LEIA MAIS: Britney Spears torna-se a residente mais bem paga de Las Vegas
Em primeiro lugar, é preciso analisar o contexto. Houve outros anos marcantes para Las Vegas, definidos pela construção de resorts. Em 1941, o empreendedor Thomas Hull abriu o El Rancho Vegas, primeiro resort-cassino localizado no que, posteriormente, se tornaria a Las Vegas Strip, a principal avenida do município hoje. O modesto motel-cassino de Hull tornou-se modelo para a primeira geração de resorts na Strip. Em 1969, o empresário Kirk Kerkorian inaugurou o primeiro resort com mais de mil quartos, o International, cujo design integrado, com um prédio de três torres, tornou-se uma tendência na arquitetura desse tipo de hotel.
Por outro lado, há anos que são conhecidos pelo valor simbólico que têm, mais do que pelos vultosos investimentos financeiros. Nada de novo foi aberto na Strip em 1985, por exemplo, mas pode-se dizer que a compra do hotel Stardust pelo Boyd Group marca o fim da influência direta do crime organizado nos cassinos de Vegas — um marco importante, com certeza. O ano de 2001 pode ser analisado como o ano em que o boom dos anos 1990 chegaram ao fim, e 2008, como o da recessão que trouxe novo abalo para o local.
Já 2005 pode ter sido um ano significativo pela abertura do hotel Wynn Las Vegas, mas o verdadeiro marco daquele ano foi a aquisição do Mandalay Resort Group pela MGM Mirage (agora MGM Resorts International) e a compra da Caesars Entertainment pela Harrah’s Entertainment. Essas duas fusões marcaram o ápice da consolidação da economia pré-recessão.
Em 1990, 10 empresas de capital aberto detinham cassinos na avenida Las Vegas Strip. Bally possuía um resort de mesmo nome. Aztar era proprietário do Tropicana. Boyd Gaming, do Stardust. O Caesars World tocava o Palácio, o Circus Circus Enterprises tinha uma propriedade de nome idêntico e o hotel Excalibur, Golden Mirrored possuía os hotéis Las Vegas Hilton. O Flamingo Hilton, MarCor Resorts era dono do hotel Rio, o MGM Grand era proprietário dos hotéis Desert Inn e Marina. O Sahara Resorts era dono do Hacienda e do Sahara. Havia ainda vários outros resorts, do Riviera até o Frontier to the Dunes.
Após uma série de fusões entre empresas em 2005, a lista relativamente grande de proprietários de 1990 caiu de dez para cinco: Penn National (Tropicana), Las Vegas Sands (veneziano), Wynn Resorts (Wynn), MGM Mirage (Baía de Mandalay, Luxor, Excalibur, MGM Grand, Nova York-Nova York, Monte Carlo, Bellagio, Miragem, Ilha do Tesouro, Circo Circo), Harrah’s Entertainment (Bally, Paris, Caesars Palace, Rio, Palácio Imperial, Flamingo, Harrah’s). O Harrah’s continuaria a crescer, engolindo o hotel Barbary Coast (hoje chamado Cromwell) em 2006 e o Planet Hollywood, em 2010. Nesse mesmo ano, o Harrah’s mudou de nome para Caesars Entertainment.
O que esses anos marcantes têm em comum são as implicações que trouxeram para os anos que se seguiram a eles. O fim do crime organizado, em 1985, colaborou para integrar a administração dos cassinos e contribuiu para a rápida proliferação de jogos pelos EUA, nos anos 90. O nascimento da era do mega-resort, em 1989, levou a um aumento do interesse da bolsa de Wall Street por esse tipo de negócio e facilitou tanto a construção de unidades gigantescas quanto a consolidação da posse de cassinos.
A vez de 2018
Mais: uma notícia recente notou que Wynn “economizou” US$ 900 milhões (R$ 3,42 bilhões) com a venda de suas ações em março. O que significa, para o bem ou para o mal, que o Wynn Resorts não é mais uma empresa de Steve Wynn. Depois de moldar seu negócio para ser líder de mercado, Wynn não está mais no comando. É o desfecho de uma era de crescimento explosivo em Las Vegas.
O segundo marco de 2018 pode ser lembrado pela possível dissolução, absorção ou reorientação do Caesars Entertainment. Mesmo antes da saída do presidente Mark Frissora, havia uma especulação desenfreada sobre o futuro da empresa, já que o empresário Tilman Fertitta fez uma grande jogada por meio de uma aquisição reversa que o deixaria no comando da situação. Mais recentemente, a MGM Resorts anunciou que estava explorando uma potencial aquisição do Caesars — o que tornaria a empresa ainda mais influente e dominante em Las Vegas, controlando 19 dos principais resorts de cassino da Strip. Embora a aquisição possa enfrentar obstáculos regulatórios pela frente, o fato de estar sendo seriamente discutida indica que pode se tornar realidade.
E MAIS: Conheça a história do imponente Caesars Palace de Las Vegas
Embora seja difícil dizer exatamente qual será o veredicto da história, é fácil apostar que 2018 será um ano que moldará o futuro.