Em entrevista à Reuters na última sexta-feira (15), o secretário de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira, afirmou que a isenção de Imposto de Importação para veículos elétricos será extinta pelo governo em medida a ser anunciada “em breve”, com a taxação subindo gradualmente ao longo de três anos até atingir uma alíquota de 35%. Segundo ele, a medida será tomada para estimular a produção local de carros com “tecnologia verde”.
Leia mais:
- Governo vai extinguir isenção de IPI para elétricos, diz MDIC
- Novo Cherokee e Fiat anti-Hilux: 7 carros para esperar em 2023
- Lula: transição energética é oportunidade “sui generis”
“Quando se vê o mercado (de eletrificados) crescendo como está, todo mundo faz planos para aumentar modelos e para novos investimentos. Qualquer mudança de regra agora pode adiar decisão de investimentos ainda não declarados”, afirmou Bastos.
A ABVE defende que a tributação retorne apenas a partir de 2025, e ao longo de cinco anos, quando a projeção é que a participação de mercado dos plugins, entre os mais populares na categoria de eletrificados nos mercados desenvolvidos, deve atingir 5%. Hoje está em 1,7%, segundo os dados da entidade, patamar que considera ainda baixo para estimular a produção local.
Bastos argumenta que, quando a penetração dos veículos plugins atingir 5% a 6% do total de vendas de novos, os consumidores já estarão mais familiarizados com a tecnologia e a infraestrutura de recarregamento estará mais disseminada.
“As vendas de veículos eletrificados no Brasil hoje são 2% do mercado, 2% não é invasão”, disse o presidente da ABVE. Bastos também é diretor de relações institucionais da montadora chinesa GWM, que programa investimentos de R$ 10 bilhões no Brasil nos próximos anos.
“(A isenção do imposto de importação) está trazendo anúncios de investimentos. Voltar com o imposto agora seria jogar fora todo o esforço que o Brasil tem feito em eletrificação, não só das montadoras, mas de fornecedores”, acrescentou se referindo às indústrias de baterias e carregadores.
“Essa coisa de ficar se falando com essa visão pequena de ‘invasão chinesa’ tem mais a ver com questões comerciais”, disse Bastos se referindo a comentários feitos este mês pela Anfavea.