Liu, de 42 anos, acompanha de perto a operação da JD. Faz por volta de dois pedidos por dia para monitorar a rapidez da entrega, a resistência das embalagens e a qualidade do produto. “Você deve sempre experimentar o atendimento da sua própria empresa”, diz. “Caso contrário, seus valores serão vistos pelos funcionários apenas como slogans vazios pendurados na parede.”
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As ações das duas empresas não vêm se saindo bem nos últimos tempos. Desde o IPO da Alibaba, em 2014, os papéis das duas apresentaram desempenho inferior ao ganho de 8,5% da lista S&P 500: a ação da Alibaba perdeu 3% do valor, enquanto a da JD caiu 7%. Em termos de perspectivas futuras, a JD, cuja receita deve crescer em torno de 30% e atingir US$ 37 bilhões este ano, está bem posicionada para reverter essa queda. Ela tem sido mais ligeira do que a rival em tirar proveito de uma enorme mudança nos gostos do consumidor chinês. “Os usuários ficaram muito mais refinados”, diz Chi Tsang, diretor do HSBC de Hong Kong.
Liu começou com uma banca num bazar de eletrônicos em Pequim, em 1998. Lá, sua relutância em negociar com os clientes e sua insistência em vender produtos autênticos o prejudicaram, até que ele passou a fornecer para outras bancas. A epidemia de síndrome respiratória aguda grave em 2003 foi um ponto de inflexão. As pessoas estavam evitando lugares públicos, o que levou Liu a se dar conta da quantidade de pessoas que desejavam comprar no conforto de casa. Um ano depois, ele começou a comercializar seus eletrônicos via internet.
"Atualmente, os clientes usam o comércio eletrônico em primeiro lugar pela qualidade, em segundo pelo atendimento e em terceiro pelo preço"A entrega logo se mostrou problemática. Os clientes reclamavam de atrasos e de produtos que chegavam em más condições. Em 2007, Liu decidiu que a JD precisava ter uma rede de logística própria.
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Basicamente, a JD é uma mistura da Amazon.com com a UPS. E Liu é um empolgado seguidor do manual de estratégia de Jeff Bezos. Ele é pródigo nos gastos. As despesas aumentaram oito vezes desde 2011, chegando a US$ 29 bilhões no ano passado. E ele vem fazendo uma expansão radical (das zonas urbanas para as rurais), experimentando novas tecnologias (considera o uso de drones para chegar a locais distantes) e criando novas unidades (inclusive uma divisão de financiamento).
“Estamos nos aproximando cada vez mais da lucratividade”, diz Liu. Os analistas preveem que a JD reduzirá seu prejuízo para cerca de US$ 500 milhões este ano e US$ 250 milhões no ano que vem, antes de finalmente gerar lucro em 2018. “Hoje em dia, os clientes usam o comércio eletrônico em primeiro lugar pela qualidade, em segundo pelo atendimento e em terceiro pelo preço. Os consumidores chineses estão procurando cada vez mais produtos de qualidade”, diz Liu. “O timing está certo. Estamos entrando num conjunto melhor de condições para o nosso crescimento.”