3 armadilhas mentais que nos mantêm presos a relacionamentos prejudiciais

28 de junho de 2023
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Ficar preso em um relacionamento infeliz pode ter efeitos profundos em nosso bem-estar

Nos relacionamentos, há momentos em que nos encontramos agarrados ao que já não nos serve mais. Seja em um relacionamento romântico, uma amizade ou até mesmo um vínculo familiar, a decisão de deixar ir pode ser incrivelmente desafiadora. Essa relutância em terminar relacionamentos infelizes pode ser atribuída a vários vieses psicológicos e medos que influenciam nosso processo de tomada de decisão.

Ficar preso a um relacionamento infeliz pode ter efeitos profundos em nosso bem-estar mental, emocional e até mesmo físico. Pode levar ao estresse crônico, ansiedade, depressão e a uma sensação geral de insatisfação na vida. Relacionamentos que não têm respeito mútuo, apoio emocional e valores compartilhados podem drenar nossa energia. Além disso, permanecer em uma relação infeliz pode nos impedir de buscar conexões mais saudáveis e experimentar a plenitude e a felicidade que merecemos.

Aqui estão três vieses que podem estar atrapalhando seu julgamento sobre seu relacionamento.

#1. Viés do custo afundado (também conhecido como viés do compromisso) Uma das principais razões pelas quais as pessoas permanecem em relacionamentos infelizes é o viés do compromisso. Esse viés se refere à tendência de continuar investindo em um empreendimento fracassado, mesmo quando os custos superam os benefícios. Nos relacionamentos, esse viés se manifesta como uma relutância em deixar ir por causa do tempo, esforço e energia emocional que já investimos. Podemos nos agarrar à esperança de que as coisas vão melhorar, racionalizando que nosso investimento passado justifica nosso sofrimento presente. Um estudo publicado em Evolution and Human Behaviour descobriu que as pessoas tendem a mostrar um nível mais alto de compromisso com seus parceiros, mesmo diante de alternativas melhores. Mesmo quando pode não parecer lógico, racional ou benéfico permanecer em um relacionamento, as pessoas ainda sentem um forte senso de compromisso. more
Para superar isso, aqui está o que você pode fazer: Um primeiro passo vital seria avaliar os custos e benefícios de forma objetiva. Pense se o relacionamento está realmente atendendo às suas necessidades e adicionando valor aos seus relacionamentos. Não hesite em recorrer a um sistema de apoio confiável para ter uma perspectiva externa. more
#2. Preferência pelo familiar (também conhecido como viés do status quo) O viés do status quo se refere à preferência por manter o estado atual das coisas em vez de iniciar uma mudança, mesmo quando existem opções melhores disponíveis. O medo da mudança pode ser paralisante. Portanto, mesmo diante da infelicidade, podemos optar por suportar um relacionamento e encontrar conforto na familiaridade e estabilidade que ele parece fornecer. Por exemplo, em um estudo publicado em Personality and Social Psychology Bulletin, foi perguntado aos participantes se eles preferiam ficar com seu parceiro atual, que possuía um conjunto específico de características (por exemplo, alta confiabilidade e baixa atratividade), ou se trocariam por um parceiro alternativo com características opostas. Os resultados revelaram que, para a maioria das pessoas, uma característica específica (como a atratividade) só importava se pertencesse à pessoa com quem já estavam, mostrando uma preferência geral pelo parceiro atual em relação a uma característica específica desejada. O estudo listou vários fatores que desempenharam um papel nessa preferência pelo status quo. Alguns participantes estavam preocupados em magoar os sentimentos de seu parceiro atual se escolhessem outra pessoa. Outros queriam evitar qualquer incerteza ou confusão que poderiam surgir ao iniciar um novo relacionamento. Eles preferiam as dinâmicas familiares e previsíveis que tinham com seu parceiro atual. Às vezes, as pessoas viam seu parceiro de forma mais positiva e achavam as alternativas não tão boas quanto realmente eram. Essa percepção tendenciosa as inclinava a permanecer com seu parceiro atual. more
Para superar o viés do status quo, é importante ter em mente o seguinte: Desafie sua zona de conforto e esteja aberto à possibilidade de mudança. Reconheça que permanecer em um relacionamento infeliz apenas perpetua o status quo e impede você de explorar novas possibilidades de felicidade. Cultive autocompaixão e lembre-se de que você merece estar em um relacionamento que nutra seu bem-estar. Cerque-se de influências positivas e busque o apoio de um terapeuta ou conselheiro para ajudar na transição, caso seja necessário. more
#3. Aversão ao arrependimento (também conhecido como viés de omissão-comissão) O viés de omissão-comissão se refere à nossa tendência de perceber que o dano causado por uma ação (comissão) é mais grave do que o dano causado pela inação (omissão). No contexto dos relacionamentos, esse viés pode dificultar deixar uma parceria infeliz devido ao medo de cometer um erro e ficar remoendo as potenciais consequências, como magoar os sentimentos do parceiro, enfrentar o julgamento de outras pessoas ou sentir solidão. Descobertas de um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology sugerem que o arrependimento depende do contexto e dos resultados anteriores. Quando as coisas estão indo bem, as pessoas podem se arrepender de correr riscos desnecessários. Por outro lado, quando os resultados anteriores foram negativos, as pessoas podem se arrepender de não agir e potencialmente perder oportunidades de melhoria ou evitar consequências negativas futuras. more
Para superar o viés de omissão-comissão, pense o seguinte: Reenquadre sua perspectiva sobre "arrependimento". Você pode pensar no arrependimento como um lembrete das ações que você tomou, o que é uma parte natural da vida e pode ser um potencial catalisador para o crescimento pessoal. Reconheça que agir e priorizar seu bem-estar é um passo corajoso e necessário rumo ao crescimento pessoal e à felicidade. more
Conclusão Deixar um relacionamento infeliz é, sem dúvida, uma decisão desafiadora, mas não é impossível. Quando estamos emocionalmente envolvidos em um relacionamento, nosso julgamento para ficar ou sair pode ficar turvo. Lembre-se de que você merece estar em um relacionamento que traga alegria e amor, e não estresse e conflito. more

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*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.