Daria para fazer um texto só com a constelação de talentos que aceleraram comigo por 12 horas no Kartódromo Granja Viana nesta quinta-feira, dia 21 de dezembro.
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Mas para ficar entre os principais: Felipe Drugovich, campeão da F2 e piloto de testes da Aston Martin na F1, Gabriel Bortoleto, campeão da F3 e piloto da academia da McLaren, Rubens Barrichello, com mais de 300 GPs na F1 e bicampeão da Stock Car, Felipe Giaffone e Beto Monteiro, campeões da Truck, Leonardo e Rafael Reis, campeões da Nascar Brasil, Sergio Sette Camara e o português Antonio Felix da Costa, campeão da Formula E. Enfim, a lista é grande…
Então, nestas três horas, já pensou se eu tiro o Felipe Drugovich da pista, por exemplo? Pior: além de passar o ano encontrando ele em autódromos do mundo inteiro passando esta vergonha, ele é meu companheiro de time e meus chefes de equipe Leandro Reis e Alberto Cattuci certamente iam pensar duas vezes em 2024 em colocar novamente um jornalista em um time tão estrelado.
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Brincadeiras à parte, o bacana das 500 Milhas é o clima de confraternização dos pilotos. É o último compromisso profissional da maioria deles e os times sempre são formados por conta da amizade entre eles. Inclusive FORBES apurou que por pouco Max Verstappen não participou da edição deste ano, pois ele estava em São Paulo para o casamento do cunhado, Nelsinho Piquet – e Pedro Piquet liderou uma equipe com dois karts e oito pilotos. Já pensou correr contra o campeão mundial de F1?
De fato, a prova chama atenção até de pilotos estrangeiros e tem transmissão ao vivo na TV. E este charme das 500 Milhas faz dela uma das corridas mais democráticas do mundo. Com o custo médio de R$ 8.000, um piloto “amador” pode participar de uma corrida com tantas estrelas. E o kart é o Pro-500 com motor Honda preparado, com cerca de 20 cavalos de potência. Ou seja, uma máquina bem mais “fácil” de domar do que um F1 com 900cv.
Como jornalista, preciso ser honesto com o leitor: eu mesmo já encarei este desafio antes e faço competições regulares no campeonato paulista, a Copa São Paulo de Kart, com este mesmo kart. Com isso, consigo em algumas voltas acompanhar o ritmo dos ponteiros. A minha melhor volta, por exemplo, foi 54s80, a menos de quatro décimos da pole position. Mas neste curto intervalo ficaram 20 equipes, e com isso larguei na 21ª colocação.
Largamos bem e fizemos uma corrida inteira com poucas intercorrências. Chegamos a andar entre os dez melhores dos 40 karts, mas a embreagem quebrou a 1h30 do fim. Na nossa categoria (Senior, para pilotos acima de 40 anos), a gente era o segundo, mas a parada não programada nos fez perder 30 voltas e caímos para oitavo.
Fui pé quente na equipe também. A Americanet/Car Racing/Techspeed venceu a 26ª edição das 500 Milhas de Kart, com time formado por Gabriel Bortoleto, Enzo Bortoleto, Felipe Drugovich, Caio Collet, Clement Novalak e Sérgio Sette Câmara. Após 12 horas, o duelo foi decidido em segundo contra o kart 73 da equipe Barrichello Mahrte 3, que contou com Rubens Barrichello, Fefo Barrichello, Dudu Barrichello, António Félix da Costa, Pipe Bartz, Matheus Morgatto, Gabriel Gomez, Enzo Prando e Beto Cavaleiro.
E eu também posso dizer que fui campeão com a equipe, afinal, nosso kart era do mesmo time do vencedor, o 85. Em 2024, quando for entrevistar Drugovich, Bortoletto, Collet ou Sette Câmara, já posso chamá-los de “companheiros de equipe”. Afinal, para um jornalista de automobilismo, não basta reportar, tem que acelerar.