A Toyota anunciou nesta quarta-feira (19) investimento de R$ 1,7 bilhão na produção de um novo automóvel compacto híbrido flex no Brasil, marcando uma ampliação no portfólio “verde” da marca que foi a primeira no país a apostar nessa motorização.
O investimento foi possibilitado por acordo da montadora com o governo de São Paulo, onde estão as fábricas da Toyota no Brasil, para a liberação de cerca de R$ 1 bilhão em créditos tributários gerados e acumulados em atividades principalmente de exportações do grupo japonês. A liberação dos recursos se dará ao longo dos próximos quatro anos.
“A gente vai trocar crédito de ICMS acumulado. Esse dinheiro vai virar aquisição de bens de capital, contratação de pessoas”, disse o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “Faz muito sentido trocar Capex (investimento) por tributo”, acrescentou.
A Toyota não informou o total de crédito que tem junto ao Estado de São Paulo, mas o gerente de tributação da companhia no país, Rafael Ceconello, afirmou que o valor é maior que o R$ 1 bilhão que será usado no projeto do novo carro.
“Todos sabemos a importância do etanol na matriz energética brasileira. É uma solução muito prática, sustentável e acessível”, disse o presidente da Toyota no Brasil, Rafael Chang, durante o anúncio na sede do governo paulista.
A montadora japonesa foi a primeira no Brasil a lançar e produzir um carro com motorização híbrida flex, capaz de funcionar a bateria, gasolina e etanol. O modelo lançado foi o sedã Corolla em 2019 e hoje já há uma versão utilitária com essa motorização, o Corolla Cross. Os carros são produzidos no país em São Paulo com componentes como bateria e motor elétrico importados.
Chang afirmou que o modelo compacto, que ainda não tem nome, começará a ser produzido no final de 2024 e também vai utilizar baterias importadas do Japão, mas que o lançamento do carro vai ajudar a montadora a ampliar o mercado para uma eventual localização do componente, o mais caro em um veículo híbrido, no Brasil.
O modelo também será exportado para a América Latina, afirmou o executivo, evitando citar detalhes como preço ou características do veículo.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva tem discutido com algumas montadoras medidas que permitam a venda de um chamado “carro verde de entrada”, que seria mais acessível à população e com tecnologia que reduza emissões de poluentes. As conversas ocorrem enquanto as vendas de carros híbridos e elétricos, ainda que tenham cifras globais modestas, têm disparado no país.
Segundo dados da associação de montadoras, Anfavea, as vendas de veículos híbridos e elétricos no Brasil no primeito trimestre somaram cerca de 14,8 mil unidades, expansão de cerca de 50% sobre o mesmo período do ano passado.
Atualmente, apenas as montadoras Stellantis e Renault trabalham no segmento de entrada no Brasil, com os modelos Mobi e Kwid, ambos a combustão, mas os preços estão na casa dos R$ 70 mil.