Em sua gestão, o consumidor vai perceber um foco maior das duas bandeiras em cima das vendas de aparelhos celulares, tablets e acessórios (todos habilitados na hora nas quatro principais operadoras do país) e também de móveis (com montagem de ambientes como quarto de dormir decorado e cozinha planejada), a partir do conceito de store in store, uma das grandes missões do presidente da Via Varejo. Com 1.037 unidades em operação, a empresa quer, a partir da reforma das lojas e do aumento das vendas consultivas, aumentar o giro das duas categorias de produtos de melhor margem.
Perspicaz, Barroso não subestima nenhum público ou região. A ideia de que só bairros nobres compram itens de maior valor agregado não existe mais. “Em Cidade Tiradentes, no extremo da Zona Leste de São Paulo, vendemos smartphones por R$ 1 mil, que podem ser financiados em R$ 60 por mês”, diz. Já os espaços diferenciados de móveis, viraram destino dos consumidores que visitam as lojas para ter ideias de decoração e iluminação. Móveis, não por acaso, correspondem a 22,5% das vendas totais da Via Varejo, a maior categoria do negócio.
De olho também nas classes mais abastadas, a Via Varejo criou duas flagship stores do Ponto Frio. Basicamente, são lojas premium que operam no Shopping JK Iguatemi (em São Paulo) e em Ipanema (no Rio de Janeiro), que oferecem produtos sofisticados a um público de maior poder aquisitivo. A empresa inaugurou 88 lojas no ano passado. Embora aquisições não estejam descartadas, ele garante que sua estratégia é a do crescimento orgânico, com a abertura de lojas prioritariamente no Nordeste e Centro-Oeste do país. “Inauguramos recentemente uma unidade em Alagoas que gerou uma hora de fila com mais de mil pessoas. Em São Luís, no Maranhão, idem.”
Quando o assunto é a saúde financeira da Via Varejo, Barroso explica que a empresa tem mais caixa (R$ 2,5 bilhões líquidos) que dívida (bruta de R$ 604 milhões). Embora a receita líquida tenha caído 1,1% no primeiro trimestre de 2015, o executivo lembra que parte desse resultado é resquício da Copa de 2014, que acelerou a venda de televisores, item cujo valor é o dobro do tíquete médio de suas lojas. “O mercado sofrerá esse reflexo até junho. As vendas serão menores por conta disso, além da atual conjuntura que criou um cenário desafiador.” Já o lucro líquido ajustado subiu surpreendentes 34%. Sua ambição? Ganhar market share com sustentabilidade econômica. “Não compramos market share”, assegura.