Defesa de Carlos Ghosn pede liberdade sob fiança

11 de janeiro de 2019
Regis Duvignau/Reuters

Executivo, respeitado por salvar a Nissan da falência, é acusado de fraude

Advogados de defesa do ex-presidente do conselho de administração da Nissan Carlos Ghosn pediram hoje (11) que o executivo seja solto mediante pagamento de fiança, depois que procuradores de Tóquio o indiciaram por mais duas acusações de fraude financeira. Ghosn, que era altamente respeitado por tirar a Nissan da beira da falência, foi acusado de violação de confiança agravada por transferir temporariamente perdas pessoais com investimentos a montadora em 2008 e por ocultar parte de sua renda por três anos até março de 2018, segundo os procuradores.

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Os indiciamentos eram amplamente esperadas depois que Ghosn foi preso no mês passado pelas mesmas alegações. De acordo com a lei japonesa, suspeitos podem ser detidos por 23 dias antes de serem acusados formalmente. Hoje, procuradores também indiciaram a Nissan Motor e o ex diretor-representante Greg Kelly por ocular parte da renda de Ghosn durante esses três anos. Kelly foi preso em novembro e libertado com o pagamento de fiança no dia de Natal.

Ghosn, Kelly e a Nissan já haviam sido indiciados por subdeclarar a renda do ex-presidente do conselho de administração por cinco anos até 2015.

“Esse segundo indiciamento de Kelly não é nenhuma surpresa, à medida que apenas torna o que era um período de cinco anos em um de oito anos”, disse o advogado de Kelly, Yoichi Kitamura.

Kelly, que foi hospitalizado devido um problema no pescoço imediatamente após deixar a prisão, não pode sair do país sem uma autorização especial. Ele tem negado todas as acusações. Kitamura disse acreditar que Ghosn e Kelly serão julgados juntos nas duas acusações e que trabalhará de perto com a equipe legal de Ghosn para se preparar para o julgamento.

Durante audiência na terça-feira, Ghosn negou as alegações, que chamou de “sem mérito” e “infundadas”.

No tribunal, Ghosn disse ter pedido que a Nissan assumisse temporariamente seus contratos de câmbio depois que a crise de 2008-2009 fez com que seu banco pedisse maiores garantias. Ele disse ter tomado essa decisão para não precisar renunciar e usar sua aposentadoria como garantia.

Motonari Otsuru, chefe da equipe legal de Ghosn, disse na terça-feira que a Nissan concordou com o acordo, com a condição de que qualquer perda ou ganho fosse de Ghosn. O executivo disse que os contratos foram transferidos de volta para ele e que a montadora não sofreu nenhuma perda.

Em resposta às acusações, a Nissan disse em comunicado que “leva essa situação extremamente a sério e expressa seu mais profundo arrependimento a qualquer preocupação causada a seus acionistas”.

Sobre a suposta transferência de perdas de Ghosn à Nissan, a companhia disse que “não tolera de maneira nenhuma tal má conduta e pede penas rigorosas”.

Na quinta-feira, a mulher de Ghosn, Carole, emitiu um comunicado sobre a prolongada prisão do executivo, pedindo que autoridades japonesas forneçam maiores informações sobre a saúde de seu marido depois que ele teve uma febre, dizendo estar preocupada com sua recuperação.