Por dentro da mansão extravagante e repleta de arte que foi de Edemar Cid Ferreira

14 de janeiro de 2024
Caco Parise

Foto tirada em 2021 da fachada ex-mansão de Edemar Cid Ferreira no Morumbi, leiloada após a falência do Banco Santos

O ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, fundador do Banco Santos, morreu neste sábado (13) aos 80 anos, vítima de uma parada cardíaca. Entre os bens do empresário, que já foi um dos homens mais ricos do Brasil, estava sua extensa coleção de arte e um mansão de 8 mil metros quadrados e cinco andares no Morumbi, bairro de classe alta de São Paulo.

A propriedade, construída entre 2000 e 2004, custou mais de R$ 140 milhões ao ex-banqueiro. Além do seu tamanho, três grandes nomes da arquitetura nacional se juntaram no imóvel: a casa foi projetada por Ruy Ohtake, teve o paisagismo feito por Roberto Burle Marx e conta com esculturas de Oscar Niemeyer.

Visão aérea da mansão, localizada no ponto mais alto do bairro do Morumbi em São Paulo
A propriedade tem mais de 8.000 m²
Entrada da mansão
Área externa, com paisagismo de Burle Marx
Localizada no bairro do Morumbi, a mansão tem vista para o Jóquei Clube e Marginal do Pinheiros
Piscina interna da mansão
Sala de jantar que ainda conta com a famosa mesa de jantar feita de mogno, de dez metros de comprimento, 24 lugares
Sala de estar

Símbolo da fortuna de Cid Ferreira, a casa tem piscina coberta e descoberta, sala de ginástica, quadras de tênis e squash, adega para cinco mil garrafas e heliponto homologado. Outros luxos incluíam banheiros de vidro com tecnologia que muda de cor para sinalizar que alguém está usando, mármores importados da França e elevadores pneumáticos.

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Mas um dos grandes destaques mesmo era a coleção de arte que ela abrigava. Em seus dias de glória, antes de fazer parte da massa falida do Banco Santos, a mansão guardava pinturas, esculturas e fotografias de grandes artistas. Nomes como Tarsila do Amaral, Jean-Michel Basquiat, Amilcar de Castro, Tunga, Mira Schendel, David Hockney e Frank Stella. Além de uma escultura de Brecheret.

Divugação

The Foundling N#6 – Série Kleist Novellas, de Frank Stella

Em 2020, quase 2.000 mil peças, parte do acervo de Cid Ferreira na casa, foi à leilão para ajudar a pagar as dívidas do banco. A principal e mais cara obra foi o painel The Foundling N#6 – Série Kleist Novellas de 16 metros de comprimento e 4,6 metros de altura, do artista Frank Stella, um dos grandes nomes do minimalismo. A pintura acrílica sobre tela siliconada, datada de 2004, foi leiloada com lance inicial fixado em R$ 3 milhões.

Antes disso, uma das primeiras obras-primas de Basquiat, “Hannibal” (1982), havia sido leiloada pela Sotheby’s em Nova York por US$ 14,71 milhões. A peça integrava parte da antiga coleção de ex-banqueiro que foi recuperada pela Interpol depois de ter sido ilegalmente enviada para os Estados Unidos, para lavagem de dinheiro. O quadro entrou no território americano em 2007, como se valesse US$ 100.

Sotheby's

Obra “Hannibal”, de Basquiat, era uma das mais valiosas da coleção de Edemar Cid Ferreira

Histórico da mansão de Edemar Cid Ferreira

Finalizada em 2004 ao custo de mais de R$ 140 milhões a Edemar Cid Ferreira, não demorou muito para que a mansão fosse tomada após o rombo financeiro de R$ 2,2 bilhões deixado pelo banco Santos.

Inicialmente avaliada em R$ 110 milhões, a residência teve o valor reduzido para R$ 76,8 milhões. Chegou a ser posta em leilão por três vezes, sem sucesso. Somente em fevereiro de 2020 a propriedade foi arrematada por R$ 27,5 milhões pelo bilionário Janguiê Diniz, conhecido nome no setor brasileiro de ensino superior, do grupo Ser Educacional. No local, ele pretendia instalar uma escola de alto padrão de ensino básico, mas por causa da pandemia, a ideia foi engavetada e a mansão voltou ao mercado.

Nos dias atuais, a propriedade mostra sinais de abandono e deterioração.