Como a Dra. Johnson ajuda na inclusão de mulheres

5 de março de 2018

A Dra. Johnson se juntou à NASA no verão de 1985 (Reprodução/FORBES)

“Existem tantas mulheres que são capazes, inteligentes, perspicazes e boas naquilo que fazem… O que falta a elas são oportunidades de sentar à mesa com outras mentes que estão criando soluções inovadoras”, diz a Dra. Christyl Johnson, diretora da NASA para Investimentos em Tecnologia e Pesquisa.

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A Dra. Johnson se juntou à NASA no verão de 1985 e, ao longo dos anos, tem dedicado seus esforços para apoiar mulheres nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (da sigla em inglês STEM).

Descrita como uma “figura moderna”, ela é, regularmente, ligada às personagens do filme “Estrelas Além do Tempo”. A obra retrata a experiência de Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson, três talentosas mulheres afro-americanas que trabalharam no Langley Research Center da NASA em 1961.

O filme aborda problemas importantes, como racismo e sexismo. A Dra. Johnson diz que ele destaca a relevância da diversidade na inovação. “Se qualquer pessoa quer avançar na sua organização, é primordial que ela traga diferentes perspectivas para a empresa”, diz.

Em entrevista à FORBES, a Dra. Johnson compartilha as lições que aprendeu ao longo da carreira na NASA e como cada um de nós pode apoiar o avanço das mulheres nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática

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FORBES: Você se identifica no filme “Estrelas Além do Tempo”?

Dra. Johnson: Apesar das coisas terem melhorado significativamente na NASA desde os tempos abordados em “Estrelas Além do Tempo”,também vivenciei desafios semelhantes envolvendo racismo e sexismo. Eu me identifico com as mulheres do filme, porque vejo profissionais afro-americanas que estavam determinadas a conquistar o sucesso independentemente das circunstâncias. Essa determinação é o que me levou ao lugar onde estou hoje. A NASA me reconheceu como uma “figura moderna”, então espero que eu e outras figuras assim continuem a inspirar jovens mulheres a se ver naquele filme e em carreiras STEM.

FORBES: Quais são alguns dos desafios que você enfrentou na sua carreira como mulher nesse campo profissional?

Dra. Johnson: Um dos maiores desafios que tive como mulher nessas áreas foi entrar em uma “rede masculina”. Por muitos anos, a NASA e outras organizações científicas foram formadas majoritariamente por homens brancos. E, mesmo quando as mulheres trazem soluções únicas para a discussão, elas têm um trabalho dobrado para ganhar o respeito dos homens. Eu lembro de estar em reuniões e perguntar algo só para que um homem respondesse olhando para os outros homens.

Eu tenho sorte porque a NASA tem estado na vanguarda no apoio às mulheres em campos técnicos, como mostrado no filme. Com isso dito, ainda temos que avançar mais um pouco para que elas cheguem à igualdade. Não só as políticas organizacionais têm que ser apropriadas, mas um comportamento respeitoso deve ser norma – começando com as lideranças no topo.

FORBES: Como podemos garantir que as mulheres tenham igualdade nas empresas?

Dra. Johnson: Temos que nos certificar de que as mulheres tenham tarefas de alta visibilidade. Muitas vezes eu escuto pessoas dizerem que “não têm boas candidatas”. Mesmo se tivéssemos comitês de seleção diversa para garantir a justiça no processo, você não pode contratar mulheres que não tiveram as atribuições necessárias para comprovar sua capacidade de liderança.

Quando os homens dão a oportunidade de os seus amigos se desenvolverem, eles os colocam na fila para futuras promoções, então precisamos nos certificar de que as mulheres também tenham essas chances. Garantir que nossas mulheres tenham a forma certa de exposição, tarefas, experiência e treinamento para essas posições é um fator crítico.

FORBES: Por que a NASA sente que é importante atrair mais mulheres engenheiras e cientistas?

Dra. Johnson: Quando você tem uma meta impossível e objetivos que são muito difíceis de realizar, você tem que procurar por inovação em qualquer lugar onde ela possa ser encontrada. Nós compreendemos tudo muito bem e trabalhamos duro para uniformizar o pensamento coletivo. Se você tem um grupo composto por pessoas de origens, experiências de vida e treinamento similares, você tende a ter soluções parecidas para os desafios.

Somente quando você estimula pensamentos “fora da caixa”, novas experiências e abordagens frescas para a discussão, você é capaz de promover mudanças revolucionárias ou cria soluções inovadoras. A NASA entende que a melhor forma de inovar é contando com as mentes mais diversas.

FORBES: Que conselho você daria a si mesma quando era mais jovem e estava apenas começando sua carreira em STEM?

Dra. Johnson: Uma das coisas mais importantes que você pode fazer é não viver isoladamente. Não sofra em silêncio se você está tendo experiências que não são certas no ambiente de trabalho ou não está recebendo o apoio que precisa.

O networking é uma das melhores coisas a serem feitas. Trocar ideias com outras pessoas que tenham um histórico de apoio às mulheres é muito importante. Elas podem ajudá-lo a andar entre os caminhos minados que existirão e abrirão portas que você nunca conseguiria abrir sozinha. Você vai muito mais longe, mais rapidamente, se você não tentar fazer tudo sozinha.

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