Outra derrota notória foi a de Fernando Henrique Cardoso para a prefeitura em 1983. Senador desde 1982, quando assumira a suplência de Montoro, FHC era o candidato ideal do então PMDB. Liderou todas as pesquisas até uma semana antes da eleição. Tinha tanta confiança na vitória que posou para uma revista sentado na cadeira de prefeito, até então ocupada por seu colega de partido, Mário Covas (até 1983, por conta de uma lei da ditadura militar, os governadores tinham a prerrogativa de escolher os prefeitos de sua capital, sem que eleições diretas fossem chamadas).
No meio da sessão de fotos, outros fotógrafos, os de jornais, conseguiram entrar na sala. Resultado: no dia seguinte, todos os diários publicaram a um instantâneo de Fernando Henrique sentado na cadeira de prefeito. Urnas abertas, contudo, Jânio Quadros havia sido eleito. Ao tomar posse, o novo prefeito usou um inseticida aerossol para desinfetar a cadeira. “Porque nádegas indevidas utilizaram-na”, disse Jânio.
Entre as eleições presidenciais, Ciro Gomes, em 2002 disparou nas pesquisas e tinha tudo para se tornar a chamada terceira via, num processo que desde 1994 é polarizado entre PSDB e PT. Lá pelas tantas, ao ser perguntado pela milésima vez qual era o papel da atriz Patrícia Pillar em sua campanha, ele disparou: “Ela dorme comigo”. Foi o início do fim. Ciro começou a minguar e acabou vencedor apenas na votação de seu estado, o Ceará.
Recentemente, a desidratação pela qual Marina Silva passou também representa uma eleição ganha que foi jogada pela janela.
É por isso que, nestas próximas duas semanas, tudo pode acontecer. Favoritos, como Aécio Neves, não podem dormir no ponto. E Dilma Rousseff igualmente não pode perder a esperança – como Aécio não perdeu quando estava estancado em terceiro lugar, enquanto Marina e Dilma brigavam pela liderança.