. Eles simplesmente entendem as tradições e o esporte.

F: Qual é o seu modelo preferido de relógio?

CH: Um dos meus favoritos foi um presente do Brooks Koepka. Quando ele ganhou o segundo US Open, deu para todos os membros do time relógios Rolex que, na parte de trás, traziam uma inscrição especial. Eu gosto também da nova versão do Sky Dweller. O que estou usando é importante para mim porque o último ano foi incrível para o Brooks e eu me dei de presente. Eu percebo que uma das coisas fortes da marca é que seus produtos acabam marcando um período específico da vida das pessoas, como um presente de aniversário de casamento, por exemplo. É um item que conta alguma história. É sobre ter memórias, e olhar para os relógios e lembrar de um momento especial. É também sobre olhar os estilos e os materiais, capazes de dizer muito sobre uma pessoa. No fim, o meu Rolex favorito é aquele que estou usando.