Toshiba vende sua unidade de chips por US$ 18 bi

17 de maio de 2018

Aprovação do acordo acontece em momento de tensão entre China e EUA

A Toshiba Corp disse hoje (17) que os reguladores da China aprovaram a venda de sua unidade de chips por US$ 18 bilhões a um consórcio liderado pela empresa norte-americana de private equity Bain Capital, marcando o fim de uma saga que durou um ano em torno de seu ativo mais valioso.

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A análise antimonopólio era o maior e último obstáculo para a venda bem-sucedida da Toshiba Memory, a segunda maior produtora mundial de chips NAND.

O consórcio Bain venceu, no ano passado, uma longa e altamente controversa batalha pelo negócio, que a Toshiba colocou à venda após bilhões de dólares em custos extras com a sua unidade nuclear Westinghouse, que mergulhou em uma crise.

A aprovação do acordo veio em um momento de tensão comercial entre a China e os Estados Unidos, que tem alimentado temores de que Pequim adiaria as revisões dos principais acordos globais de chips. Liu He, confidente de Xi Jinping, está atualmente em Washington para discutir a disputa comercial.

A Toshiba informou em um breve comunicado que espera que o acordo seja concluído em 1º de junho.

Um representante da Administração Estatal da China para a Regulamentação do Mercado disse, no início do dia que, não estava ciente da situação e não fez mais comentários. Um representante da Bain não estava disponível para comentar.

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A revisão prolongada alimentou especulações de que a Toshiba poderia abandonar o negócio e buscar planos alternativos, como uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da unidade.

A aprovação do consórcio Bain pode aumentar as esperanças de que Pequim também dê luz verde para a proposta da Qualcomm de US$ 44 bilhões pela rival NXP Semiconductors. Fontes com conhecimento do assunto disseram à Reuters na terça-feira (15) que ainda não houve nenhum avanço concreto na China.

O consórcio da Bain inclui a fabricante de chips sul-coreana SK Hynix, Apple Inc., Dell Technologies, Seagate Technology e Kingston Technology.

O acordo vai levar a Toshiba a reinvestir na unidade e, junto com Hoya Corp, fabricante de peças para dispositivos de chips, as empresas vão deter mais de 50% do negócio – um desejo profundo do governo japonês.

Se a aprovação não tivesse sido concedida, a Toshiba teria a opção de desistir. A empresa não está mais desesperada por dinheiro, depois de uma nova emissão de US$ 5,4 bilhões para investidores estrangeiros no final do ano passado, enquanto alguns acionistas ativistas se opõem à venda, argumentando que ela subestima o valor da unidade significativamente.

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Mas os credores da Toshiba, incluindo os principais bancos, estão ansiosos para que o acordo prossiga, dizendo que a empresa por si só não é capaz de arcar com o enorme investimento de capital necessário para acompanhar rivais como a Samsung Electronics .