Por que a Royal Enfield Scram 411 é a moto mais segura que já pilotei

8 de julho de 2023
Foto: divulgação

Royal Enfield Scram 411

Foram semanas frias e muitas vezes úmidas andando por Portland (EUA) na Royal Enfield Scram 411 e, apesar dos dias cinzentos, tem sido uma motocicleta agradável em muitos níveis. Mas também é uma motocicleta incomum, especialmente devido à concorrência.

Veja galeria de fotos da Royal Enfield Scram 411

Royal Enfield Scram 411
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Royal Enfield Scram 411

A Royal Enfield começou a vida na Inglaterra em 1901 e, em 1994, foi comprada pelo Eicher Group, um conglomerado indiano que entre outras atividades fabrica veículos comerciais e agrícolas.

A Scram 411 e a aventureira Himalayan dividem o mesmo trem de força, estrutura e tanque de gasolina. Mas rodas, instrumentos e assento (mais baixo na Scram) são diferentes. E enquanto a Himalayan é mais uma viajante do mundo, a Scram 411 (que nos EUA custa US$ 5.099 e no Brasil sai por R$ 22.490) é mais focada no urbano e mais acessível, especialmente para novos pilotos que procuram começar no motociclismo – ou pilotos que estão voltando a pilotar.

“Scrambler” é o tipo de motocicleta de rua com capacidades off-road leves e que muitos motociclistas têm pedido. A Royal Scram é básica, mas tecnicamente sofisticada ao mesmo tempo, com injeção de combustível, freios ABS, um pequeno painel de informações em LCD inserido no grande velocímetro redondo (e acionado digitalmente) e um segundo mostrador para navegação, conectado a um aplicativo da própria marca.

Por outro lado, não há modos de condução, alavancas ajustáveis, controle de cruzeiro ou outros luxos. Chique a Scram não é, mas é definitivamente acessível e inegavelmente elegante, com uma ampla seleção de opções de cores.

Equipada com rodas de 19 polegadas na dianteira e 17 polegadas na traseira e calçada em pneus de uso misto on e off-road, a Scram atravessa com desenvoltura uma estrada de cascalho ou uma floresta, sobretudo se o cliente optar por alguns acessórios originais para incrementar a aventura.

Recebi a Scram 411 para avaliação após retornar de uma press trip pela Índia com a própria Royal Enfield, onde pude observar como o segundo maior mercado de motocicletas do mundo (atrás apenas da China) enxerga o veículo e o que espera dele.

Conceitos-chave: a maioria das pessoas não pedala na Índia para se divertir e as motocicletas são consideradas um meio de transporte eficiente e acessível; a velocidade não é uma prioridade; resistência e valor são muito mais importantes. Com essas ideias em mente, saí para um passeio com a Scram 411.

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Como anda

Em primeiro lugar, para uma motocicleta de 400 cc, a Scram é uma moto grande, pesando 195 kg. No entanto, seu assento baixo, o que facilita o acesso para os pilotos mais baixos.

Ao toque de um botão o motor ganha vida imediatamente, mas como estamos no inverno foi preciso esperar um pouco as coisas esquentarem para evitar engasgos. No verão, provavelmente é menos problemático.

O motor de 411 cc de 25 cavalos de potência da Scram é muito visceral em comparação com a maioria das motos asiáticas nesta categoria, principalmente porque é simples, refrigerado a ar (com um radiador de óleo) e solidamente construído. Como tal, você quase pode ouvir o pistão de longo curso subindo e descendo dentro do cilindro fortemente aletado; não há camisa d’água para silenciar o zumbido da combustão, o barulho da atuação da válvula e outras cacofonias internas. Soa quase como uma bicicleta vintage, mas melhor, com um “bup bup” que rosna um pouco conforme as rotações aumentam. Apesar de ser monocilíndrico, é praticamente isento de vibração.

Na cidade, abra o acelerador e o motor de baixa compressão (9,5:1) avança rapidamente, mas não vai ganhar nenhuma corrida. A caixa de câmbio de cinco marchas é suave, amplamente espaçada e previsível. Sim, ele acompanhará o tráfego da rodovia até cerca de 130 km/h, mas é melhor você encontrar uma rota para seguir mais tranquilo a 100 km/h.

A qualidade do passeio é melhor do que o esperado, com o garfo dianteiro precisando de um pouco mais de amortecimento, mas, afora esse detalhe, a Scram parece plantada e neutra. Não é uma moto esportiva, mas você ainda pode ser ousado nas curvas, com as pedaleiras tocando levemente o chão para lembrá-lo que está se aproximando dos limites.

Os freios de baixo custo da Brembo (um disco para cada roda) são responsivos, mas exigem um bom aperto, e o ABS está esperando nos bastidores se as coisas ficarem arriscadas. Em movimento, os 195 kg da Scram não são muito aparentes, mas a qualidade de construção pesada é claramente priorizada em vez de reduzir alguns gramas aqui e ali.

Conclusão

Meu tempo na Índia me revelou os conceitos básicos sobre como a Royal Enfield projeta motocicletas. Não há “guerras de cavalos de força” na Índia. Motocicletas e scooters costumam ser o único meio de transporte motorizado para uma família inteira, e a qualidade mais importante é funcionar bem. Não precisa ser rápido ou especialmente elegante. Muito acima dessas qualidades, eles devem ser um transporte confiável.

Motos de qualquer tipo na Índia também devem ser muito resistentes (as estradas na Índia são um campo de testes implacável) e devem aguentar anos de uso diário, abuso limítrofe (especialmente em termos de carregamento) e, ao mesmo tempo, ser eficientes e acessíveis e facilmente reparáveis. É uma grande parte do que torna as ofertas da Royal Enfield tão diferentes da maioria dos outros fabricantes de motocicletas no mercado.

Eu pensei que acharia a Scram 411 decepcionante. Em vez disso, me lembrou que a diversão no motociclismo é realmente sobre o passeio e a diversão que você pode ter apenas em movimento. Acessível e altamente versátil, com tecnologia moderna suficiente, a Scram 411 pode ser a melhor maneira de qualquer pessoa interessada em motociclismo começar – e é difícil superá-la nesse quesito.

Seus donos não vencerão muitas arrancadas nos semáforos, mas com certeza guardarão muitas lembranças de ver o mundo por trás de um par de guidões em uma máquina amigável, elegante e fácil de pilotar.

Recomendada.

 

*Escritor, fotógrafo e um ávido motociclista, viajante do mundo e cronista da evolução contínua da mobilidade.

(Traduzido por Rodrigo Mora).