O Ministério da Saúde voltou atrás na noite de ontem (22) e liberou a vacinação contra Covid-19 para adolescentes de 12 a 17 anos com vacinas da Pfizer, uma semana após anunciar a suspensão da imunização. A instituição alegou que Estados iniciaram o processo antes do previsto e apontando efeitos adversos, como a morte de uma adolescente que se soube depois não ser relacionada à vacina.
Em entrevista na noite de quarta, o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz, afirmou que o ministério avaliou todo o cenário, depois do resultado das investigações que mostraram não haver relação entre a morte e a vacinação, e a avaliação foi de que os benefícios ultrapassam eventuais riscos.
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A medida não altera o cenário da vacinação na prática, já que a maior parte dos Estados manteve a vacinação dos adolescentes apesar da suspensão anunciada pelo ministério. Especialmente depois que o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu, em resposta a ações de diversos partidos, que caberia aos Estados decidir pela vacinação ou não dos adolescentes.
“A mensagem-chave é essa. O ministério suspendeu de forma cautelar a vacinação de adolescentes sem comorbidades, passou uma semana investigando as causas que fizeram com que se adotasse essa estratégia de suspensão, e entendeu-se que podemos sim retomar a imunização dos adolescentes”, disse Cruz.
Também na quarta, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) confirmou a informação já anunciada pelo Estado de São Paulo de que a morte da adolescente não foi relacionada à vacina. O óbito foi causado, segundo as autoridades, por uma doença autoimune grave que a adolescente tinha previamente.
Em entrevista da noite de quarta-feira, o ministério garantiu também que não vai faltar vacina para imunizar os adolescentes.
Quando anunciou a suspensão, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que os Estados iniciaram a vacinação dos adolescentes antes do previsto pelo PNI (Plano Nacional de Imunização) e, por conta disso, segundo ele, havia falta de doses em alguns Estados, o que também justificaria a suspensão.
A suspensão foi anunciada no dia 16 de setembro, um dia depois da data prevista no PNI para que se começasse a vacinação de adolescentes sem comorbidades, mas Queiroga reclamou que vários Estados tinham já iniciado no final de agosto.
A decisão do ministro – tomada sem o conhecimento de técnicos da pasta e da Anvisa – veio após um pedido do presidente Jair Bolsonaro. No dia anterior, Bolsonaro ficou sabendo da morte da adolescente em São Paulo e ligou para Queiroga.
Segundo Cruz, a decisão de liberar novamente a vacinação foi comunicada previamente a Bolsonaro.
“O ministro sempre conversa com o presidente sobre todas as decisões e nada é feito à revelia do ministro, do presidente. Tudo é sempre conversado. Então, sim, o presidente tem conhecimento do que está sendo apresentado aqui”, disse o secretário. (com Reuters)
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