O bom e velho terno de escritório para ambientes formais segue um clássico, mas a dupla calça e paletó, um pouco mais versátil, ganhou outros contextos, formas e combinações. A seguir, estilistas refletem sobre a atualização do costume.
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Ricardo Almeida
“Na inauguração da minha loja tinha terno cinza, azul turquesa e de linho. Comecei fazendo tudo muito diferente do que existia por aqui”, lembra. O negócio ousado foi um sucesso e virou queridinho de artistas e empresários do universo criativo. Mas com o tempo, apesar do crescimento, ele notou que os donos de empresa mais tradicionais não entravam na loja.
A marca como conhecemos hoje, bem menos intergaláctica, foi moldada para atrair o homem que preza pela qualidade do produto final. Não importa o estilo. “O empresário mais clássico, que não era o bonitão da novela nem o publicitário badalado, só passou a entrar aqui depois que o Duda Mendonça me convidou para vestir o Lula na campanha da primeira eleição. O cara que não era tão alto ou não tinha o corpão do Edson Celulari — que eu vestia na novela — viu que também podia ter um visual impecável e passou a me procurar”, diz.
Ricardo sente que hoje o público masculino tem acesso a um volume muito maior de informação de moda e, por isso, a relação do brasileiro com a alfaiataria está mudando. “Já tenho cliente que entra aqui hoje e pede um costume oversize com calça pantalona, por exemplo. Acabei de fazer esse look para o Enzo Celulari, filho do Edson. Mas ainda não é a maioria. Não quero fantasiar ninguém. Gosto de entender quem é o meu cliente e vesti-lo dele mesmo, da melhor forma possível”, conta.
“Hoje, o costume oversize, a calça com pregas e a lapela mais larga são o que há de mais novo no mercado. Mas não é todo mundo que gosta ou se sente bem para usar. A maioria dos homens ainda moderniza o visual cotidiano ao usar uma calça mais curta com mocassim sem meias, por exemplo”, diz.
Para ele, o homem que procura atualizar o costume precisa primeiro refletir sobre o próprio estilo. E a alfaiataria parece ser a ferramenta perfeita para isso. Ele revela que, quando atende uma pessoa que pede algo especial sob medida, o céu é o limite, mas que também adora quando o cliente sai da loja feliz da vida com seu terno superclássico.
“Hoje o bom da moda é que não temos mais regras. É possível fazer misturas de tecidos, de texturas, de estilos variados. O paletó certo é uma peça bem acabada, com bom tecido e que represente quem você é”.
Elegante e atual: Como dar novos ares ao costume
Prada
Raf Simons, codiretor criativo da Prada
Hugo Boss
“Para atualizar o costume vale trabalhar elementos contrastantes, como cores secas e fluidas; opaco e transparente; passado e presente. A justaposição serve como base de uma nova exploração de estampas, tons e texturas. É importante misturar acessórios, como lenços, cachecóis, colares e gravatas diferenciadas, para elevar a alfaiataria no cotidiano. É uma reflexão para avançarmos com ousadia no futuro”
Marco Falcioni, diretor criativo da Hugo Boss
DOD – Não Tradicional Alfaiataria
“Como uma Não Tradicional Alfaiataria procuramos estabelecer novos olhares sobre o clássico. Traduzimos isso explorando tecidos, texturas e cores sob o recorte da alfaiataria. Isso possibilita novas maneiras de usá-la em ocasiões diferentes durante o dia, sem falar na possibilidade de combinar com peças casuais como malhas, regatas e sneakers, ou até se permitindo um look mais confortável com peças mais oversized, sem nunca perder o cuidado com acabamentos e detalhes na construção das roupas.”
Jubba Sam, diretor criativo da DOD Alfaiataria
Do luxo ao casual
Uma das marcas mais luxuosas do mundo, a Zegna entendeu logo que o universo da alfaiataria estava em transformação e, sob comando do estilista Alessandro Sartori, passou por mudanças também. A equipe criativa conta que a última coleção foi guiada pela versatilidade, pelo conforto e por um estilo sem tanta rigidez.
Reportagem originalmente publicada na edição 107 da Forbes Brasil