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Na mais recente reviravolta na saga do declínio do antes respeitado executivo, as montadoras descobriram que Ghosn foi pago pela joint venture sem o conhecimento dos dois outros diretores da unidade – Hiroto Saikawa, presidente executivo da Nissan Motor, e Osamu Masuko, presidente executivo da Mitsubishi Motor.
“Que tal irregularidade também tenha ocorrido em nossa afiliada é mais do que chocante, é triste”, disse Masuko a repórteres, em referência aos pagamentos feitos a Ghosn pela Nissan-Mitsubishi B.V., registrada na Holanda em 2017.
Tanto a Mitsubishi quanto a Nissan disseram que irão considerar maneiras de recuperar o dinheiro de Ghosn, enquanto o advogado da Mitsubishi, Kei Umebayashi, disse que acusações penais são uma possibilidade. “A acusação mais provável para isso seria de fraude”, disse o advogado a repórteres durante coletiva de imprensa.
De acordo com a equipe jurídica da Mitsubishi, de abril a novembro de 2018 Ghosn recebeu cerca de € 5,8 milhões (US$ 6,61 milhões) em pagamento anual por seu papel como diretor-executivo da companhia, uma taxa contratual de € 1,4 milhão e um incentivo não divulgado da joint venture.
No início desta semana, a Reuters reportou o suposto pagamento indevido feito a Ghosn pela joint venture e que a Nissan estava considerando abrir um processo legal, citando fonte.
A joint venture tinha como objetivo financiar gastos da parceria incluindo taxas de consultoria, atividades promocionais conjuntas, uso de áreas de trabalho e jatos corporativos, disse Masuko.
“Do momento em que a unidade foi estabelecida até quando eu fui informado sobre os pagamentos, eu não tinha absolutamente nenhuma ideia de que a unidade estava sendo usada para pagamentos do tipo”, acrescentou.
A prisão do executivo que liderou a recuperação da Nissan duas décadas atrás – e a lista de acusações contra ele – têm chocado a indústria automotiva, ao mesmo tempo em que abala as perspectivas para a aliança tríplice da Nissan com a Mitsubishi e a francesa Renault.
Nos últimos dias, a Renault tem sofrido grande pressão de seu maior acionista, o governo francês, para substituir Ghosn como presidente-executivo e de seu conselho de administração. A montadora tem mantido o executivo no comando, mesmo quando a Nissan e a Mitsubishi agiram rapidamente para removê-lo como presidente do conselho após a prisão.