13 multinacionais brasileiras mais promissoras em 2016

13 de novembro de 2016

Carol Carquejeiro

Um ateliê de conserto de máquinas de raio-X, montado por um imigrante alemão na década de 1920, deu origem a uma das 13 multinacionais brasileiras mais promissoras, de acordo com o estudo elaborado pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Em quase 100 anos, a empresa tornou-se responsável por 90% das exportações do setor neonatal do Brasil, em mercados tão diferentes como Índia, México e Oriente Médio.

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Esta companhia, a Fanem, é apenas um dos exemplos captados pelo Observatório de Multinacionais Brasileiras, coordenado pelo professor Gabriel Vouga. “A Fanem é uma empresa pequena que aposta em um produto inusitado e não deixa de inovar em um setor que é bastante forte”, diz Vouga, ao destacar o trabalho da empresa.

Desde 2013, o observatório reúne pesquisadores, professores e acadêmicos para monitorar a performance das empresas no exterior. Com base em resultados captados a partir de 2012, já analisou o desempenho dinâmico de cerca de 80 multinacionais brasileiras. “As companhias nacionais não estão acostumadas a trabalhar com universidades, como acontece nos países mais desenvolvidos, para acelerar e aprofundar o processo de estudo de mercado”, diz Vouga. “É uma questão cultural que vale a pena ser transformada.” A Fanem, por exemplo, é, ao lado da Embraer, uma das brasileiras que mais investem em tecnologia. A empresa revolucionou alguns tratamentos neonatais, como o para icterícia, com luzes ultravioleta.

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“As multinacionais brasileiras representam uma nova geração de empresas. Por serem menores, têm potencial para a modernidade e são mais ágeis para se internacionalizar”, afirma o turco Tamer Cavusgil, professor da Universidade de Geórgia, nos Estados Unidos, e diretor do Centro de Educação Internacional de Negócios e Pesquisa (Ciber, na sigla em inglês). Cavusgil, assim como Vouga, aposta no setor de alimentos e bebidas. “É uma combinação de vocação para a produção de alimentos e a sabedoria para usufruí-la”, diz. “No entanto, o setor de TI [tecnologia da informação] brasileiro vem acompanhando o movimento mundial, e as empresas têm se tornado mais competitivas. Sem dúvida, é um ramo em que vale a pena apostar, já que não há extrema necessidade de um grande número de funcionários, se comparado com uma fábrica.” Na lista do observatório, TOTVS e Stefanini tiveram destaque neste setor.

Das multinacionais brasileiras, a maior parte escolhe se instalar em outros países da América Latina. A região representa fatias significativas dentro do faturamento das companhias que aí investem — a Fanem, por exemplo, prevê que a produção da subsidiária mexicana seja responsável por 25% da produção da matriz brasileira. Empreendedores brasileiros não descartam lugares diferentes em busca de novos consumidores e de baratear o produto. “Na mente dos executivos brasileiros, ainda há muito a ser transformado. Nenhum mercado é 100% nacional. A visão dos negócios precisa ser holística. É o que chamamos de global mindset”, diz Vouga.

Durante a pesquisa, ele notou que as subsidiárias componentes da amostra apresentam características em comum no que diz respeito à motivação e, principalmente, à autonomia. Há liberdade para o desempenho de atividades como demissão e contratação de funcionários, gestão de compras, fornecedores e parceiros, entrada em novos mercados, mudança ou desenvolvimento de novos produtos. Foi possível observar que conferir maior autonomia às subsidiárias aumenta a responsividade local e contribui para a adaptação de negócios no país de origem da multinacional. Ainda que as matrizes sejam tradicionalmente conhecidas como fontes de estudo e evolução, a importância estratégica das subsidiárias tem crescido nas últimas décadas, em razão de seus recursos e de suas capacidades. Estas têm muito a contribuir para a geração de valor e o subsequente ganho de vantagem competitiva para toda a corporação multinacional. “Chamamos de transferência reversa de conhecimento quando a ideia é desenvolvida nas subsidiárias, volta à matriz e é instituída em todos os processos de produção”, explica Vouga.

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Mas nem sempre as multinacionais brasileiras fazem boas escolhas para implementar suas subsidiárias. Os EUA, por exemplo, são celeiro de muitas pesquisas tecnológicas e acadêmicas, além de ter um bom mercado consumidor. No entanto, há quem vá atrás de um público já alcançado para que não haja necessidade de grandes adaptações. É o caso daqueles que fazem a opção pela entrada via Flórida, Estado com mais de 30 mil brasileiros residentes e média de 770 mil visitantes anuais. “Quando uma companhia brasileira chega à Flórida, ela é considerada parte do mercado étnico. Dentro dos supermercados, tem as posições com menos visibilidade, pouco espaço disponível e, consequentemente, pouquíssimo giro”, diz Vouga. O professor, em uma ação com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), trabalha na capacitação de empresas por meio de robustos planos de marketing, para que sejam capazes de desenvolver fábricas nos EUA, e não só centros de exportação. “Ainda que algumas estratégias visem caminhar para o mais fácil, o clichê que mais se aplica à realidade é que, para inovar, é preciso estar em meio ao caos.”
Na lista das multinacionais brasileiras mais promissoras, 13 companhias tiveram destaque nos critérios escolhidos pelo laboratório. Eles abrangem de modelo de governança a resultados financeiros, sem no entanto ranquear as participantes. Veja na galeria de fotos as empresas que mereceram destaque:

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