Feiras de arte, um fenômeno global

14 de setembro de 2023
Flavio Freire/Cortesia Galeria Nara Roesler

Galeria Nara Roesler, ArtRio 2023, detalhe da obra de Jonathas de Andrade, Café e burocracia 2022

Muitas vezes nos perguntam quantas feiras de arte nossa galeria participa por ano. Atualmente a média da Galeria Nara Roesler gira em torno de oito feiras ao ano, incluindo as duas principais no nosso país, a SP-Arte, desde a edição inaugural em 2004, e a ArtRio, na qual também participamos desde sua fundação em 2011, e onde esta semana estamos até domingo, 17 de setembro. Adoramos participar das duas, cada qual com suas características, ambas importantíssimas, montadas em locais icônicos, maravilhosos.

Nossa empresa é familiar, oficialmente iniciou em 1989, em São Paulo, quando me mudei para cá do Recife, onde nasci e estão minhas raízes. Sempre estive envolvida com arte, meu avô foi diretor da Escola de Belas Artes da Universidade de Pernambuco e eu tinha a honra de acompanhá-lo aos ateliers dos artistas! Eu adorava! Minha primeira experiência profissional aconteceu nos meus 22 anos. Impetuosamente, sem um espaço formal, me joguei com tudo no mercado da arte. Com muita garra, botando fé no meu faro, eu ia de um lugar a outro de minha cidade natal com as telas amarradas no teto do meu carro, som ligado, cabelos ao vento. As obras eram guardadas nos aposentos da minha casa, expostas nas paredes.

Veja as obras de arte da Galeria Nara Roesler na feira ArtRio 2023

Galeria Nara Roesler, obra do artista suíço Heinz Mack, Coloured Glass-relief 1983/2010
Galeria Nara Roesler, ArtRio 2023, detalhe da obra na ArtRio 2023 de Maria Klabin de 2022
Galeria Nara Roesler, ArtRio 2023, obra de 2019 de Jaime Lauriano.
Galeria Nara Roesler, ArtRio 2023, detalhe da obra de Jonathas de Andrade, Café e burocracia 2022
Galeria Nara Roesler, ArtRio 2023, detalhe da obra de Jonathas de Andrade, Café e burocracia 2022

Em meio àquela informalidade recebia os clientes, com meus filhos ainda pequenos. Por benção do deus Apolo, patrono das artes e da cultura, convencia-os a adquirir uma obra ou outra e a aceitar minha proposta envolta pela intensidade da energia jovem com a qual eu transmitia as histórias dos artistas e a intenção de seus trabalhos, como os de José Claudio, Francisco Brennand, Samico e, mais tarde, Paulo Bruscky, mestres das artes plásticas de Pernambuco, hoje nos principais museus brasileiros. Não tenho dúvida que essa atmosfera esfuziante fincou no coração dos meus filhos – todos os cinco – o respeito e a paixão que eles sentem pela Arte.

Tenho a felicidade de trabalhar com dois deles, sócio-diretores sêniors do nosso negócio, que hoje se divide entre a sede em São Paulo, na avenida Europa, e duas filiais, uma no Rio, em Ipanema, desde 2014, e a outra em Nova York, no Chelsea, nosso terceiro endereço, no qual nos lançamos, com a cara e a coragem, no ano seguinte. Trabalhando conosco desde 2010, Alexandre, 53 anos, administrador de empresas, é o responsável por gerenciar as vendas, o financeiro, as operações e a administração geral da GNR, como chamamos nossa empresa.

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Daniel, 51 anos, entrou dez anos antes, na virada do milênio, trazendo na bagagem diploma de engenheiro de produção formado pela Poli-USP e o MBA em finanças pela Columbia Business School. É ele quem administra o departamento de feiras. Na verdade, não é bem um departamento efetivo, dependendo da ocasião, diferentes pessoas se envolvem no processo, de curadores a produtores, além do nosso time de vendas que está constantemente em viagem. Sim, o ritmo é bem intenso. O start se dá com a preparação dos applications, passando pelo planejamento logístico até a execução final. Muitas decisões e inúmeros detalhes para a “máquina” GNR funcionar a todo vapor.

Setembro é um mês punk, participamos em duas feiras, em dois continentes. Na semana passada, levamos nossos artistas para o Armory Show, em Nova York, em sua terceira edição no Javits Center no West Side de Manhattan, mas originalmente fundado em 1913. Esta semana estamos presentes na ArtRio, na Marina da Glória, sob o cenário da Baía da Guanabara.

Sem contar que nesse período ainda aproveitamos para inaugurar duas exposições. Na nossa galeria de Nova York até 21 de outubro, estreamos a individual “Geometria do Acaso” de José Patrício (tema da coluna de julho), e em nossa sede carioca, “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”, primeira individual póstuma dedicada a Amelia Toledo, tema da próxima coluna.

Arrematando, Daniel resume: “As feiras continuam sendo plataformas muito importantes para a Galeria Nara Roesler. São nelas que reencontramos muitos colecionadores com quem criamos relacionamentos, conhecemos novos interessados nos nossos artistas e iniciamos muitas conversas com curadores. Também são momentos do calendário quando podemos rever nossos colegas, e onde nascem ideias de colaborações. Nossos artistas se beneficiam enormemente da visibilidade que recebem nas feiras que participamos ao redor do mundo.” E assim, como dizia o grande Fellini, “la nave va”.

Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) cynthiagarciabr@gmail.com

Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.

info@nararoesler.art
Instagram galerianararoesler
http://www.nararoesler.com.br/