As fabricantes de software não vivem mais de produzir softwares — o negócio agora é incrementado com chips para computação em nuvem. Um filão tão interessante que até gigantes do comércio eletrônico embarcam nele. No fim da noite da última segunda-feira, a Amazon anunciou que a sua divisão de computação em nuvem criou os próprios chips para alimentar os sites dos clientes, entre outros serviços, segundo o site da revista de tecnologia norte-americana “Wired”. Os chips, batizados de Graviton, são construídos com base na mesma tecnologia de smartphones e tablets. Um sistema já muito debatido no setor, mas nunca testado em grande escala.
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Esse chip é alimentado por tecnologia da Arm, do SoftBank. Atualmente, os chips baseados em dispositivos móveis alimentam telefones celulares, mas várias empresas estão tentando torná-los adequados para data centers. O uso de chips da Arm em data centers representa potencialmente um grande desafio para o domínio da Intel nesse mercado.
O movimento surpresa da Amazon ecoa o esforço do Google em 2016 para criar chips próprios que alimentem algoritmos de inteligência artificial executados em seus data centers, que também aluga para os clientes da nuvem. A Amazon diz que assumiu o complicado negócio de design de chips para integrar melhor o software e o hardware dentro de seus centros de dados gigantes, permitindo oferecer serviços novos e mais baratos.
Isso não é possível com chips de prateleira da Intel ou da AMD, projetados para atender a muitos e diversos clientes, disse à “Wired” Matt Garman, vice-presidente da Amazon envolvido com o projeto. “Podemos fazer algumas coisas muito específicas que garantem que o processador funcione de maneira eficiente em nosso ambiente. Isso leva a custos mais baixos.” Segundo Garman, os clientes com acesso antecipado a servidores equipados com o Graviton cortam seus gastos com serviços em nuvem quase pela metade. A Intel que se cuide: com chips próprios, a Amazon deve se tornar ainda mais competitiva nessa área.
Embora a Amazon seja mais conhecida por sua loja on-line, a maior parte dos lucros da empresa vem de sua unidade de computação em nuvem, a Amazon Web Services. A AWS ganha dinheiro alugando espaço de armazenamento para outras empresas e agências governamentais. Esses clientes agora podem optar por alugar servidores alimentados pelo Graviton. A Amazon revelou o projeto na noite de segunda-feira em sua conferência anual de computação em nuvem, em Las Vegas.