Boleira transforma trabalho informal em rede de docerias

28 de agosto de 2017

Cleusa Maria , dona da Sodiê Doces, começou a preparar bolos há 20 anos para sustentar o filho após o divórcio (Reprodução)

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Cleusa Maria , dona da Sodiê Doces, começou a preparar bolos há 20 anos para sustentar o filho após o divórcio (Reprodução)

A rede de franquias Sodiê tem se destacado no mercado mesmo com a atual crise econômica: são 286 lojas em 13 estados brasileiros. Mas nem sempre foi assim. “Eu não tinha muitos clientes, mas tinha fé e perseverança de vencer na vida”, conta Cleusa Maria ao relembrar a trajetória da empresa, que começou há 20 anos em Salto, no interior paulista, como forma de complementar a renda para a criação do filho após o divórcio.

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Cleusa tinha a opção de voltar a trabalhar no campo como boia-fria – como já tinha acontecido com sua mãe -, mas desejava um futuro diferente para o filho. Decidiu, então, continuar a trabalhar na empresa onde estava na época e aceitou o convite de uma gerente para ajudá-la na preparação de um bolo de aniversário. “Era logo um bolo de 35 quilos”, lembra ela, dizendo que o resultado final foi muito elogiado no evento. “Resisti um pouco, mas minha chefe insistiu para que eu entrasse no ramo. Até que ela me deu uma batedeira de presente.”

"Eu preparava os bolos, assava, vendia, não tinha funcionários. No final do mês, não sobrava dinheiro, eu conseguia apenas sobreviver. Foi um tempo de muita dificuldade, mas nunca pensei em desistir", conta

Depois de passar um tempo conciliando o trabalho na fábrica durante o dia e a confecção de bolos a noite, com a ajuda do filho, Cleusa abriu uma pequena loja em Salto, onde ficou por cinco anos, mas com pouca clientela e, portanto, pouco dinheiro. “Eu preparava os bolos, assava, vendia, não tinha funcionários. No final do mês, não sobrava dinheiro, eu conseguia apenas sobreviver. Foi um tempo de muita dificuldade, mas nunca pensei em desistir”, conta.

No fim destes cinco anos, Cleusa pode, finalmente, abrir uma loja no centro de Salto, onde havia mais fluxo de gente e de potenciais clientes. “Aí tudo começou a melhorar”, afirma. Na sequência, vieram mais três lojas em cidades próximas, todas do interior de São Paulo: Itu, Indaiatuba e Sorocaba. Até que um cliente insistiu que ela abrisse uma unidade na capital. “Peguei um ônibus e fui à ABF (Associação Brasileira de Franchising) para saber o que era franquia”, conta. Assim surgiu a primeira unidade franqueada da Sodiê, localizada na Vila Guilherme, bairro da zona norte paulistana.

Em 2016, a empresa faturou R$ 230 milhões, e acaba de investir R$ 4 milhões em uma fábrica de salgados, o novo produto da rede. Inaugurado há um mês em Boituva, também no interior de São Paulo, o novo espaço vai produzir salgados congelados para serem vendidos, inicialmente, nas lojas de doces da Sodiê. Em seguida, o plano é criar uma franquia somente para o novo produto: a Sodiê Salgados.

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Com o novo investimento, o plano de internacionalização foi adiado. “Já era para ter sido implementada a franquia no exterior, tem estudos prontos, mas vamos com uma loja própria inicialmente”, afirma Cleusa, sobre a intenção de abrir uma unidade provavelmente no estado da Flórida, nos Estados Unidos.

Ao relembrar sua trajetória, a empresária recomenda, aos empreendedores que iniciaram seus negócios por necessidade, como ela própria, foco e perseverança. “Chegar a um resultado satisfatório não é fácil, tem que batalhar mesmo”, diz, afirmando que o sucesso não vem da noite para o dia. “É preciso, às vezes, décadas de trabalho para alcançar o que deseja, como aconteceu comigo. Mas as dificuldades são momentâneas e não duram para sempre.”