Como a BRF transformou-se na maior exportadora de carne de frango do mundo

14 de novembro de 2016
Pedro Faria

Pedro Faria, CEO global do Brasil Foods (Carol Carquejeiro)

Maior exportadora de carne de frango do mundo, a BRF vem engordando suas operações no exterior com o objetivo declarado de mudar seu status de exportadora para multinacional.

Com 47% do faturamento oriundo de fora do Brasil em 2015, a companhia trabalha há dois anos para aumentar essa fatia. No prazo de três a cinco anos, a BRF espera que a produção no exterior cresça dos atuais 6% para o patamar de 20%. O principal objetivo dessa meta é deixar a companhia mais próxima de seus mercados, para vencer o que considera o seu grande desafio: adequar-se aos gostos locais.

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Com esse pensamento, a companhia tem procriado unidades no exterior. Já são 18 fábricas fora do Brasil — cinco na Ásia (todas na Tailândia). Além das plantas próprias, o grupo tem joint ventures com terceiros em Cingapura, China e Hong Kong, para processamento de produtos exportados pelo Brasil. Recentemente, o grupo desembarcou na Malásia com o intuito de desenvolver uma plataforma de produção no país asiático.

“O primeiro passo, na nossa estratégia, foi fortalecer o protagonismo e a autonomia dos negócios locais. Hoje, a BRF opera em seis regiões — África, Ásia, Brasil, Europa, Latam e Oriente Médio. Como possuem peculiaridades distintas, as regiões contam com times exclusivos e integralmente dedicados a entender a realidade e os desejos
dos consumidores”, aponta Pedro Faria, CEO global da BRF. “Uma vez imersos na cultura local, os times conseguem estabelecer prioridades comerciais, adequando-as sempre que preciso. Dessa forma, nos aproximamos do consumidor e garantimos a expansão de um portfólio que atenda ao paladar local.”

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Um exemplo desse movimento, aponta Faria, é a fábrica do grupo em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Lá, a
empresa produz salsichas, pizzas, empanados e marinados. Toda a proteína utilizada na produção desses alimentos parte do Brasil. Já os temperos, são obtidos com fornecedores locais. A fórmula deu tão certo que recentemente a BRF anunciou a ampliação da produção local de 72 mil toneladas para 100 mil toneladas até o fi m deste ano.

“O alimento tem o poder de conectar as pessoas, porém, nem sempre o tempero que agrada ao inglês satisfaz o angolano, bem como o corte de frango mais apreciado pelo chinês não é o mesmo do brasileiro”, lembra o CEO global do grupo. “Existem muitos exemplos e uma verdade: o respeito pela cultura. Uma empresa de alimentos verdadeiramente global, que opera e produz localmente, deve estar atenta a esse fato.”