O novo espaço funciona como um hub multifuncional: ateliê, showroom e local para workshops e eventos. “O projeto foi concebido em colaboração com a arquiteta Carolina Maluhy, minha amiga e parceira, que está comigo em todos os projetos.” A estilista confessou que, após vender sua marca para o Grupo Soma, em 2020, conseguiu focar no que realmente gosta: o lado criativo.
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Cris também comemora os bons números e conquistas de 2023. Preocupada com o meio ambiente e o aspecto humano, a marca acaba de integrar o Movimento B, índice internacional que certifica empresas comprometidas em gerar resultados positivos tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental e social.
Uma postura mais leve e consciente com a vida se deu após o nascimento de Gaia, sua filha, de 5 anos. “A maternidade foi um momento muito intenso e especial, quando comecei a sentir e a enxergar a vida de uma maneira mais feliz. Aprendi que, mesmo em momentos mais desafiadores, temos que ter paz de espírito e amor para saber conduzir as situações.”.
Cris foi mãe depois dos 40 anos. Sobre a experiência de uma maternidade mais madura, ela fala: “Quando você está mais jovem, está ali batalhando para construir sua carreira profissional, ir a todas as festas, viagens, tem milhões de inseguranças. Com a maturidade, as prioridades mudam, e hoje a minha número 1 é sempre minha filha”.
A seguir, os melhores momentos da conversa com Cris Barros.
Forbes – Como está a Cris Barros hoje?
Cris Barros – É engraçado, a vida é de fases, né? Hoje, vejo que consigo manejar melhor o que chamo de “tripé da felicidade”, que é o equilíbrio entre família, trabalho e tempo com os amigos. Mas, durante muitos anos, fui extremamente focada só em trabalho.
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E quando isso mudou?
Acredito que quando eu, enfim, tive filho, comecei a enxergar tudo com uma perspectiva nova. A marca também completou 21 anos em um bom momento.
Sempre quis ser mãe?
Sempre foi um desejo muito grande. Fiz tratamento para ter a Gaia, e, quando ela chegou, transformou minha vida. Passei a ver a vida com muito mais gratidão. A Gaia me deixou muito mais criativa, mais apaixonada pela vida, pelo meu trabalho, por tudo.
Como foi ter uma filha mais madura? Acha que fez diferença?
No meu caso, sim. Quando era mais jovem, estava batalhando para construir minha carreira profissional. Ia a todas as festas, viagens, tinha milhões de inseguranças. Tenho muita amiga que fala que não conseguiu curtir tanto a maternidade e se arrepende porque as prioridades eram outras. Hoje minha prioridade é sempre minha filha. Chega o final de semana e a programação é sempre com ela, aí eu reúno meus amigos e ficamos todos juntos. Tem gente de todas as idades, gosto dessa troca.
Estão sempre juntas, parece que ela é sua grande companheira…
Voltando para a marca, agora ela é oficialmente maior de idade!
Exatamente, a marca completou 21 anos dentro do Grupo Soma, que, a meu ver, é o melhor grupo de moda do mercado. Isso me deixa livre para exercitar o que realmente amo, que é o lado criativo. Então, voltando à sua pergunta inicial, considero que cheguei em um momento da vida que sonhei lá atrás. Hoje sinto que conquistei uma estabilidade, mesmo com todos os desafios dessa união trabalho, tempo e família, que sabemos que são muitos.
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Está mais madura e realizada?
Estou mais apaixonada pelo meu trabalho, mais criativa. Consigo ter foco, tempo e dedicação ao que realmente amo. Sinto que estou colhendo os frutos de tudo o que plantei lá atrás, e continuo querendo trabalhar mais, mais e mais.
E a Casa Cris Barros veio para coroar esse momento?
E já descobriu qual é ele?
Há uns sete anos, comecei um trabalho beneficente com a ONG Casa do Rio. Foi nesse momento que senti que podia usar a marca Cris Barros para fazer o bem. Vejo essa conscientização da marca e de todos que trabalham nela como um legado.
Usar a marca para fazer o bem é o que quer deixar de legado?
Atualmente me sinto muito feliz em saber que fazemos uma grande diferença na vida das mulheres amparadas pela ONG na Amazônia, mas, olhando a complexidade que é o nosso país, ainda é muito pouco. Eu e minha equipe estamos sempre em busca de possibilidades para usar a marca para fazer mais e mais o bem e mudar mais vidas. Depois que tive filho, também entrou a Sinapse, ONG que trabalha na alfabetização de crianças. Ajudar traz um gás a mais na vida.
Como é ter uma marca com o seu nome?
A marca é como um filho para mim, para minha irmã [Daniela Verdi] e para o Phil [Luiz Felipe Verdi, seu cunhado]. É um filho nosso, está na nossa família há mais de 20 anos e nunca senti o peso do meu nome nela.
E como foi depois que vendeu a marca para o Grupo Soma?
Dizem que pessoas criativas não gostam de lidar com as burocracias do negócio. Você se encaixa nessa teoria então (risos).
Sou uma pessoa muito criativa, e o mais genial de tudo é a troca que conquistei com minha equipe, que se doa para a marca tanto quanto me doo para eles. Criamos uma confiança incrível, consigo delegar com tranquilidade e isso me traz muita satisfação e dá mais vontade de estar inserida em tudo, de conquistar novas coisas, de ter novas ideias, porque sei que tenho pessoas muito talentosas e capazes ao meu redor.
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Em que ano vendeu a marca para o Grupo Soma?
Fizemos uma primeira negociação em 2016, quando vendemos 49% da marca, com a possibilidade de recomprar se o namoro não desse certo. O namoro deu certo e, em 2020, no meio da pandemia, o grupo fez IPO. Estávamos indo super bem e decidimos ficar. Então, trocamos os nossos 58% por ações do grupo. Hoje somos sócios acionistas e conto com uma liberdade total na marca Cris Barros.
Além de roupas, você vende um lifestyle, já que a marca diz muito sobre você. O que traz da sua vida para as roupas?
E quando aterrissa?
Nas horas certas, como quando preciso entregar uma coleção. (risos).
Quais são suas maiores inspirações na hora de criar?
Quando crio uma peça, gosto de imaginar que consigo transportar as pessoas para um universo específico. A marca é espontânea, muito feminina e está em constante evolução, no sentido de sempre tentar me superar a cada nova coleção. Me questiono constantemente sobre novas formas, tecidos, conceitos, moodboards e como conservar a minha equipe inspirada. Sempre segui meu instinto, me inspirando naquilo que estou vivendo no momento. Somos isto: as lembranças e referências de viagens, pesquisas, pessoas e minha paixão pela moda e arte.
Trabalha com sua irmã [Daniela Verdi] e cunhado [Luiz Filipe Verdi] há muitos anos. Como é essa dinâmica familiar?
Fundei a marca em 2002 e a Dani chegou à empresa em 2004, trazendo uma grande experiência em multinacionais. Formada em economia, ela consolidou estratégias, processos e operações, criando uma ponte entre o comercial e o produto, profissionalizando ainda mais a marca. Dois anos depois, veio o Phil, dono de uma expertise em consultoria estratégica que foi essencial para a evolução da Cris Barros. Com três sócios, nunca dá empate! Os nossos perfis são muito complementares, compartilhamos uma afinidade que vai além da intimidade familiar: trata-se de uma sintonia de valores, olhares e objetivos comuns.
Como resume esses 21 anos e o que espera dos próximos?
Entrevista publicada na edição 113 da revista, disponível nos aplicativos na App Store e na Play Store e também no site da Forbes.