Sony vai comprar a metade de Michael Jackson da Sony/ATV por US$ 750 milhões

15 de março de 2016

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Michael Jackson ganhou mais do que qualquer outro profissional do entretenimento vivo ou morto nos primeiros cinco anos após sua morte, em 2009. Quando este total superou US$ 1 bilhão no ano passado, foi um marco incomparável – pelo menos até agora, quando o espólio do astro pop anunciou a venda de metade do catálogo do músico pertencente à editora Sony/ATV à Sony por US$ 750 milhões.

“Quando a Sony se juntou a Michael Jackson, há 21 anos, para criar a Sony/ATV Music Publishing, nós sabíamos que essa empresa tinha capacidade para chegar muito longe”, disse Michael Lynton, CEO da Sony Entertainment. “Essa aquisição permitirá que a Sony se adapte mais rapidamente as mudanças no mercado de publicações musicais.”

O acordo também representa uma confirmação do quanto MJ era esperto para fazer negócios. Ele comprou a ATV, que detinha grande parte dos direitos autorais dos Beatles, em 1985 por US$ 47,5 milhões – apesar das objeções de muitos de sua equipe, que achavam que ele estava pagando muito caro. Porém, o Rei do Pop aprendeu muito ao observar seu mentor da Motown Berry Gordy, que acumulou um catálogo valioso ao longo dos anos.

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“Ele pegou o jeito”, disse Gordy em entrevista para o livro “Michael Jackson, Inc.”. “E isso deu a ele a vontade de fazer algo ainda melhor.”

Michael Jackson percebeu o grande lucro que seu investimento poderia dar no meio da década de 1990, quando fundiu seu catálogo ao da Sony em troca de US$ 115 milhões – e uma participação de 50% na recém-formada Sony/ATV. Como parte do acordo, a Sony não podia atuar no negócio de publicação, o que permitia que Jackson lucrasse igualmente com a aquisição de novos direitos autorais, como os de Eminem e de Taylor Swift.

Quando MJ morreu em 2009, no meio do tumulto financeiro da grande recessão, alguns acreditavam que os responsáveis por seu espólio poderiam ser obrigados a vender sua metade para pagar a dívida de meio milhão de dólares deixada pelo artista. Porém, os executores John Branca e John McClain rapidamente conseguiram acordos de direitos autorais de filmes e novas músicas, colocando o cantor no caminho para ganhar mais de US$ 100 milhões a cada ano depois da sua morte.

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Enquanto era vivo, Michael Jackson falou algumas vezes sobre sua intenção de deixar sua participação na Sony/ATV para seus filhos, e seu espólio manifestou interesse em comprar a metade da Sony quando uma cláusula que permitia que um lado comprasse o outro foi descoberta. Porém, um acordo como este teria exigido um outro sócio, provavelmente diluindo o controle para uma participação sem comando na empresa.

“Essa transação permite que continuemos nossos esforços para maximizar o valor do espólio de Michael para benefício de seus filhos”, disseram Branca e McClain. “Também vale lembrar a visão de MJ ao investir na edição musical.”

Os filhos de Jackson ainda serão capazes de aproveitar os frutos da genialidade do pai – depois que as taxas e as dívidas de aquisição associadas ao catálogo forem pagas, ainda deverão sobrar centenas de milhões de dólares esperando por eles quando eles tiverem idade suficiente para ganhar acesso irrestrito a seus bens.

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O espólio ainda é dono do controle da Mijac Music, que detém os próprios direitos autorais de Jackson, assim como uma participação em direitos autorais recém-adquiridos. Isso, junto com o show temático do cantor no Cirque du Soleil, em Las Vegas, e lançamentos de músicas, deve manter Michael Jackson no topo da lista de celebridades mortas mais bem pagas da FORBES.

O acordo, que coloca o valor de empresa perto dos US$ 2 bilhões, ainda está sujeito a aprovação dos órgãos reguladores, e pode demorar a ser concluído. Quando isso acontecer, Michael Jackson terá a última chance de rir daqueles que o desencorajaram e menosprezaram há tantos anos, já que sua metade na Sony/ATV estará sendo comercializada por 15 vezes o valor que ele pagou pelo catálogo original. Como ele mesmo afirmou ao CEO da Sony/ATV Marty Bandeier em 2007: “Eu disse que eu conhecia o negócio de edição musical”.