Novas estratégias melhoram resposta do tratamento do câncer de bexiga

22 de novembro de 2023
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Congresso Europeu de Oncologia apresentou novidades no tratamento do câncer de bexiga

O Congresso Europeu de Oncologia, realizado no fim de outubro, apresentou pesquisas bastante relevantes para diversos tipos de câncer, muitos deles mais prevalentes entre a população masculina. É o caso do câncer de bexiga.

O tratamento clássico para o tumor de bexiga tem sido, por mais de seis décadas, a quimioterapia. Uma das pesquisas apresentadas no evento, que compartilho aqui, demonstrou uma nova estratégia, utilizando uma imunoterapia chamada pembrolizumab associada ao anticorpo conjugado à droga chamado enfortumab vedotin, para a doença avançada.

Os pesquisadores avaliaram, randomicamente, 886 pacientes, dividido em dois grupos. Os resultados mostraram que a combinação não quimioterápica reduziu o risco de progressão à morte em 55%. Também houve uma queda no risco de morte em 53%. A taxa de resposta foi de 67% para essa combinação não quimioterápica versus 44% para combinação de quimioterapia.

Importante ressaltar que os efeitos colaterais nesta nova estratégia foram mais brandos. Esta foi a primeira vez que, para câncer de bexiga metastático, uma combinação não quimioterápica obteve melhores resultados que quimioterapia tradicional.

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Também na área de câncer de bexiga, um outro estudo comparou quimioterapia pura com o uso de quimioterapia combinada com nivolumab, que é um outro imunoterápico. Esse estudo envolveu um total de 608 pacientes com câncer de bexiga metastático, e mostrou que a combinação de imunoterapia associada a quimioterapia versus quimioterapia isolada reduziu o risco de morte em 22% e de progressão de doença ou morte em 28%. A taxa de resposta foi de 57% para combinação e 43% para quimioterapia isolada.

Câncer de bexiga e a saúde do homem

Segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), o Brasil deve registrar 11.370 casos da doença neste ano, sendo 7.870 em homens e 3.500 em mulheres.

Cerca de dois terços dos casos e de mortes por câncer de bexiga ocorrem em pacientes do sexo masculino. Os principais fatores de risco são o tabagismo, exposição a diversos compostos químicos, pouca ingestão de água e fatores hereditários.

Neste mês de novembro, em que as atenções se voltam para a saúde do homem, temos uma boa oportunidade de falar também sobre este tipo de câncer e trazer boas notícias sobre seu tratamento.

Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.

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