Em breve haverá ainda mais, mas as versões de duas fileiras do EQS SUV também competem com o recente iX, da BMW. À medida que o campo da eletricidade cresce, o mesmo acontece com a concorrência, e este Mercedes certamente atrairá muita atenção dos compradores ávidos por elétricos premium.
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Derivado do futurista e luxuosamente equipado EQS Sedan e sobre a mesma plataforma, o EQS SUV se destaca tanto quanto, mas oferece mais espaço, um formato mais convencional e alguns talentos e recursos que o sedã não oferece. Existem algumas desvantagens, ou seja, ainda mais peso, mas este é claramente o SUV totalmente elétrico mais luxuoso do mercado e distintamente menos estranho do lado de fora do que o iX.
Infelizmente, nenhuma versão AMG parece estar no horizonte e o tamanho extra significa peso extra sobre o sedã, mas há muito o que amar nesse carro cheio de tecnologia de ponta, belos detalhes e confortos relaxantes. Fora o bom desempenho dentro e (surpreendentemente) fora do asfalto.
Haverá três versões: 450+ (tração traseira e motor único de 355 cavalos de potência e 58 kgfm de torque), 450 4Matic (tração integral e motor duplo de 355 cv e 82 kgfm de torque) e 580 4Matic (tração integral e motor duplo de 536 cv e 87 kgfm de torque), com alcances de 456 a 488 quilômetros.
Ao volante do EQS SUV
A forma suave e musculosa faz com que o EQS SUV pareça menor do que realmente é, pois são 5,13 metros de comprimento. Mas, rodando, você sempre sabe o quão robusto ele é – o grande Benz pesa pouco menos de três toneladas na versão 450+.
Guiando o EQS SUV pelas curvas da Arapaho National Forest, a grande máquina provou ser surpreendentemente envolvente e muito estável, mas nenhuma quantidade de truques de amortecimento variável e suspensões a ar podem realmente disfarçar todo esse volume.
Ainda assim, mesmo estradas sinuosas podem ser divertidas neste SUV, particularmente no modo Sport, que enrijece a suspensão, reduz a altura entre o solo e firma a resposta da direção. Dito isto, é muito mais preciso e parecido com um carro do que barcas como o Cadillac Escalade ou o Lincoln Navigator. O BMW iX é mais ágil, mas também é menor e mais leve.
As distâncias de parada também parecem mais longas do que a impressionante frenagem de seu irmão GLS, movido a gasolina. Depois de ser fechado na estrada por um Toyota Tacoma, tive a certeza de que o sistema de frenagem automática funciona muito bem. Você não pode parar os gremlins do caos, mas o EQS intervém rapidamente quando detecta algum perigo.
Como no EQS Sedan, existem quatro configurações de regeneração de freio (Strong, Normal, None e Intelligent), que levam em consideração o tráfego e a geografia e são controladas por paddle shifts atrás do volante. O modo Strong (Forte) não é tão agressivo quanto em alguns outros EVs e, desconcertantemente, o pedal do freio se move sozinho durante a regeneração.
O controle de cruzeiro adaptativo é padrão e, embora não seja um verdadeiro sistema autônomo, é tão suave e preciso quanto o Super Cruise da GM e o Autopilot, da Tesla. Na Europa, a Mercedes-Benz já está vendendo seu sistema Drive Pilot, semi-autônomo Nível 3.
Dentro da floresta
O modo off-road aumenta a altura do solo em 25 mm e também inclui controle de descida de rampas. Há também um útil inclinômetro, e assim o EQS SUV não teve problemas em obstáculos moderados – tendo até enfrentado alguns maiores. Mas a característica mais útil aqui foi o esterçamento do eixo traseiro, capaz de virar as rodas em até 10 graus.
A direção do eixo traseiro torna o EQS SUV excepcionalmente manobrável, com um raio de giro de pouco mais de 11 metros. Acima de 60 km/h, as rodas traseiras acompanham as dianteiras, tornando as mudanças de faixa mais estáveis.
Enquanto o R1S domina o off-road, o EQS SUV pode fazer coisas fora da estrada que o iX e o Model X simplesmente não podem – a montagem de pneus todo-o-terreno no Tesla é muito mais difícil pelo design dos freios e da suspensão.
Conforto energizante
Como o EQS Sedan e o EQS SUV estão tão intimamente relacionados, é natural que a cabine do utilitário seja muito parecida com a do sedã, mas isso não é ruim. E embora o Hyperscreen de 56 polegadas seja futurismo de parede a parede e a iluminação ambiente seja um sonho de neon, o resto do interior joga com os pontos fortes de luxo tradicionais da Mercedes-Benz. É lindamente detalhado, confortável e imaculadamente trabalhado.
Nas versões 450+ e 450 4Matic as telas são menores, mas o Hyperscreen é opcional nelas e padrão na 580 4Matic. Na verdade, são três telas em uma: a central de 17,7 polegadas e duas unidades de 12,3 polegadas em ambos os lados, para motorista e passageiro. Ao contrário do sedã, a tela do passageiro do SUV agora pode transmitir vídeo em movimento, mas os sensores escurecerão a tela se detectarem que o motorista está se distraindo.
O sistema de navegação de realidade aumentada e o head-up display da versão 580 4Matic tornam quase impossível entrar na pista ou na curva erradas, além de terem ótima aparência. A desvantagem da hipertela, apesar do excelente design de experiência do usuário do sistema de infoentretenimento MBUX, é a possível distração.
Motoristas do EQS SUV terão que parar para recarregar a bateria a cada 480 km, mas o software “Energizing Comfort” vem com som, vibração do assento e experiências visuais para mantê-los energizados. Esse conceito parecia brega, até que usei o ciclo “Sons do Mar”. As vibrações cristalinas do sistema de som Burmester eram realmente relaxantes.
Em termos de qualidade de material e design do interior, apenas o iX se compara. Mas beira o austero, enquanto o Mercedes é excessivamente luxuoso. O Tesla parece barato com seus plásticos e o Rivian soa mais simples e utilitário.
Os bancos dianteiros, aquecidos e ventilados, são tão confortáveis quanto os de um Bentley Bentayga, e o banco traseiro é extremamente espaçoso na configuração de duas filas, com mais de 1 m de espaço para as pernas, mais do que BMW, Tesla ou Rivian. As coisas ficam mais sombrias com três fileiras, já que ali os assentos são para crianças pequenas, e encaixá-los lá atrás significa mover a segunda fila um pouco para a frente.
Autonomia e recarga
A Mercedes afirma que todas as três variantes do EQS podem carregar de 10% a 80% em 31 minutos em um carregador rápido de 200 kW, embora encontrar um deles ainda possa ser uma verdadeira odisseia. Por enquanto, é mais sensato planejar o carregamento noturno em casa (são 12 horas e meia de zero a 100% em um Wallbox de 240 V) ou assumir que a maioria dos carregadores rápidos não terá mais de 150 kW, o que significa esperas mais longas.
O Mercedes-Benz EQS SUV estreia nos EUA neste mês, custando entre US$ 105.550 e US$ 127.100. É uma alternativa verdadeiramente atraente diante da Tesla (e de muitos SUVs de luxo movidos a gasolina), produzido por uma marca reconhecida pela qualidade e inovação tecnológica. Existem algumas desvantagens: não é tão rápido quanto alguns de seus rivais, a terceira fileira é apertada e o carregamento rápido pode ser mais difícil.
Mas é de longe o SUV elétrico de grande porte mais luxuoso do mercado até agora e uma máquina confortável e fácil de usar.