Como as empresas se posicionam sobre Trump

26 de março de 2017

Google, Airbnb e Twitter reagiram contra as regras de imigração do presidente norte-americano

Quase uma semana depois de Donald Trump ter dado a ordem para banir imigrantes de vários países muçulmanos e todos os refugiados, marcas ao redor do mundo começaram a expressar suas preocupações.

Muitas empresas do oeste dos EUA fizeram comentários sobre o posicionamento do presidente. Algumas delas são afetadas diretamente, já que parte de seus funcionários ficou retida no exterior, enquanto outras, como Google e Airbnb, têm colocada em xeque sua própria razão de existir – a liberdade global.

CEOs e proprietários de grandes marcas devem saber que existe probabilidade de que alguns anúncios sejam feitos apenas para gerar ruído

O Google, por exemplo, criou um fundo de crise de US$ 4 milhões para quatro organizações – American Civil Liberties Union, Immigrant Legal Resource Centre, International Rescue Committee e The UN Refugee Agency – para dar apoio a refugiados e imigrantes.

Já o Airbnb ofereceu – rapidamente – hospedagem gratuita para aqueles que estavam sendo prejudicados com a nova lei de imigração.

O CEO do Twitter, Jack Dorsey, tuitou: “O impacto humanitário e econômico da nova lei é real e triste. Nós nos beneficiamos daquilo que os refugiados e imigrantes trazem aos EUA”.

A medida do presidente norte-americano também despertou reações da Coca-Cola, IKEA, Amazon, Expedia, Reddit, Slack e Ford, entre várias outras. E a lista cresce todo dia. Mas essa repercussão é benéfica para quem se manifesta e maléfica para quem fica calada? Ou vice-versa?

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Nós vivemos uma realidade em que as empresas abraçam causas como diversidade e direitos das mulheres, entre outras. E, ao mesmo tempo que pode ser arriscado contestar o último decreto do presidente, ficar em silêncio pode ser pior. No Twitter, a hashtag #Deleteuber virou trending topic depois que o app de caronas continuou a trabalhar no aeroporto JFK durante uma greve de táxis realizada como protesto contra a lei da imigração. Por outro lado, a hashtag #BoycottStarbucks também dominou a rede social quando a rede de cafeterias anunciou que contrataria 10.000 refugiados nos próximos cinco anos.

Mas a lei da imigração apenas jogou gasolina em uma fogueira que já estava acesa desde o começo da eleição presidencial.

Em setembro, a marca de cervejas Tecate, que, apesar de ser da Heineken é feita no México, divulgou um anúncio com a tag #TecateBeerWall – uma ofensa ao tão falado muro de Trump ao redor da fronteira com o México. Já a rede mexicana de livrarias Gandhi respondeu à proposta com a seguinte frase: “Vamos construir um muro ao redor da ignorância”.

Marcas que apoiaram Trump também não saíram ilesas. Depois que a New Balance ofereceu ao presidente seu primeiro apoio financeiro após a vitória, os consumidores começaram a comprar mais tênis. No começo deste ano, a loja online L.L. Bean enfrentou um boicote depois que um de seus proprietários, Linda Bean, ajudou pessoalmente a campanha presidencial com uma doação de US$ 60.000.

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Não há certo ou errado em demonstrar suas posições políticas, mas CEOs e fundadores de grandes marcas devem se lembrar que há uma probabilidade de essas novas políticas serem anunciadas apenas para criar ruído. Se for este o caso, muitas marcas podem acabar ajudando Trump a disseminar sua mensagem.

Se envolver em políticas voláteis é um jogo perigoso, especialmente para as empresas norte-americanas. Muitas marcas optam por uma posição mais neutra para evitar um confronto político que possa ser prejudicial posteriormente. Mas o ambiente globalizado está mais complicado, e as grandes companhias, com ideais claros, raramente ficam de fora das discussões.