Dirigimos o Urus Performante, versão mais radical do SUV da Lamborghini

14 de junho de 2023
Foto: divulgação

Lamborghini Urus Performante

Performante é a mais recente evolução do SUV superesportivo Lamborghini Urus, que existe desde o final de 2017. Neste estágio maduro do ciclo do produto, o plano de negócios do CEO da marca italiana, Stephan Winkelmann, entra em ação com variantes sutis para impulsionar as vendas e transformar os “early adopters” em novos clientes.

Veja fotos do Lamborghini Urus Performante:

Lamborghini Urus Performante
Lamborghini Urus Performante
Lamborghini Urus Performante
Lamborghini Urus Performante na cor Viper Green
Lamborghini Urus Performante
Lamborghini Urus Performante
Lamborghini Urus Performante
Lamborghini Urus Performante
Lamborghini Urus Performante
Lamborghini Urus Performante
Lamborghini Urus Performante
Lamborghini Urus Performante

Não se trata de uma evolução selvagem do Urus, mas adiciona truques aerodinâmicos, é mais leve, comprovadamente mais rápido e oferece outros factóides de desempenho para aumentar o nível da categoria.

Como o Urus se baseia na plataforma MLB – mesma base de Porsche Cayenne, Bentley Bentayga e Audi Q7 –, o desenvolvimento em Sant’Agata (sede da Lambo) sempre foi uma questão de calibração do trem de força, da suspensão, dos freios e, claro, uma personalização externa e interna.

Em outras palavras, além da carroceria que ecoa a linguagem de design daquele lendário caminhão de reconhecimento militar do deserto, o LM002, dos anos 1980, o Urus tem tudo a ver com o trabalho do computador – e com elementos de engenharia compartilhados, o diabo está nos detalhes, e os detalhes significam a diferença entre as marcas do Grupo Volkswagen.

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A potência vem da mais alta especificação do 4.0 V8 biturbo do conglomerado, que viu a luz do dia pela primeira vez no Porsche Panamera. No Urus são 665 cavalos de potência, um pouco mais do que o Urus padrão e um pouco mais do que o mesmo V8 encontrado no Porsche Cayenne Turbo GT, embora isso seja talvez um erro de arredondamento para fins de marketing.

O torque chega a 86,7 kgfm, e combina com as trocas rápidas e nítidas, mas também suaves da transmissão automática de oito marchas. Resultado: 0 a 100 km/h em insanos 3,3 segundos, o que é tão rápido quanto alguns supercarros de poucos anos atrás e alguns milésimos mais rápido do que o SUV em sua configuração padrão. Nas arrancadas de semáforo o Urus brilha. Velocidades de passeio e de três dígitos são separadas por suspiros.

Deixe o câmbio no modo automático para mudanças de marcha perfeitas, ou acione o modo manual para o desafio adicional de pressionar as aletas atrás do volante antes de atingir a faixa vermelha do conta-giros. Seja como for, o Urus salta de um jeito impressionante para um carro que pesa 2.160 kg.

Com a Bentley aposentando seu W12 biturbo para aplacar as demandas ambientais, o Urus Performante e as versões Turbo GT e e-Hybrid do Porsche Cayenne são os três melhores e mais distintos desempenhos desta plataforma MLB e sua variante MLB-Evo.

A competência do Urus em estradas sinuosas combinada à utilidade cotidiana reafirma o argumento de que os supersuvs são os sucessores dos GT’s dos anos 1950 e 1960, assumindo o papel de modelos como o Lamborghini Espada, de duas portas. Ok, SUVs são algo mais próximos a peruas de quatro portas e não Gran Turismos em sua essência, mas cumprem uma missão semelhante: são grandes, rápidos e eficientes em garantir conforto em viagens de longas distâncias.

E, graças a todos os sensores e intervenções tecnológicas do século 21, o Urus é totalmente funcional no tráfego matinal (e infernal) das grandes cidades. Como é de se esperar de um carro do Grupo Volkswagen, a relação homem-máquina é excelente. Grande como é, o Urus torna-se uma extensão de si mesmo quando em movimento. As linhas de visão são excelentes, o veículo é fácil de se colocar em uma esquina, em uma espiral íngreme e apertada de garagem ou em um drive-through fortemente limitado – essas lindas rodas não vão acabar raspadas no meio-fio.

Estilo

Chefe de design da Lamborghini, Mitja Borkert precisava de comprimento extra para oferecer aquele arco gracioso típico dos carros da marca, e por isso optou pela versão de entre-eixos mais longo da plataforma MLB. O resultado prático é um excelente “pé-direito” traseiro e uma moldura alta da porta traseira. Tenho mais de 1,80 m de altura e não tive problemas para acessar o banco de trás. Há amplo espaço para as pernas, joelhos, cabeça e pés na segunda fileira. nos fundos para uma carona até o campo com seus amigos idiotas. Quanto ao porta-malas, o Urus pode levar de carrinhos de bebê à bagagem de viagem de uma família inteira.

Uma vez que Lamborghinis devem ser exuberantes e frenéticos – como uma jujuba psicodélica –, as opções de cor incluem Green Viper (verde), Arancio Borealis (laranja) e Giallo Inti (amarelo), remetendo aos Countach e Miura dos Swingin’ Sixties e dos Groovin’ Seventies. Mas, se não for chamativo o bastante, o cliente pode recorrer ao ateliê de personalização Ad Personam e pintar a carroceria no roxo Viola Parsifae. Vale lembrar que Lamborghinis não são flores de parede, não são para os tímidos e retraídos e não são sutis.

Negativos? Provavelmente devido às rodas opcionais de 23 polegadas com enormes Pirelli (285/35 na frente e 325/30 na traseira, o que é muito pneu), em alguns trechos de paralelepípedos e remendados da avenida o carro balança levemente de um lado para o outro, um movimento que os engenheiros do chassi chamam de “shimmy lateral”. Chame de preço da beleza. Dito isto, nem essa questão limitou o ângulo de esterço do Urus.

Outro negativo? As mudanças de marcha para cima são pura seda, mas ao reduzir manualmente com os paddle shifts fica claro que esta é uma transmissão convencional com conversor de torque e não uma caixa de dupla embreagem, já que o trem de força bufa levemente.

Depois de vários anos atuando simultaneamente como CEO da Lamborghini e da Bugatti – tendo transformado a marca francesa de um obstáculo manco nos lucros do Grupo Volkswagen para uma empresa vibrante no auge da aspiração –, Stephan Winkelmann agora está focado exclusivamente na montadora italiana.

E com isso o Urus empurrou a produção anual total da Lamborghini para mais de 9 mil unidades, um fato que não passou despercebido pelos rivais de Maranello, que reagiram com o Purosangue. O Urus representa 58% das vendas globais anuais da Lamborghini e 57% das vendas nos EUA.

Assim como o Cayenne e o Macan na Porsche, o Urus – em resumo um quatro portas espetacular para o dia a dia com desempenho de supercarro – gera lucro, permitindo que a Lamborghini financie o desenvolvimento de supercarros exclusivos que definem a marca.

 

*Como editor de revistas e profissional de marketing de montadoras, Mark Ewing passou sua vida em torno de carros esportivos e especiais. Twitter: @markewing1941.

(Traduzido por Rodrigo Mora)