Edwina Kulego, executiva internacional de moda: “A moda brasileira é cheia de alegria. É isso que o mundo quer vestir”

2 de maio de 2022
Foto: Divulgação

Em passagem pelo Brasil, a sueca observou a moda brasileira de perto, visitando ateliês e conversando com estilistas

“A moda brasileira é ousada, vibrante, colorida, com muita variedade em fibras e materiais. Por isso é ideal para o momento que estamos vivendo”, declarou a sueca Edwina Kulego, vice-presidente de negócios e desenvolvimento internacional da Informa Markets Fashion, em sua passagem por São Paulo esta semana.

O grupo americano Informa Markets, que atua nos relacionamentos e negócios entre empresas e mercados – em setores que vão da arte e design até agricultura, aviação e aeroespacial – é responsável, entre outras, pelas maiores feiras de moda dos EUA: Coterie, em Nova York; Magic, em Las Vegas; e Destination Miami. A missão de Edwina consiste em estabelecer conexões com entidades governamentais – como Abit e Abest, no Brasil – e auxiliar marcas e estilistas de outros países na comercialização de seus produtos no mercado americano. “O maior mercado de moda do mundo”, ela faz questão de frisar.

“Eu estava morrendo de vontade de vir ao Brasil, pois tenho antepassados que eram do Rio de Janeiro”, contou Edwina, que é filha de imigrantes africanos de Gana, nascida e criada em Malmö, a terceira maior cidade e centro cultural da Suécia. Ela veio para um evento para profissionais da moda e convidados – promovido pela Coterie, no restaurante no Roi Mediterranée, no CJ Shops – e também para ver de perto o trabalho de alguns estilistas brasileiros no eixo São Paulo-Rio.

“Nesses poucos dias, visitei ateliês, conversei com estilistas e pude comprovar que o trunfo da moda brasileira é unir materiais de qualidade com uma estética vibrante e atraente. Nem sempre temos as duas coisas juntas em outros países. O Brasil consegue fazer esse ótimo casamento”, observa. E fala de duas marcas que chamaram sua atenção: Andreza Chagas e Lalibela. “Um trabalho elaborado e bem executado. Também gostei muito dos acessórios e dos calçados produzidos aqui”, disse.

Formada em negócios internacionais, Edwina começou no setor trabalhando para o Grupo Zara, em Copenhague. Ela acredita que seu trabalho engloba o melhor da moda: “Adoro o glamour dos desfiles e das coleções, mas também sou focada nos negócios e gosto de me envolver na assinatura de contratos e parcerias”. Sem falar que também dirige seu próprio negócio, como CEO da Essentials by Edwina, marca  de maquiagem com produtos veganos para peles pretas. “Sou uma mulher muito ocupada”, declara com um sorriso de satisfação.

Casada com um americano e mãe de uma menina de 4 anos, ela vive em Nova York há 14 anos. Diz estar muito animada com a retomada dos negócios nesse quase pós pandemia: “A moda quer se exibir depois de um período tão doloroso para todos nós. E a moda brasileira é cheia de alegria e prazer. É isso que as pessoas em todo o mundo estão querendo usar e vestir”, conclui.

A seguir, alguns trechos da conversa com a business woman de sucesso, Edwina Kulego.

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Negócios em família

“Sou de uma família muito voltada para os negócios. Minha mãe foi a primeira a ter um salão de beleza e uma loja de produtos para cabelos afros em Malmö. Desde muito cedo eu trabalhava com ela, ajudando no caixa e fazendo inventário do estoque. Ali eu aprendi muito de estratégia e planejamento de negócios. Meu pai tinha uma loja de roupas e artigos esportivos para homens. Foi onde descobri meu gosto pela moda. Por isso juntei as duas coisas na minha vida profissional.”

Olho clínico

“Minha equipe e eu trabalhamos com os mercados europeu, africano e latino americano (Peru, Colômbia e Brasil) de moda. Estabelecemos conexões com órgãos oficiais, com empresas de desenvolvimento e agências de representações. Nossa missão é selecionar o que encontramos de melhor para o mercado americano. Lidamos com marcas tradicionais e estabelecidas, mas minha maior satisfação é apresentar talentos novos e promissores. Porque a moda pede frescor e renovação. Quando vejo essas marcas assinando seu primeiro pedido seja para uma Bloomingdale ‘s ou uma pequena butique – sinto um enorme orgulho e satisfação.”

A moda da casa

“É um equívoco falar de moda brasileira apenas como moda praia e resort. Ela vai mais além. Em nossas feiras, vejo compradores do Japão, Reino Unido, Itália… fazendo negócios com marcas brasileiras. O estilo brasileiro exerce um fascínio global. Representamos cerca de 20 marcas brasileiras e agora, depois dessa visita, com certeza teremos mais.”

Black is beautiful

“Comecei minha marca de maquiagem porque, mesmo vivendo em uma cidade diversa como Nova York, tinha dificuldade em encontrar cores de batom para o meu tom de pele. Encontrei uma empresa em Nova Jersey para produzir os produtos e comecei o negócio em 2017. Os negócios vão bem porque durante a pandemia o mercado de beleza e autocuidado cresceu. Optei por produtos veganos porque cada vez mais meu compromisso é com a sustentabilidade social e ambiental. Acredito que, acima de tudo, minha missão é impactar as pessoas positivamente.”

Fé no futuro

“Ainda há muitos problemas na indústria da moda em relação às causas sociais e ambientais. Ao mesmo tempo, tanto empresários, como designers, compradores, lojistas e mesmo o consumidor final estão conversando mais sobre essas questões que são fundamentais para todos e para o planeta. Por isso, acredito que tanto pequenas atitudes individuais, como os grandes movimentos, que envolvem produtores e governos, estabelecerão tratados e acordos para o enfrentamento dos desafios e o encontro de soluções – mesmo que passo a passo – para continuar a nos expressar através da moda de uma maneira positiva.”

Com Mario Mendes

Donata Meirelles é consultora de moda e estilo há mais de 30 anos, além de CEO da CFO11, que atende cerca de 20 marcas internacionais do setor.

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