Sua trajetória profissional começou bem antes da sua estreia como artista profissional: seu primeiro emprego foi aos 16 anos, num camarote do Carnaval de Salvador, a convite de Zé Maurício Machline. Foi trabalhar com Nizan Guanaes, que ficou tão impressionado com o seu talento que a convidou para estagiar na antiga DM9, em São Paulo. Após 2 anos por lá, voltou para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar com produção e publicidade, até que, aos 20 anos, se juntou à Monique Gardenberg para desenvolver uma divisão de filmes na Dueto Produções. “Ela [a Dueto] virou uma gigante na publicidade, aí enveredei muito para esse lado e acabei esquecendo minha parte artística”, explica.
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Se jogou como atriz e apresentadora de televisão, e criou o show “Noite Preta”, em 2007, que se tornou sucesso absoluto. “Acho que quando criei a “Noite Preta”, eu queria de fato que as pessoas me vissem cantando. Foi uma coisa corajosa, porque eu era famosa, mas o público não conhecia minha música”, relembra. “As pessoas começaram a ir no meu show pelo boca-a-boca e ele virou um reduto de inclusão e diversidade, coisas em que eu acredito muito”.
Em 2010, foi a vez do “Bloco da Preta”, que consolidou a imagem “dona da festa” da cantora, e a fez resgatar seu lado empresária. “Quando a carreira como cantora realmente tomou um corpo, comecei investir e assumir que as duas coisas podiam andar juntas.”, explica. Foi aí que começou a se dedicar às suas duas empresas, a Liga Entretenimento, de selos musicais, e a Music2Mynd, de agenciamento de artistas e influenciadores. Segundo Preta, “tudo isso em um momento mais maduro, em que eu não tinha que provar mais nada pra ninguém. A minha existência passa a ser sobre potencializar outras existências.”
A vida de Preta foi marcada por quebra de padrões, e as duas décadas de carreira vieram com mais uma mudança: hoje ela já não vê mais a necessidade de cantar músicas festivas, meramente pelo ato de cantar – o que ela batizou de “Síndrome do Tira o Pé do Chão”. “Quando você faz essa receita de bolo que as pessoas gostam, é muito difícil sair disso. Precisei desses 20 anos, com segurança e tranquilidade para resgatar meu repertório”, conta. Um dos grandes incentivadores da sua nova fase foi Francisco, seu único filho e pai da fofíssima Sol de Maria, de 6 anos. “Ele foi um grande incentivador. Aí comecei a ter um olhar mais carinhoso e afetivo ao meu repertório”
A seguir, os principais momentos da conversa com Preta:
Mudança radical
“Peguei a força do meu retorno de Saturno [aos 28 anos] e resolvi largar tudo para ser cantora. As pessoas diziam “Mas como você vai fazer isso?”. A vida é uma só, que bom que eu construí tudo isso, mas agora é hora de experimentar, ser artista. Demorei 10 anos para me resgatar, e foi um início corajoso que até hoje me inspira. Essa energia continua comigo”.
“Meu bem suceder é eu me abraçar, me amar e querer cuidar dos outros. Não existe sucesso se a gente olha pro próprio umbigo. O sucesso é o que você move para atingir outras pessoas. O sucesso egoísta não me interessa.”
Com Sofia Mendes
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.