Metais básicos: Anglo American aposta na América do Sul

10 de janeiro de 2019
Siphiwe Sibeko/Reuters

Brasil figura ‘no futuro’ nos planos da mineradora; Chile e Peru vêm antes

A Anglo American aposta na América do Sul para diversificar geograficamente seus negócios, com importantes ativos de cobre no Chile e Peru, além de boas perspectivas no Brasil. Ruben Fernandes, que atualmente é presidente da Anglo no Brasil, assumirá a promissora divisão de metais básicos a partir de março, onde planeja continuar uma jornada por eficiência operacional e guiar a empresa para a tão esperada revolução dos carros elétricos. “O grande foco é América do Sul, não tenha dúvida, inclusive o Brasil no futuro”, diz o futuro diretor global da mineradora para metais básicos.

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O executivo destacou que se espera um crescimento da demanda por cobre, importante metal para a estrutura dos carros elétricos, que deverão cada vez mais substituir veículos movidos a combustíveis fósseis, segundo apostas do mercado. A empresa, que já tem ativos importantes de cobre no Chile, se prepara para iniciar a produção da commodity em sua mina Quellaveco no Peru em 2022, com produção prevista de 300 mil toneladas equivalentes por ano. Com vida útil esperada de 30 anos, a Quellaveco oferece potencial de expansão que, em combinação com outras oportunidades de crescimento orgânico, coloca a Anglo American no caminho de produzir mais de 1 milhão de toneladas de cobre por ano no médio prazo, segundo a empresa.

“A Anglo já é muito forte na África do Sul, na Austrália (com outros minerais), então a América do Sul é uma diversificação geográfica importante. No Chile já somos muito fortes em cobre, no Peru com esse novo projeto vamos ser, quem sabe no Brasil no futuro vamos ser também”, diz Fernandes.

No Brasil, a empresa obteve centenas de autorizações para prospecção de cobre em uma região remota ao norte do Brasil, nos Estados de Mato Grosso e Pará. “(O cobre no Brasil) é promissor, mas a gente precisa avançar ao longo de 2019 com bastantes programas de sondagem para poder ter certeza de que a gente tem um grande depósito nas mãos”, pondera Fernandes, explicando que durante este ano a empresa vai realizar perfurações para comprovar viabilidade técnica e comercial.

Fernandes destaca que um projeto de mineração demora anos até que entre em operação, considerando tempo de exploração, engenharia, análise ambiental, dentre outras etapas.

Fernandes deixa o Brasil após solucionar uma importante crise com a paralisação de meses do mineroduto do sistema Minas-Rio, que transporta seu minério de ferro por mais de 500 quilômetros de Minas Gerais até um porto no Rio de Janeiro, após vazamentos. As operações foram retomadas em dezembro, e a empresa também obteve licença para expandir o Minas-Rio para a capacidade nominal de 26,5 milhões de toneladas, o que deve acontecer até o fim de 2020. “O grande objetivo era deixar o Minas-Rio pronto para chegar na capacidade nominal de 26,5 milhões de toneladas. Resolver o problema do mineroduto, que foi uma coisa que a gente não esperava que acontecesse, mas aconteceu, para deixar toda a empresa, todo o negócio bem estruturado, bem robusto”, afirma.

O executivo ressalta que o sistema Minas-Rio tem um minério de boa qualidade, em um momento em que a China tem pago prêmios pela commodity com menos contaminantes, enquanto busca reduzir a poluição atmosférica do país. Para este ano, a expectativa é que o Minas-Rio produza entre 18 milhões e 20 milhões de toneladas. Com a saída de Fernandes, Wilfred Bruijn será novo presidente no Brasil.