Perto das Olimpíadas de 2024, exposição em Paris celebra a moda esportiva

19 de agosto de 2023
LES ARTS DÉCORATIFS / JEAN THOLANCE

Algumas das peças expostas na nova mostra “Moda e Esportes: De um Pódio a Outro” em Paris, às vésperas das Olimpíadas de 2024

Com os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris cada vez mais próximos, o mundo da moda está voltando sua atenção para o vestuário esportivo. Espere por coleções atléticas de marcas de luxo nos meses que antecedem as Olimpíadas, mas até lá, uma nova exposição na capital francesa faz uma retrospectiva da arte do vestuário esportivo: a “Moda e Esportes: De um Pódio a Outro”, que começa no dia 20 de setembro no Musée des Arts Décoratifs e vai até 7 de abril de 2024.

Mais de 450 peças de roupas, tênis, acessórios e antiguidades examinam a evolução desse gênero de vestimentas, além de revelar como ele influenciou a moda, desde grifes como Chanel até Lanvin e Schiaparelli – todas as quais tornaram as roupas esportivas elegantes, sofisticadas e usáveis.

Mas o contrário também é válido: o conforto sempre foi um fator inegável nesse gênero de roupas. E não é difícil perceber como a interseção do esporte com designers trouxe um aspecto mais confortável para a moda de grandes marcas, dos conjuntos de agasalho da Balenciaga até os moletons da Off-White.

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Curada por Sophie Lemahieu, a exposição começa no século 19, quando os médicos encorajavam pacientes a se envolverem em atividades atléticas para a saúde. Ela traça como o vestuário esportivo começou com uniformes de equipe (como camisas de futebol e rugby) e evoluiu para trajes elegantes para golfe, tênis e ciclismo.

Somente no período entre as guerras, entre 1918 e 1939, é que estilistas como Jean Patou, Jeanne Lanvin e Gabrielle Chanel realmente inovaram no vestuário esportivo. Eles ajudaram a torná-lo fashion, incorporando-o aos guarda-roupas cotidianos, dos tênis aos shorts. O designer francês René Lacoste, fundador da marca homônima, introduziu a camisa polo na moda masculina – que se tornou muito mais do que apenas uma peça de vestuário esportivo: ela definiu o estilo preppy chic.

David Hugonot Petit

Vestido polo Lacoste couture por Freaky Debbie

Às vésperas do maior evento multiesportivo internacional, a exposição também presta homenagem às Olimpíadas. Por lá, o espaço contará com uma pista de corrida simulada com anéis dourados, além de fotos históricas de astros do esporte que fizeram história e têm uma relação com a moda. É o caso do jogador de futebol francês Zinedine Zidane, que já posou para uma campanha da Christian Dior, e da tenista japonesa Naomi Osaka, embaixadora da marca Louis Vuitton desde 2021

Esportes de inverno como o esqui e o patins no gelo, que permitiram que as mulheres usassem calças em uma época em que isso ainda era tabu, também estarão em destaque. Delicie-se com os suéteres da Hermès dos anos 1930 e os trajes de esqui vintage do Club Med de 1980.

Embora tenha sido apenas na década de 1980 que o vestuário esportivo realmente decolou, a pesquisa abrangente da exposição também mostra como a moda esteve à sombra dos Jogos Olímpicos, desde estilistas como Emilio Pucci, que fez parte da equipe olímpica italiana de 1936, até Ottavio Missoni, que foi um campeão dos 400 metros.

Há também uma seção dedicada ao skate e ao surfe, e como o vestuário esportivo fez seu caminho até a alta costura. Espere ver como o hip-hop mudou a identidade do vestuário esportivo e como o movimento de “logomania” criou expectativa em torno desse gênero de roupas.

Em resumo, a nova mostra vem para oferecer uma nova maneira de enxergar o vestuário esportivo (até mesmo os seus próprios tênis). Além de, spoiler, desmentir completamente a famosa citação de Karl Lagerfeld: “Calça de moletom é um sinal de derrota. Você perdeu o controle da sua vida, e comprou uma”.