Montadoras reduzem projeções de produção e venda de veículos em 2022

8 de julho de 2022

A probabilidade de intervenções estatais para reduzir as emissões de carbono está fomentando uma corrida tecnológica entre montadoras de veículos

Swen Pfoertner/Pool via Reuters/

Montadoras estão enfrentando gargalo na oferta de semicondutores

O setor de veículos do Brasil cortou suas estimativas de crescimento em 2022 hoje (8), diante de um quadro em que montadoras ainda enfrentam problemas de fornecimento de peças e em que a alta dos juros da economia começa a pesar sobre as vendas.

A Anfavea, associação que reúne 26 marcas de veículos no Brasil, agora espera que as montadoras instaladas no Brasil produzam 2,34 milhões de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus este ano, um crescimento de 4,1%. A entidade começou o ano com uma projeção de produção de 2,46 milhões de unidades, o que representaria uma expansão sobre 2021 de 9,4%.

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A estimativa de vendas foi reduzida de 2,3 milhões para 2,14 milhões de veículos, expansão de 1% ante 2021.

Na exportação, porém, a previsão foi elevada ante a expectativa do início do ano, de 390 mil para 460 mil veículos, o que representaria um salto de 22,2% contra 2021.

Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, apesar dos números de produção e vendas do setor terem melhorado em relação ao primeiro trimestre, as “fábricas continuam enfrentando desafios persistente em relação ao abastecimento” de peças e componentes eletrônicos. “Houve uma melhora, mas o cenário continua bastante desafiador”, afirmou.

No primeiro semestre, 20 fábricas de veículos no país tiveram que promover paradas de produção em algum momento do período. Neste início de julho, cinco estão paradas, disse Leite.

Apesar da falta de peças e de exportações maiores, a indústria terminou o semestre com estoque de 145,5 mil veículos à espera de comprador ante 124 mil em maio. O presidente da Anfavea afirmou que foi uma questão pontual, concentrada em duas marcas que tinham volume maior de veículos semifinalizados e que aguardavam componentes para terem a montagem concluída.

“Então a retomada da produção acontece de forma mais rápida porque eram veículos incompletos que foram concluídos nos últimos dias do mês (junho)”, disse Leite, sem citar o nomes das duas montadoras.

Segundo ele antes da pandemia o setor mantinha estoque suficiente para 38 a 40 dias de vendas e hoje esse nível está em 24.

O executivo, oriundo do grupo Stellantis, afirmou que a elevação dos juros e a inflação estão colaborando para um aumento do envelhecimento da frota nacional, com as vendas de veículos com nove anos ou mais avançando ante vendas de seminovos e novos.

“Isso é um sinal perigoso para o mercado”, disse o presidente da Anfavea. “O consumidor está comprando veículos cada vez mais velhos…começamos a perceber uma fuga para esse segmento.”

Mercado em junho

As montadoras de veículos instaladas no Brasil produziram 203,6 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus em junho, recuo de 1,1% sobre maio, mas crescimento de 21,5% na comparação com junho do ano passado, quando o setor era duramente atingido por falta de componentes.

No acumulado do semestre, o volume de veículos montado pela indústria no país, de 1,09 milhão de unidades, foi 5% menor do que o registrado na primeira metade de 2021, segundo os dados divulgados pela Anfavea.

Os licenciamentos também recuaram em junho na comparação mensal e caíram frente ao mesmo mês do ano passado. As baixas foram de 4,8% e 2,4%, respectivamente, para 178,1 mil unidades. No semestre, as vendas caíram 14,5%, para 918 mil veículos.

Em junho, as exportações de veículos montados no Brasil dispararam 41,2% sobre o mesmo período do ano passado, para 47,3 mil unidades. O acumulado na primeira metade de 2022 foi de 246,3 mil veículos, crescimento de 23% frente ao primeiro semestre de 2021.