Simples e direta, ela justifica o poderoso currículo com uma razão do coração: “Eu me apaixonei pela cardiologia”. A dra. Ludhmila vê a sua opção pela medicina como uma verdadeira vocação, vinda da infância. “Na minha família, é famosa a história que eu, aos cinco anos, pedi de presente de Natal não uma boneca, mas um esqueleto. Eu queria saber como era e como se movia o corpo humano”, recorda bem-humorada.
Natural de Anápolis, Goiânia, ela teve a oportunidade de realizar o sonho de menina quando ingressou no curso de medicina da UNB, em Brasília, aos 17 anos. Porém, queria mais e, aos 22, chegou na Escola de Medicina da USP. Fez residência no HC e então conheceu o InCor, do qual fala com o maior orgulho: “É uma instituição incrível, com 500 leitos e onde se privilegia muito o ensino, a pesquisa e a tecnologia”.
Impossível não perguntar a ela, depois do vendaval 2020, como anda o coração do brasileiro. “Não anda bem”, avalia com seriedade. “Com todas as atenções voltadas para a pandemia, muitos deixaram de cuidar do coração, diminuíram os exercícios físicos e a dieta se tornou irregular”.
Sem falar que, segundo a médica, a Covid-19 possui uma ligação intrínseca com os problemas cardíacos. “Um cardiopata tem de três a quatro vezes mais chances de vir a óbito se contrair a doença”, adverte. Ela também observa um fenômeno de saúde pública: “Todas as vezes que a população se encontra submetida a uma virose, a mortalidade cardíaca aumenta”. Por isso, a prevenção ainda é nossa melhor aliada.
A dra. Ludhmila, porém, é otimista. Vê os desafios enfrentados e superados durante a pandemia como um divisor de águas que deve conscientizar a população depois que tudo passar, com uma exigência maior por um sistema público de saúde melhor e mais inclusivo. “Isso passa obrigatoriamente pelo protagonismo e o ensino de qualidade nas universidades do país”, afirma ela que acredita em três fatores fundamentais: ensino, pesquisa e tecnologia, aliados a uma política eficaz de parcerias público-privadas. “Foi graças a essas parcerias, muito eficientes, que conseguimos atender com qualidade mais de 100 mil pacientes no Hospital das Clínicas, durante a pandemia”, argumenta. “É assim que poderemos aprimorar o SUS e também a medicina privada em todo o País”, afirma.
A seguir, Ludhmila Abrahão Hajjar, #MulherdeSucessoResponde:
Donata Meirelles: Qual o seu maior exemplo de mulher de sucesso?
Ludhmila Abrahão Hajjar: Angela Merkel. Uma líder que cuida de seu povo, valoriza a ciência e está à frente do seu tempo.
LH: Poder assistir meu paciente da melhor maneira possível com eficiência, dedicação e responsabilidade. E, ao mesmo tempo, cumprir uma agenda de ensino e pesquisa.
DM: Eu pensava que sucesso era… e descobri que sucesso é…
LH:Para mim era alcançar uma tranquilidade financeira e uma posição adequada. Hoje, tenho certeza, o sucesso é conquistar os nossos sonhos. Para mim, particularmente, é estar ativa no trinômio: assistência, ensino e pesquisa em saúde.
LH:A medicina intensiva ou terapia intensiva, uma das áreas em que atuo, terá um destaque maior e passará a ser mais valorizada. Acredito que as pessoas estarão mais conscientizadas e vamos lutar por menos desigualdade e por mais investimento e adequação em saúde e educação.
DM: Se você pudesse escolher um superpoder, qual seria?
LH:Curar, curar e curar.
LH:A atividade que realmente faz a pessoa feliz. É muito importante que, entre 45 e 60 minutos todos os dias, durante cinco dias, a pessoa desligue sua atividade de trabalho e cuide do corpo com qualquer atividade física que o faça feliz.
DM: Qual a mensagem que você gostaria de deixar para as próximas gerações?
LH:Em primeiro lugar, exercer nossa cidadania 24 horas por dia. Para mim, ser cidadão, hoje, é cuidar do próximo. Em segundo lugar, lutar por um país melhor. E, finalmente, sempre buscar a excelência em saúde, educação e tecnologia. É a nossa maior chance para uma sociedade transformada e um país melhor.
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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