O ponto de partida é o arquétipo do “corno”, que aparece em elementos em formato de chifre. Ao representar a falta de valor atribuída a um parceiro, que aqui são os países da América Latina, o estilista conta uma história repleta de beleza e reflexão. E o faz através de linhas curvas, mistura de texturas, formas fluidas e uma alfaiataria com sangue latino.
Misci desfilou a coleção “Valor Latino” nesta terça (13); veja fotos
O jacquard, marca registrada da marca, apareceu com uma textura que imita o efeito raspadinha, fazendo referência à sorte que nem todos têm. Outro jacquard de cor única desenhava as zonas de desmatamento no Brasil. Elementos típicos do continente, como recortes que lembravam uma maxi pipoca e uma bolsa em formato de galão de gasolina, eram sinal claro de que alguém pensou na narrativa do desfile nos mínimos detalhes.
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Além das roupas e acessórios, convidados ilustres prestigiaram o desfile – pense em nomes como Chay, Thales Bretas, Enzo Celulari, Sasha, Mônica Martelli e Emicida. Isso não é novidade quando se trata da Misci, que já vestiu a primeira dama brasileira e tomou os holofotes internacionais com seu emblemático boné “Mátria Brasil”, vestido pela cantora espanhola Rosalía.
No final do desfile, os modelos em estátua receberam uma chuva de dinheiro – uma moeda em papel criada pelo estilista com os dizeres “100” e “Valor”. Num híbrido de festa, protesto e ode ao design, Airon Martin mandou a sua mensagem aos quatro cantos da América Latina.
Com Sofia Mendes
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