Como a Aston Martin usou a F1 para construir um supercarro de R$ 4 milhões

2 de outubro de 2023
Foto: divulgação

Previsto para custar cerca de US$ 800 mil (fora opcionais), Valhalla vai encarar rivais de Ferrari e McLaren

Já se sabe que o próximo supercarro da Aston Martin, chamado Valhalla e que ficará abaixo do carro-chefe Valkyrie, entrará em produção em 2024. E que seu conjunto híbrido, formado por um motor central 4.0 V8 biturbo acoplado a três outros elétricos, alcançará 1.012 cv de potência. Agora, a marca revela a versão final do Valhalla, limitado a 999 exemplares.

Veja galeria de fotos do Valhalla, que chega em 2024:

Aston Martin Valhalla
Divisão Aston Martin Performance Technologies (AMPT) ficou com a aerodinâmica do Valhalla
90% das características dinâmicas e a configuração do veículo ocorreram em um simulador
Conjunto aerodinâmico gera 600 kg de downforce a 240 km/h
Valhalla tem um motor 4.0 V8 e mais três elétricos para alcançar 1.012 cv
Posição do assento, com o calcanhar do motorista elevado por um piso falso, também veio da F1
Botão de ignição do Aston Martin Valhalla
Caixa de ferramentas aerodinâmicas inclui asas multielementos

Previsto para custar cerca de US$ 800 mil (R$ 4 milhões, fora os opcionais), o Valhalla é o sinal mais forte de que a Aston Martin quer enfrentar Ferrari, McLaren e Lamborghini. Este é o primeiro carro com motor central a ser produzido em massa pela Aston Martin e, embora 999 unidades ainda sejam um tanto limitadas, é muito mais do que os 150 cupês Valkyrie que a marca já fez.

Junto com um novo conjunto de imagens, a Aston Martin revelou como se apoiou em sua equipe de Fórmula 1 para desenvolver o Valhalla, que segundo ela atingirá 350 km/h de velocidade máxima e romperá os 100 km/h em apenas 2,5 segundos.

Foram alguns anos difíceis para o Valhalla, revelado pela primeira vez em 2019 como um carro-conceito chamado AM-RB 003 e projetado em colaboração com a equipe Red Bull. Ficou no estande da Aston no Salão do Automóvel de Genebra ao lado de um protótipo do hipercarro Valkyrie, que está atualmente em produção, e de um terceiro conceito de supercarro com motor central conhecido então como Vanquish.

Mais tarde, a Aston se separou da Red Bull, que também estava inicialmente envolvida com o Valkyrie, e agora está usando o conhecimento do automobilismo adquirido de sua própria equipe de F1 de mesmo nome para transformar o conceito Valhalla em realidade. A empresa britânica explica como a divisão Aston Martin Performance Technologies (AMPT) está ajudando com dinâmica, aerodinâmica e materiais do Valhalla, usando informações obtidas dos carros pilotados por Fernando Alonso e Lance Stroll, cujo pai Lawrence é o presidente executivo da Aston Martin.

Leia mais: 

Claudio Santoni, diretor de engenharia da AMPT, disse: “É uma grande vantagem para um fabricante de automóveis ter acesso às habilidades e conhecimentos únicos de uma equipe de Fórmula 1. Os engenheiros estão constantemente ultrapassando os limites na busca pelo desempenho e desenvolveram ferramentas rápidas de resolução de problemas. Com esse conhecimento ‘interno’, podemos trazer perfeitamente a experiência da F1 para o desenvolvimento de carros de rua”.

A montadora afirma que 90% das características dinâmicas e a configuração do veículo ocorreram em um simulador, com apenas as etapas finais concluídas em estrada aberta. A empresa também observa como a ergonomia interior do Valhalla segue “sugestões diretas” da Fórmula 1, e que a posição do assento, com o calcanhar do motorista elevado por um piso falso, “foi otimizada com o apoio da AMPT”.

A tecnologia da F1 também foi aplicada à aerodinâmica da parte inferior da carroceria do Valhalla, mas não foi preciso cumprir regulamentos rígidos do automobilismo projetados para limitar a força descendente. O supercarro deverá, portanto, se beneficiar de “sistemas aerodinâmicos totalmente ativos na frente e na traseira do carro, que gerarão mais de 600 kg de downforce a 240 km/h”, disse a Aston Martin. A caixa de ferramentas aerodinâmicas do carro também inclui asas multielementos e uma asa dianteira que pode ficar plana para reduzir o arrasto em alta velocidade, como o sistema DRS usado pelos carros de F1 para auxiliar nas ultrapassagens.

O Valhalla utiliza três motores elétricos. Um envia potência para as rodas traseiras, juntamente com o motor V8, e atua como motor de partida e gerador, enquanto os outros dois motores acionam o eixo dianteiro, onde podem usar a vetorização de torque para distribuir a potência entre as rodas dianteiras.

A Aston diz que os testes em estrada do Valhalla começarão no final de 2023, com entregas aos clientes programadas para 2024.

 

*Jornalista automotivo e de tecnologia que escreve para a Wired UK e a para a BBC e tem uma paixão de longa data por tudo sobre quatro rodas.

(Traduzido por Rodrigo Mora).