Na segunda e definitiva conversa, pude chamá-lo de Thiago. É assim que ele é visto por amigos, parceiros de negócios e familiares. E é dele que vamos falar: do homem por trás da “Ousadia e Alegria” e do fenômeno que atende pelo diminutivo: Thiaguinho. Vamos falar do Thiago André, de 38 anos, tão esperado pelos pais Glória e João que já tinha nome escolhido antes mesmo de nascer em Presidente Prudente, no interior de São Paulo.
Em 2002, aos 18 anos, tentou a sorte ao participar do reality show musical “Fama”, da Rede Globo. Foi o quarto eliminado, mas o programa o colocou nos trilhos rumo à cidade grande. Já no ano seguinte, ao lado de Péricles, assumiu os vocais do Exaltasamba. No grupo, ele conquistou o coração do público, ganhando o Grammy Latino em 2011. Um pouco antes teve início o lado Thiago S/A. Em 2009, ele criou a Paz & Bem, editora que se tornou a responsável pela administração de suas canções e obras. Abriu a empresa com o sócio e amigo de longa data Bruno Azevedo. Quando o Exaltasamba anunciou seu fim, em 2011, Thiaguinho já estava com o caminho pavimentado para começar a brilhar em carreira solo.
4 MIL VIDAS
Na evolução do mercado da música e do entretenimento, impulsionada pela internet e pelo declínio de velhas instituições, os artistas entenderam que podiam – e deveriam – assumir o papel de gestores de suas próprias carreiras. Na virada de 2015 para 2016, ele rompeu com o escritório do qual fazia parte e a Paz & Bem ganhou um novo braço, passando a gerir a carreira dele. “Eu era muito novo na época do grupo, não tinha o conhecimento de tudo o que acontecia no mercado da música e até hoje busco conhecimento, porque é um universo muito amplo. [Cuidar da própria carreira] foi uma ótima oportunidade para crescer enquanto artista em todos os sentidos. Não só musicalmente, mas também como gestor – e entender tudo o que envolve uma carreira”, explica Thiago.
O braço mais recente da Paz & Bem crava de vez o rompimento do artista com os modelos tradicionais de viver de música. Após investimento de R$ 52 milhões, Thiago se tornou dono da própria gravadora. Sua saída oficial da Som Livre foi anunciada em abril deste ano. Seu novo disco, a segunda parte do projeto “Infinito”, foi lançado pela Paz & Bem em julho. No primeiro momento, a gravadora estará focada em lançar os seus trabalhos, mas o artista não descarta tocar projetos de outros artistas no futuro. “Tudo vai depender do crescimento dela, mas seria uma honra. Sou um cara muito curioso nesse sentido de procurar artistas e compositores novos”, afirma.
PUBLICIDADE E GIM
“A Paz & Bem começou a se tornar uma empresa guarda-chuva, construindo relacionamentos para trazer sociedades importantes tanto para a empresa quanto para fortalecer a imagem do Thiago como artista. Diversificamos a atuação em vários setores e iniciamos participação em outros negócios”, explica o sócio Bruno Azevedo. “Não domino todos os assuntos da minha carreira e preciso de pessoas em quem confio para me ajudar a ter a tranquilidade de exercer a minha maior função que é cantar, compor e fazer shows”, acrescenta o artista.
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Ainda que a música ocupe a maior parte do faturamento de R$ 2 bilhões ao ano da empresa, a publicidade também traz cifras expressivas para a receita. Durante a pandemia, Thiago fechou contrato com a Reebok para se tornar embaixador da marca esportiva, com a criação de uma linha exclusiva de produtos. Entre as marcas com que mantém parceria estão Colgate, Nivea Men, Red Bull e XP Investimentos. A maioria dos contratos que o artista fecha com outras empresas é de licenciamento, em que ele entra como marca também – e não apenas como um garoto-propaganda –, trazendo ideias para os produtos. “Fico feliz por representar marcas porque é uma responsabilidade grande. Apostam na sua imagem e em tudo o que envolve a sua carreira. Tem a ver com sua conduta e sua credibilidade”, pontua.
RACISMO: E AÍ, ATÉ QUANDO?
Em seu Instagram, ele criou o quadro “E aí, até quando?”, em que compartilha com os 9 milhões de seguidores casos de racismo acontecidos no país. As publicações são parte da iniciativa do artista de olhar ao redor e ajudar a sociedade de alguma maneira. “Não é nem uma questão de posicionamento, é vivência. Acho importante mostrar e falar para combater algo que considero um dos maiores problemas do nosso país. Vejo isso acontecer com a família e amigos, além de sentir na pele. Quero fazer de tudo para que as próximas gerações sintam menos do que eu.”
Filho de professores e com origem humilde, Thiago afirma que ainda está se acostumando com a ideia de ser visto como referência para pessoas mais jovens, que sonham em conquistar o que ele conseguiu. Pedindo perdão sobre o uso da terceira pessoa para falar de si mesmo, ele reflete: “A cada dia que passa, o Thiago – junto com o Thiaguinho, que é quem possibilita levar os sonhos dele adiante – pensa mais no outro. Não sei tudo sobre a vida, mas me sinto cada vez mais olhando para o lado e tentando ajudar as pessoas da minha maneira”. Recentemente, ele lançou o projeto Junthos pela Arte, um fundo para captar recursos para ajudar outros artistas que vivem exclusivamente de cultura e estão passando dificuldades durante a pandemia. Em um mês, foram arrecadados R$ 54 milhões, que serão distribuídos para ONGs e projetos sociais.
Reportagem publicada na edição 88, lançada em junho de 2021.
Após a publicação original, Thiaguinho realizou uma reformulação de sua empresa Paz & Bem, que passou a ser exclusivamente liderada pelo próprio cantor e compositor. Assim, foi encerrada a parceria mantida nos últimos cinco anos com Bruno Azevedo, descrito aqui como sócio.
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