Onde fica a rua mais cara do mundo? Dica: não é em Paris ou Nova York

25 de setembro de 2023
Foto: Rodrigo França

Endereço exclusivo: equipes desembolsam US$ 200 milhões para estar no paddock da F1

A rua mais cara do mundo não fica em Nova York, Paris ou qualquer cidade luxuosa que você possa imaginar. Na verdade, o endereço mais exclusivo do planeta é uma avenida restrita a pedestres, com apenas 400 metros de extensão, onde estão localizados os escritórios de dez equipes: o paddock da F1.

Para estar neste endereço exclusivo, que a cada semana está em um local diferente do mundo, para começar o interessado tem que pagar uma taxa de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) para ter direito a erguer sua casa na cobiçada avenida por onde desfilam os astros do esporte, como Lewis Hamiton, Max Verstappen e Fernando Alonso.

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A rua mais cara do mundo é tão exclusiva que, mesmo quem tem a quantia bilionária para desembolsar nesta astronômica taxa, ainda pode ser o ingresso neste mundo recusado. Semanas atrás, a FIA (Federação Internacional do Automobilismo) anunciou que vetou três das quatro pretendentes para entrar no grid da F1 nos próximos anos.

LKYSUNZ, Hitech e Rodin Carlin foram avisadas de que as informações enviadas não eram suficientes para uma avaliação positiva, segundo informações que circularam na imprensa europeia. Hitech e Carlin, por sinal, são equipes de F2 e têm vasta experiência em categorias de base.

Porém, até aqui, a única candidatura a colocar seu escritório na rua mais cara do mundo é da Andretti Global, de Michael Andretti, piloto que foi companheiro de equipe de Ayrton Senna na McLaren em 1993 e filho da lenda Mario Andretti, campeão da F1 em 1978.

Mas por que as equipes da F1 são tão fechadas a novos concorrentes? A explicação é dinheiro, claro. Quanto menor a divisão do bolo da receita dos contratos de patrocinadores do evento, promotores dos Grande Prêmios e contratos de direitos de transmissão da TV, melhor para os times que precisam desta verba, sobretudo os que andam no pelotão do meio e de trás.

Desde a chegada da Liberty Media, na virada da última década, o efeito “Netflix” e a pandemia fizeram com que o valor das equipes aumentasse progressivamente – a ponto de a maioria ser “rentável” e não precisar mais de pilotos pagantes (ainda há casos como o de Lance Stroll, cujo pai é o dono da equipe Aston Martin, mas hoje seu caso é uma exceção no grid).

Com isso, quem desejar ter um novo time na F1 terá que comprar uma das dez existentes. Caso da Audi, que comprou a Sauber (hoje Alfa Romeo) para que a empresa alemã tenha seu próprio time a partir de 2026.

E como é circular na rua mais cara do mundo? Bom, esta é uma experiência diferente a cada GP, e normalmente mais glamourosa nas corridas europeias e do Oriente Médio. Na Europa, as equipes levam seus motorhomes gigantescos, avaliados em mais de US$ 2 milhões (R$ 10 milhões, aproximadamente) para as corridas.

O “endereço” de cada equipe é definido de acordo com a posição no Mundial de F1 do ano anterior: então o primeiro lote da rua é ocupado pela Red Bull, depois Mercedes, Ferrari e assim sucessivamente até chegarmos nas últimas “casas”, as da Williams e da Haas.

Foto: Rodrigo França

Espaços de Williams e Haas ficam no fim da “rua”

Nestes espaços, são localizados escritórios da equipe, salas de reunião, refeitório para mais de 30 pessoas, cozinha e até dormitórios para os pilotos descansarem entre um treino e outro.

Acabando o GP, toda estrutura segue por transporte rodoviário até a sede da próxima corrida. Nas provas do Oriente Médio, como Bahrein e Abu Dhabi, as equipes levam toda a estrutura, mas cada uma delas tem uma “casa” para abrigar todas estas mordomias, como se fossem pequenas “ilhas” dentro do autódromo.

Evidentemente, circular pela rua do paddock tem seu charme e esta experiência, antes exclusiva aos pilotos, integrantes das equipes e membros da imprensa, agora é comercializada em pacotes dos próprios promotores do evento e pelo marketing das equipes, que levam seus patrocinadores para poder desfilar pelo metro quadrado mais caro do mundo ostentando sua credencial de F1.

Assim, o paddock da F1 em 2023 está mais cheio do que nunca, com direito a centenas de VIPs ansiosos por uma selfie. Afinal de contas, um endereço tão exclusivo merece um registro. Até porque, depois daquele final de semana, esta mesma charmosa e chique avenida pode estar do outro lado do planeta.