Mas, ao contrário de alguns concorrentes, a Honda não está pronta para abandonar os sedãs, que também foram renovados. Como o segundo produto mais vendido da montadora japonesa em 2022, o sedã médio prova que carros do gênero estão longe de morrer.
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E, com base em minha primeira viagem com o Honda Accord 2023, há boas razões para acreditar que ele pode realmente ganhar força quando começar a chegar aos showrooms das concessionárias dos EUA este mês. Mas e no Brasil?
Em janeiro do ano passado, menos de seis meses após ser lançado, o Honda Accord – estreante por aqui mas já no fim da 10ª geração – saiu de linha no mercado brasileiro. Vendido apenas em uma versão, híbrida, era o único modelo eletrificado da marca japonesa por aqui.
Agora a 11ª geração do sedã está chegando ao mercado norte-americano, mas não há uma confirmação oficial da Honda de que retornará ao Brasil – estava afinal fora da lista de novidades anunciadas pela marca no fim do ano passado. Deveria estar nela, contudo.
Maior, melhor e mais sofisticado
A Honda tomou várias medidas destinadas a manter o Accord rejuvenescido e os compradores fiéis – ao mesmo tempo em que conquistou os clientes de sedãs que as marcas concorrentes abandonaram. Há novo design, cabine maior, linha atualizada de recursos tecnológicos e uma escolha atualizada de powertrains, incluindo um novo pacote híbrido. Uma deficiência potencial: ainda não há opção de tração nas quatro rodas, cedendo esse terreno para rivais diretos como Kia K5, Nissan Altima, Toyota Camry e Subaru Legacy.
O Honda Accord 2023 adota um visual mais sofisticado, com um nariz mais ereto, faróis de LED escurecidos, um capô mais longo, linhas de caráter mais nítido e um teto “fastback”. A parte traseira também foi alargada, projetada pela Honda para melhorar a estabilidade.
Há também detalhes mais distintos entre as versões. Os modelos LX, EX e EX-L, por exemplo, ganham grades de malha preta e espelhos laterais na cor da carroceria. Os pacotes Sport e Sport L apresentam espelhos laterais pretos, spoiler e rodas de liga leve de 19 polegadas. O Accord Touring, topo de linha, tem rodas de liga leve preta brilhante e acabamento externo em prata e preto.
Passe mais do que um pouco de tempo atrás do volante e você provavelmente apreciará os novos “Assentos Estabilizadores Corporais”, que usam alguns truques técnicos para evitar que você salte tanto quanto em bancos convencionais. Isso foi perceptível mesmo durante meu dia de carro por San Diego e subindo a região montanhosa a leste da cidade. Estou ansioso para experimentar os assentos nas estradas profundamente esburacadas de Michigan nos próximos meses.
Assim como a versão mais recente do Civic, o Accord adota novos elementos de design em forma de favo de mel no painel de instrumentos, padrão este que ajuda a esconder as saídas de ar do sedã.
Mais tecnologia sem complexidade adicional
O Accord de décima primeira geração coloca ainda mais foco na tecnologia do que o antecessor, começando com um painel de instrumentos digital de 10,2 polegadas. Nos modelos híbridos, a tela sensível ao toque de 12,3 polegadas é a maior que a Honda já ofereceu e, felizmente, mantém um botão de volume físico. Apple CarPlay e Android Auto sem fio são padrão, dependendo do modelo – nos acabamentos básicos a conexão é via fio e a central multimídia é de 7 polegadas.
Todas as opções do Accord 2023 terão a capacidade de receber atualizações over-the-air, como em smartphones. O sistema OTA será capaz de atualizar praticamente todos os softwares disponíveis.
E o Honda Sensing, o pacote de sistemas avançados de assistência ao motorista da montadora, é padrão em todos os catálogos. Recursos como aviso de colisão com frenagem automática de emergência, controle de cruzeiro ativo e aviso de saída de faixa foram mantidos.
Os compradores têm duas opções de motorização, começando por um 1.5 turbo de quatro cilindros, 192 cavalos de potência razoavelmente vigorosos e 26,5 kgfm de torque. Mas a montadora espera que pelo menos metade dos compradores do Accord opte pelo modelo híbrido.
Infelizmente, o antigo 2.0 turbo de 255 cv que liderava a gama foi eliminado. Mas a maioria dos compradores ficará muito satisfeita com a forma como o novo Accord se comporta ao volante.
Como anda o novo Accord
Indo para o oeste da comunidade à beira-mar de Encinitas, o novo Accord Hybrid não teve problemas para acompanhar o tráfego local e se fundiu perfeitamente na I-15, onde até mesmo as pessoas na faixa da direita estavam passando bem acima do limite de velocidade de 100 km/h.
Mesmo nas colinas mais íngremes, o novo Hybrid Sport se mostrou desenvolto. O conjunto elétrico é responsivo e a transmissão automática continuamente variável (CVT) se revelou bem mais suave do que no Accord anterior.
Fazendo uma visita obrigatória à Julian Pie Company, troquei meu Accord Sport pelo pacote Hybrid Touring de um colega. Existem diferenças sutis, mas ainda assim entregou mais estabilidade do que eu esperava, ao mesmo tempo que absorveu bem buracos e solavancos pelo caminho.
No final do dia, me encontrei com a versão 1.5 turbo, que também ofereceu uma sensação mais refinada do que eu lembrava do Accord do passado. Isso reflete os ajustes feitos no trem de força e na carroceria. Dada a escolha, eu certamente ficaria com o híbrido, no entanto.
Para alguém que planeja manter seu Accord por mais de dois ou três anos, o custo adicional do modelo híbrido provavelmente será compensado pela economia de combustível, pois são impressionantes 21,7 km/l na cidade e 20,4 km/l na rodovia, de acordo com a EPA (a agência de proteção ambiental dos EUA). A variante turbo chega a 12,7 km/l na cidade e 16,1 km/l na estrada.
Nos EUA, o Honda Accord 2023 começa em razoáveis US$ 28.390 (R$ 147 mil), com o híbrido indo a US$ 31.895 (R$ 165 mil) e o Hybrid Touring chegando a US$ 37.890 (R$ 196 mil). Se vier para o Brasil custará mais, pois R$ 244.900 é o que a Honda pede pelo Civic Touring, um patamar abaixo do Accord.
Mas, se minhas impressões iniciais de direção servem de indicação, o novo Accord vale o preço. E pode ajudar a Honda a manter os compradores que estariam prontos para mudar para um SUV.
Paul A. Eisenstein é um premiado editor, fotógrafo e um dos jornalistas automotivos mais amplamente divulgados do mundo, cujo trabalho aparece em uma variedade de meios impressos, televisivos e eletrônicos, incluindo Forbes Wheels e seu próprio site automotivo, TheDetroitBureau.com. É jurado da North American Car and Truck of the Year, membro do conselho e ex-presidente da Automotive Press Association. A J.D. Power também o nomeou como “Pioneiro da Internet”.